Após a morte da cantora Paulinha Abelha, a ingestão de chás e remédios para emagrecer veio à tona mais uma vez. O laudo médico da artista, que morreu no dia 23 de fevereiro aos 43 anos, aponta a possibilidade de que o excesso de medicamentos para controle de peso possa ter sido a causa do seu falecimento.
O documento foi divulgado no Domingo Espetacular, da Record TV. O atestado de óbito da cantora traz como causas da morte hipertensão craniana, insuficiência renal aguda, hepatite e meningoencefalite. A ingestão de chás e remédios tidos como milagrosos preocupam profissionais da área por diferentes motivos. A endocrinologista Beatriz Graciano Sant'Anna, de Apucarana, esclarece sobre o assunto.
"Isso vem acontecendo com muita frequência em meu consultório. Os chás e remédios tidos como milagrosos, não são regulamentados pela Anvisa e não passam pela Vigilância Sanitária. Ou seja, quem produz o 'medicamento' pode adicionar qualquer substância, pois ninguém vai fiscalizar. Muitas vezes são adicionadas substâncias perigosas e nocivas à saúde para trazer o emagrecimento rápido e que trazem também problemas para a saúde dos pacientes", explica.
De acordo com Beatriz, alguns medicamentos, inclusive os injetáveis, que não precisam de receita médica, são usados sem acompanhamento de um profissional qualificado. "É bem comum isso ocorrer aqui comigo em Apucarana. As pessoas chegam na clínica e falam que já estão tomando a medicação porque soube que a vizinha está obtendo resultados positivos. No entanto, é preciso uma avaliação, através de exames físicos e clínicos, para saber se o paciente está apto para usar esses remédios", complementa.
Para a endocrinologista, o uso inadequado de remédios emagrecedores é muito ruim tanto para os pacientes, quanto para os médicos. "No caso de um obeso, que realmente precisa do remédio regulamentado, é muito ruim, pois se as pessoas continuarem utilizando de forma errada a substância ela será retirada do mercado", afirma.
Um exemplo citado pela médica é a anfepramona. "O medicamento era indicado para pessoas com sobrepeso ou obesidade, mas foi usado indevidamente por pessoas que não precisavam perder muito peso. Desta forma, a automedicação acaba atrapalhando o tratamento de quem realmente precisa", continua.
Reeducação alimentar
As pessoas buscam resultados milagrosos e rápidos. No entanto, para obter um emagrecimento saudável, requer a mudança de hábitos. "Não basta tomar chá se ainda está comendo de forma errada, se ainda dorme pouco ou se ainda é sedentário", explica a nutricionista Natália Brandão, de Apucarana.
De acordo com Natália, essas fórmulas e esses chás podem causar um impacto negativo na saúde. "Eles podem ser hepatotóxicos e trazer danos para o fígado e para os rins. O mais indicado é buscar a mudança do estilo de vida. Um cardápio saudável não se corta alimentos como arroz, pão e feijão, como muitos querem fazer por acreditarem que estes alimentos são os vilões do emagrecimento", acrescenta.
Natália explica que a alimentação baseada em uma prática alimentar que garanta crescimento, desenvolvimento, manutenção e recuperação, é ideal para o organismo humano. "Ou seja, uma alimentação que contenha todos os grupos alimentares, porém, nas quantidades ideais para cada pessoa. Associado a isso, é importante que sejam consumidos mais alimentos in natura e menos alimentos industrializados. Aprender a comer leva tempo, mas é a forma mais saudável, segura e eficaz para emagrecer", complementa.
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