Após 9 anos de e espera, familiares de Marisol Lopes Machado, assassinada brutalmente aos 26 anos, podem finalmente ter uma resposta da Justiça. Nesta segunda-feira (22), às 9 horas, acontece no Tribunal do Júri, em Arapongas, o julgamento dos irmãos acusados de planejar e executar a jovem. Os réus, Fabiano Marchi Vieira de Gouvêa – marido da vítima na época - e seu irmão gêmeo, Fábio Marchi Vieira de Gouvêa devem se sentar pela primeira vez diante de um júri popular.
Marisol estava grávida de oito meses quando foi espancada e morta com uma facada no pescoço, em sua casa na noite de 03 de abril de 2004. Conforme a acusação da promotoria, o marido seria o mentor intelectual do crime, já o irmão, o executor. A denúncia alega que, com a morte da jovem, Fabiano seria beneficiário com três seguros de vida de aproximadamente R$ 700 mil.
Apesar da demora, a irmã da vítima Ana Paula Lopes Machado, acredita que tudo acontece na hora certa. “São quase dez anos. A espera foi angustiante, quase agonizante, porém não desistimos nenhum dia”, afirma. Ana foi quem encontrou a irmã morta. Na noite do crime, Fabiano entrou em contato e foi buscá-la em casa para que ela fosse dormir com a Marisol alegando que precisava viajar. Ao chegar ao local, Ana encontrou a irmã caída em meio a uma poça de sangue. “Achei que ela estava desmaiada e havia perdido o bebê. Pensei em tudo, menos que ela estava morta”, conta.
Após o crime, Ana Paula conta que a família buscou diversas explicações para não acreditar que o próprio marido havia planejado o crime. Contudo, fortes evidências surgiram no curso das investigações.
Os gêmeos não assumem a autoria do crime, alegando latrocínio, roubo seguido de morte. “Não me surpreende. O seguro de vida cobre apenas latrocínio”, informa Ana Paula. Ela não sabe se Fabiano chegou a receber alguma das apólices. “No Brasil temos certeza que não, agora já em Portugal eu não sei”, disse.
Além de conviver com a dor da perda e a morosidade no processo, a família de Marisol ainda cruzou diversas vezes com os acusados que atualmente moram no município. Em 2011, após protesto de familiares e amigos de Marisol, foi marcada a data do julgamento para abril do ano seguinte, contudo, a sessão foi adiada após pedido de desaforamento junto ao Tribunal de justiça (TJ).
Para a mãe da vítima, Lairce Lopes Machado, independente da decisão, a família já possui a maior condenação. “A saudade é muito viva e vai continuar para sempre. Eu perdi a minha filha”, disse a mãe segurando a única foto que possui da neta que nem chegou a nascer. “Quando ela chegou de Portugal, me entregou uma foto do exame de ultrassom da Lavínia. Mal sabia eu que seria a única”.
Os réus chegaram a ficar três anos presos, mas ganharam direito a responder o processo em liberdade condicional, porque o julgamento não havia sido marcado.
DEFESA
O advogado dos irmãos, João dos Santos Gomes Filho, questiona o processo de acusação e alega inocência dos réus. Segundo ele o inquérito não possui outra linha de investigação. “Existem elementos informativos permitindo que a investigação abrisse outras vertentes. Sempre se teve certeza que foram eles. Certeza que nunca foi materializada em provas”, disse.
O julgamento está previsto para começar às 9 horas. Na acusação estão os promotores Tiago Oliveira Gerardi, Fernando Augusto Sormani Barbugiani, e o advogado Rudi de Oliveira como auxiliar. A previsão é de que o julgamento ocorra até a madrugada de terça-feira. Ao todo, quatorze testemunhas serão ouvidas, dez de defesa e quatro na acusação.
Lairce e Ana Paula, mãe e irmã da vítima, mostram fotos de Marisol e ultrassom do bebê que não chegou a nascer
Escrito por Da Redação
Publicado em 22.04.2013, 08:57:00 Editado em 27.04.2020, 20:31:20
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