Seis dos oito réus julgados em um dos maiores júris da história de Apucarana foram condenados no início da madrugada desta quarta-feira (5). A sentença foi proferida pelo juiz Oswaldo Soares Neto pouco depois da meia-noite no Fórum Desembargador Clotário Portugal.
O grupo foi julgado pelo homicídio de João Sérgio de Lima, de 34 anos, ocorrido em 28 de janeiro de 2019 em Apucarana, e também por crimes de tráfico e associação ao tráfico. A vítima foi executada com vários tiros. A perícia, na época, informou que teriam sido localizados projéteis de calibres 380 e 9mm.
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Dos seis réus sentenciados, quatro foram condenados por envolvimento no homicídio. Wilson Thiago Ferreira Gomes, de 32 anos, conhecido como 'Dexter', recebeu a maior pena: 44 anos e 23 dias. Ele foi condenado por homicídio qualificado, tráfico, associação ao tráfico e por integrar organização criminosa.
Dexter foi apontado pela denúncia do Ministério Público (MP) como o mandante do assassinato, que teria sido decidido dentro da cadeia no chamado “Tribunal do Crime”, uma prática do PCC (Primeiro Comando da Capital) para julgar e decidir a morte ou não de alguma pessoa. A morte foi encomendada, segundo o MP, por conta de uma dívida envolvendo a venda de drogas e também por áudios com ameaças feitas pela vítima.
O réu está preso em Piraquara, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), por conta de um outro caso, envolvendo o assassinato de Luciano Aparecido de Pontes, de 29 anos, em abril de 2017. A morte também teria sido decidida no "tribunal do crime" por conta de uma suspeita de suposto abuso praticado pela vítima contra uma criança.
Já Elton Pereira, de 35 anos, o 'Terrível', foi condenado a 20 anos, 8 meses e 22 dias de prisão por homicídio qualificado e por integrar organização criminosa. Thiago dos Santos Roberto, de 23 anos, o 'Guimé', a 16 anos, 7 meses e 15 dias por por homicídio qualificado e por integrar organização criminosa. Veranice Anselmo, de 34 anos, a 'Branca', cumprirá 25 anos, 7 meses e 15 dias de prisão por homicídio, tráfico de drogas e associação ao tráfico - segundo a denúncia, ela apontou a localização da vítima.
As outras duas condenações não têm relação com o homicídio, mas foram incluídas no julgamento por envolver o mesmo grupo. Daiane Aparecida Miguel, de 28 anos, recebeu a pena de 9 anos e 3 meses, e Helen Cristina Moraes Gomes, de 34 anos, foi condenada a 13 anos e 3 meses de reclusão por tráfico de drogas e associação ao tráfico.
Já Rodrigo Anequini Klemp, de 39 anos, o 'Zico', e Claudio Sebastião, de 34 anos, o 'Tio', foram absolvidos das acusações. Eles eram apontados pela denúncia como autores do assassinato juntamente com os demais, mas a participação deles não foi comprovada.
O júri, que começou às 8 horas de terça-feira (4), durou quase 15 horas. Por conta do envolvimento dos réus com o PCC, um forte aparato de segurança foi montado no Fórum de Apucarana durante o julgamento.
Pelo menos 25 policiais militares – 15 do 10º Batalhão de Polícia Militar (BPM) e 10 de fora – trabalharam no esquema de proteção aos debates. As ruas no entorno do Fórum foram fechadas. Nove advogados atuam na defesa dos réus. Um deles estava preso em Piraquara e dois em Londrina, enquanto os outros estavam detidos no minipresídio. O julgamento é considerado um dos maiores da história de Apucarana.
O júri, conduzido pelo juiz Oswaldo Soares Neto, contou com o promotor de justiça Fabrício Drumond Monteiro. na representação do MP.
O CRIME
João Sérgio de Lima foi executado e arrastado para um matagal, nas margens da estrada Belvedere, na zona rural de Apucarana. A Polícia Militar foi acionada por um grupo de ciclistas que passou pelo local e viu as marcas de sangue na estrada.
Os réus que estão sendo julgados foram presos em julho de 2019, numa operação da Polícia Civil que contou com mais de 50 policiais da cidade e região, inclusive com apoio do Grupamento de Operações Aéreas (GOA). Na operação, foram presas 10 pessoas, sendo sete homens e três mulheres. O delegado chefe da 17ª Subdivisão Policial de Apucarana, naquela ocasião, Gustavo Dante, explicou que todos os presos teriam envolvimento com tráfico de drogas e com a morte de João Sérgio, ocorrida em janeiro daquele ano.
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