A situação difícil da economia brasileira tem afetado diretamente o setor industrial. Na região, as principais classes industriais não passam por um bom momento. As empresas de móveis de Arapongas, que enfrentam queda de vendas há algum tempo, estão adotando uma série de medidas para contornar a crise. Além da redução de turnos e a concessão de férias coletivas maiores, o setor agora está enxugando vagas e uma das maiores empresas do setor já chegou a solicitar recuperação judicial.
A recuperação judicial é uma medida para evitar a falência de uma empresa. É pedida quando a empresa perde a capacidade de pagar suas dívidas, sendo assim um meio para que ela reorganize seus negócios, redesenhe o passivo e se recupere de uma momentânea dificuldade financeira. A Tribuna teve acesso a informações, através de uma fonte que prefere não se identificar, de que uma empresa araponguense solicitou essa medida à Justiça. O pedido foi motivado por um débito milionário nas contas da empresa. Outras indústrias, que já estão esgotando o recurso de férias coletivas, já eliminaram os turnos noturnos e as horas-extras. Além da estagnação de vendas, o aumento de custos, principalmente da energia elétrica, está fazendo o setor pisar no freio.
ADAPTAÇÃO
O presidente do Sindicato das Indústrias de Móveis de Arapongas (Sima), Nelson Poliseli, admite a dificuldade atual, mas afirma que a maioria das empresas está se adaptando aos novos tempos. “O mercado não está bom e, com isso, a produção fica ociosa. Por isso, muitos estão dando férias aos funcionários que têm esse recurso, ou cortando turnos e horas-extra”, comenta.
Ele ressalta ainda que o panorama para os próximos anos é incerto. “A situação é preocupante. No momento as empresas fazem adequações, mas com a situação instável e previsão de aumento dos impostos, como a energia elétrica, fica impossível pensar no horizonte do setor a curto e médio prazos”, afirma. Os empresários evitam falar na crise - seis empresas procuradas pela reportagem não quiseram dar entrevista - , entretanto as dificuldades já se refletem no corte de funcionários.
Com sede em Arapongas, o Grupo Simbal, que tem aproximadamente 1,3 mil funcionários distribuídos em cinco unidades, demitiu anteontem 105 trabalhadores. A unidade de Rolândia foi a mais afetada, onde 85 pessoas foram dispensadas. O número representa mais de 40% dos cerca de 200 funcionários da unidade. Em Arapongas foram 30 demissões, segundo a assessoria de comunicação da empresa. A crise do setor e da indústria como um todo foi a justificativa dada pela Simbal para os cortes.
A Tribuna entrou em contato ontem com Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias e da Construção do Mobiliário de Arapongas (Sticma), mas o presidente da entidade não estava na cidade ontem
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