Dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostram um aumento na procura por títulos eleitorais neste ano entre adolescentes de 16 e 17 anos em Apucarana, Arapongas e Ivaiporã, os três maiores colégios eleitorais da região. No entanto, o número de votantes nessa faixa etária em 2022 é o menor em dez anos nos três municípios.
Na comparação com janeiro, quando o TSE intensificou as campanhas de mobilização dos jovens no país, a quantidade de títulos eleitorais de adolescentes de 16 e 17 anos aumentou 78,1% em Apucarana. O município contava com 302 eleitores nessa faixa etária em janeiro e, em março, o número subiu para 538.
Por outro lado, o número de votantes de 16 e 17 anos caiu 46% em dez anos em Apucarana. Eram 996 em março de 2012 e são agora 538 em março de 2022.
O fenômeno se repete em Arapongas. O município somava em janeiro 225 eleitores adolescentes contra os atuais 395, um aumento de 75,5%. A queda da presença desse público em dez anos foi ainda maior, de 1.026 em março de 2012 para 395 em março deste ano, ou seja, uma redução de 61,5%.
A tendência é a mesma em Ivaiporã. O município tinha 94 votantes adolescentes em janeiro e agora tem 161 (alta de 71,2%). A queda em dez anos chega a 48,8%: 315 em março de 2012 contra 161 em março deste ano.
O TSE vem realizando inúmeras campanhas para atrair esse público mais jovem para as eleições de outubro. No final do mês passado, o tribunal realizou a Semana do Jovem Eleitor. A ação contou com um “tuitaço” com a hashtag #RolêDasEleições para dialogar com os adolescentes.
A chefe do Cartório Eleitoral de Apucarana, Andréa Silva Milanin, afirma que a procura aumentou, principalmente pela internet (70% dos atendimentos desse público são feitos pelos canais digitais da Justiça Eleitoral), mas a mobilização continua. O prazo para cadastramento segue até 4 de maio.
Na próxima terça-feira, a juíza eleitoral Márcia Pugliesi Yokomizo vai promover uma reunião com diretores de escolas, pedindo apoio para aumentar o número de jovens.
“Em todo o país houve uma queda muito grande de eleitores nessa faixa etária, o que motivou o TSE a realizar inúmeras campanhas”, assinala Andréa
Pandemia e desencanto
O professor Guilherme Bomba, doutorando em história, já conversou com estudantes dessa faixa etária sobre o assunto em sala de aula – ele atua no ensino médio em Apucarana. Segundo ele, três possibilidades podem ajudar a explicar esse fenômeno. “A primeira é o desencantamento com a política brasileira. Nós vemos nos últimos anos, principalmente desde 2010, que as discussões políticas e os casos de corrupção vêm desanimando as pessoas a participar do pleito; o segundo aspecto é que não discutimos política nos espaços necessários. Há uma certa censura nas escolas para se falar do tema, porque as pessoas ainda entendem que falar de ‘política’ é falar de ‘políticos’ e não do ato, e isso afasta as pessoas do processo democrático das eleições. Por fim, a pandemia teve uma forte influência nesse afastamento. Esses jovens de 16 e 17 anos não tiveram um período de amadurecimento na escola, convivendo com outros colegas, o que afeta o interesse, porque eles não se veem parte do processo eleitoral”, analisa Bomba.
Por, Fernando Klein
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