Os dois acidentes gravíssimos com múltiplas vítimas registrados nesta semana na PR-444, em Arapongas, acenderam um alerta sobre a violência no trânsito na rodovia. No intervalo de três dias foram duas colisões traseiras envolvendo ônibus da Viação Garcia e caminhões que deixaram, ao todo, 27 pessoas feridas e causaram a morte de um motorista.
Na opinião de usuários da via e de autoridades, as características do trecho, somadas à alta velocidade dos veículos, são os principais motivos dos acidentes.
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Caminhoneiro há mais de 20 anos, José Jacinto Pires, 59 anos, afirma que o trecho tem asfalto em excelentes condições de trafegabilidade e que muitos motoristas se aproveitam dessa característica para abusar da velocidade.
“Não tem buracos e é uma pista livre. São apenas três radares, sendo dois deles em Mandaguari. Por isso o povo abusa demais. E é uma pista que tem curvas, o que aumenta o perigo para quem anda em alta velocidade”, opina.
O filho dele, Henrique Vinicius Pires, 33 anos, morador de Arapongas, também é caminhoneiro e compartilha da mesma impressão. “A PR-444 tem uma excelente pista e o problema é que os motoristas correm demais, principalmente em dias de chuva. E lá acima de 80 quilômetros já pode acontecer um acidente, pega uma aquaplanagem e já não consegue controlar mais. Se os motoristas respeitassem os limites de velocidade, muitos acidentes poderiam ser evitados, até a gravidade deles”, afirma.
De acordo com ele, existem alguns trechos que apresentam assimetria e ondulações que favorecem capotamentos. “Se o motorista não estiver atento é bem perigoso, principalmente caminhoneiros com veículo carregado”, alerta.
O comandante do Corpo de Bombeiros de Arapongas, capitão Olesh Kindra, classifica os acidentes registrados como uma triste coincidência. Embora as duas situações envolvam colisões traseiras, ocorreram em circunstâncias distintas, afirma o capitão.
O acidente de quinta-feira, por exemplo, ocorreu no quilômetro 10, mas trecho de curva. Segundo Kindra, o caminhoneiro relatou que houve problema mecânico em seu veículo que parou no meio da pista. Antes mesmo que ele pudesse sinalizar a via, houve a colisão com o ônibus. “Esse acidente foi uma fatalidade que aconteceu naquele local pelo fato de o caminhão apresentar problema mecânico. Não tem relação com a rodovia ou com imprudência dos motoristas”, assinala.
Segundo a PRE, o ônibus possuía 29 passageiros. Desses, 12 ficaram feridos e 17 saíram ilesos. Três passageiros do ônibus também estavam no outro acidente registrado na segunda-feira. Essa colisão também aconteceu no quilômetro 10, mas em trecho de reta. O ônibus e o caminhão que transportava madeiras seguiam para o mesmo sentido quanto o ônibus bateu na traseira do caminhão. “Possivelmente tem alguma questão envolvendo o condutor do ônibus porque ele simplesmente bateu”, disse.
O ônibus saiu de Foz do Iguaçu, no oeste do estado, com destino a Campinas (SP). Dos 26 passageiros estavam no veículo, 15 ficaram feridos. O motorista José Roberto Rosa, de 45 anos, morreu na manhã de sexta-feira (15) no Hospital Norte do Paraná (Honpar), onde estava internado.
ANÁLISE DA PRE
O capitão Glauco Andrade de Oliveira, comandante da 2ª Companhia do Batalhão de Polícia Rodoviária, também atribui os acidentes à imprudência dos motoristas. “A rodovia é muito boa, o problema, muitas vezes, é falha humana”, afirma.
Ele afirma que a PR-444 não pode ser considerada uma rodovia violenta em razão do alto fluxo de veículos que trafegam diariamente por sua extensão entre Arapongas e Mandaguari.
"Oque ocorre é que, justamente pela sua boa sinalização e faixas duplas de rodagem em ambos os sentidos, alguns motoristas abusam e cometem excessos de velocidade, além de outras infrações de trânsito. O BPRv realiza fiscalizações de radar em pontos estratégicos da rodovia, chegando a realizar mais de 200 imagens de excesso de velocidade por dia em fiscalizações rotineiras", diz.
Segundo ele, a rodovia é bem sinalizada, com ampla visibilidade e com facilidade de ultrapassagens pelas duas faixas existentes em ambos os sentidos da via. Glauco afirma que a maioria dos acidentes ocorre por falha humana, principalmente imprudência ao volante.
"A PRE reforça a necessidade de os motoristas respeitarem os limites de velocidade da via, manter a distância de segurança dos veículos à frente, realizar o uso de cinto de segurança, não falar ou manusear o celular dirigindo, realizar ultrapassagens com segurança mesmo com boa visibilidade; em hipótese alguma realizar o consumo de bebida alcoólica ao dirigir e não dirigir com sono ou sinais de fadiga (reflexos diminuídos). Os cuidados devem ser redobrados em tempo chuvoso e à noite. Por isso é importante que o veículo esteja revisado (pneus, limpadores de párabrisa, sistema de iluminação do veículo, freios, etc)", diz o comandante.
Caso haja alguma pane, segundo ele, o veículo deve ser estacionado fora da pista de rolamento, devendo ser sinalizado no acostamento da rodovia. "Em locais em que o acostamento esteja prejudicado, o condutor deverá estacionar o máximo que puder o veículo à direita da pista de rolamento e sinalizar a quebra do veículo com uma maior distância possível através do triângulo de sinalização e pisca alerta do veículo acionado de forma intermitente".
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