A beatificação de Isabel Cristina em Barbacena, Minas Gerais, contou com um toque especial de uma empresa de Apucarana, no norte do Paraná. Com experiência na indústria da confecção e religiosidade, a Via Ápia Paramentos Litúrgicos preparou todas as vestes utilizadas na celebração da beatificação da brasileira que foi brutalmente assassinada aos 20 anos em 1982, por um homem que montava um guarda-roupa na casa dela.
A empresa, localizada no Núcleo João Paulo, faz parte da Comunidade Mar a Dentro, e confeccionou 50 casulas, 250 estolas, 3 dalmáticas, além de alfaias utilizadas no altar. “Nós criamos algumas opções de projeto e eles escolheram o que mais se adequava para o que eles procuravam; em relação a cor nós utilizamos o vermelho que é próprio porque Isabel Cristina, foi Mártir então ela foi beatificada como mártir da castidade e a cor litúrgica própria para o martírio é o vermelho que relembra o derramamento de sangue, então ela foi testemunha da castidade no mundo dando sua vida para defender este valor por amor a Cristo então ela se tornou mártir, por isso todos os paramentos utilizados nesta celebração foram vermelho”, explica a empresária Juliana Passoni.
Todos os paramentos foram produzidos em um mês e mostraram a trajetória e a história da nova betada.
“Pensei, vai ser para a Isabel Cristina, então eu fui passando para eles a informações da vida dela, fomos trabalhando em algo que foi construtivo dentro da fábrica, eles se interessaram em saber da vida dela, como ela morreu, o que ela estava fazendo, o processo de tudo, então foi uma graça de Deus muito grande, a gente conseguir encaixar esse pedido grande dentro daquilo que a gente já trabalha. Foi muito bom, foi uma graça de Deus muito grande para nós. Foi uma missão e um chamado daquilo que eu já vivia como consagrada dentro de uma comunidade, então eu consegui passar para os colaboradores essa alegria de que a gente estava servindo o próprio Cristo vestindo o próprio Cristo, então foi um tempo de muita graça dentro da fábrica"
continua após publicidade- Rosimeire Passoni, empresária
Da Via Ápia, saem paramentos litúrgicos que são entregues em todo Brasil e também em outros países, como Estados Unidos, México, Roma e Suíça. Assista:
Quem foi Isabel Cristina?
Isabel Cristina Mrad Campos nasceu em 29 de julho de 1962,em Barbacena. Filha de José Mendes Campos e Helena Mrad Campos, ela se mudou para Juiz de Fora em 1982, para fazer um curso pré-vestibular para medicina.
No dia 1º de setembro do mesmo ano, um homem contratado para montar um guarda-roupa no apartamento onde ela morava com o irmão, tentou violentá-la. Isabel enfrentou à violência, mas foi golpeada por uma cadeira na cabeça, amarrada, amordaçada e teve as roupas rasgadas. Como resistiu ao estupro, ela foi morta com 15 facadas, aos 20 anos.
Conforme a Arquidiocese de Mariana, Isabel tinha uma vida normal, estudava, namorava e participava de festas, mas tinha uma vida de oração, era dedicada à Igreja Católica e sonhava em ser pediatra para ajudar crianças carentes.
A forma como foi morta, mas sobretudo como viveu, motivou um grupo de pessoas a entrar com o pedido do processo para a beatificação da mineira.
Como Isabel foi batizada e fez a Primeira Comunhão na Matriz da Piedade de Barbacena, pela ligação afetiva dos pais dela com a paróquia, foi decidido que os restos mortais ficariam no Santuário da Piedade.
A solicitação para a abertura do processo de beatificação foi aceita por Roma em 2001, quando foi estabelecido o procedimento na Arquidiocese de Mariana e Isabel Cristina recebeu o título de Serva de Deus.
O processo foi conduzido por um Tribunal Eclesiástico instituído por Dom Luciano, que colheu depoimentos de quase 60 pessoas, reunindo documentos e ouvindo testemunhos, para formalizar o procedimento.
Depois de oito anos de estudos e pesquisas, em 2009, os restos mortais de Isabel foram transferidos para o Santuário de Nossa Senhora da Piedade e, logo após, em 1º de setembro daquele ano, o arcebispo emérito de Mariana, Dom Geraldo Lyrio Rocha, encerrou o processo ao nível arquidiocesano.
Em outubro de 2020, o Papa Francisco reconheceu o martírio de Isabel Cristina. A morte violenta foi considerada pelos católicos como um martírio e os fiéis compararam a jovem à santa Maria Goretti, que também morreu lutando contra o agressor dela.
O túmulo dela fica no Santuário de Nossa Senhora da Piedade, em Barbacena, e recebe muitas visitas de fiéis, devotos da Serva de Deus, rezam para ela e pedem graças.
Entenda:
O que é casula?
A casula (do latim casulla, pequena casa), também chamada de planeta (derivação de paenula, manto de viagem romano) é uma veste da cor litúrgica do ofício celebrado, paramento próprio dos sacerdotes (presbíteros e bispos) para a Celebração Eucarística.
Estola?
A estola é um objeto de uso litúrgico, vinculado aos paramentos para a celebração da missa. O seu uso é reservado especialmente para aqueles que receberam o sacramento da ordem. No caso do sacerdócio, a estola confere múnus, que é o poder sacerdotal de Jesus que o ministro ordenado exerce em nome de Cristo na Igreja.
Dalmáticas?
Ela tem quase o mesmo significado da casula, mas ela é usada pelo diácono. Então, o padre usa a casula e o diácono usa a dalmática
Alfaias?
As Alfaias Litúrgicas são objetos separados para a celebração da Santa Missa. Eles estão a serviço do momento da Eucaristia e cada uma tem uma função específica e especial. Não existe uma Alfaia litúrgica mais importante que a outra.
Por, Lis Kato
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