Professores de Apucarana que atuam na rede estadual de educação estão preocupados com o retorno às salas de aula em meio a pandemia do coronavírus. Os profissionais da categoria questionam se a retomada das atividades presenciais, anunciada na manhã desta terça-feira (04) pelo governador Ratinho Júnior, será feita de uma forma segura.
A pedagoga e professora de geografia Fabielle de Oliveira, de 35 anos, é contra a volta as aulas antes de toda a população ser vacinada. “A pandemia ainda está com números altos, não fomos vacinados e todos colégios possuem diversos funcionários do grupo de risco. A escola está fechada, mas não paramos de trabalhar em nenhum momento, os alunos não deixaram de ter aula em nenhum dia. A culpa desta Pandemia não é nossa, se houvesse ações mais contundentes dos governos federais/estaduais poderíamos estar retornando sim e com segurança para todos, mas não é esta a realidade deste país no momento. E além de tudo isso temos diversos colegas doentes e vários que faleceram por Covid. Estamos trabalhando neste momento em casa com nosso emocional totalmente abalado! Agora querem que além disso a gente retorne com medo também? ”, desabafa.
Ela se considera privilegiada por poder trabalhar de sua casa, no ensino remoto, mas afirma que os afazeres triplicaram no período. “Trabalhamos com alunos com condições financeiras diversas. Muitos só conseguem o acesso por atividades impressas, outros pelos aplicativos disponibilizados. Muitos alunos neste período estão precisando trabalhar em modelo informal para ajudar no sustento de suas casas e com isto o acesso destes alunos nas aulas tem problemas que vão além”, comenta.
Professora de português Wandreia de Oliveira Roça, 49 anos, tem medo de voltar a lecionar presencialmente antes de tomar as duas doses da vacina. “O início da vacinação da minha categoria me deixa um pouco aliviada, mas não é o ideal. Acho inviável receber a primeira dose e ir para a escola. E após receber a segunda dose precisa de tempo para vacina fazer efeito e voltar em um momento com grande contágio não é seguro. Além disso não será seguro para os alunos que não estão vacinados. Poderá ocorrer contágio entre eles”, analisa.
A professora acredita que neste momento o ensino remoto é a melhor saída para proteger os profissionais da educação e os estudantes. “Senti muita dificuldade no início, mas agora já me adaptei. É possível trabalhar online, claro que não é o ideal. É muito mais cansativo, temos muito mais trabalho do que em sala de aula e o contato com os alunos é essencial para aprendizagem deles. Porém, estamos em um momento complicado com contágio em nível elevado. Mesmo a minha escola sendo organizada com os protocolos, os alunos não conseguem respeitar. Sem vacinação para todos é muito arriscado”, conclui.
Conforme informado pelo Governo Estadual, O retorno às aulas presenciais na Rede Pública Estadual, a partir de 10 de maio, se dará inicialmente em cerca 200 escolas de diferentes regiões do Paraná.
O quantitativo corresponde a aproximadamente 10% das unidades pertencentes à Secretaria de Estado da Educação e do Esporte. Na região, apenas o município de Ivaiporã retomará as aulas presenciais.
O Núcleo Regional de Educação (NRE) de Apucarana informou que primeiro será necessário verificar cidades onde será possível retorno das redes municipais de ensino e do transporte escolar, identificar instituições com maior número de alunos em situação de vulnerabilidade e sem acesso a equipamentos digitais para realizar as atividades remotas e identificar escolas com maior número de professores fora do grupo de risco.
O NRE informou que está em contato com os diretores organizando o retorno.
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