O pai Ricardo Vinícius Bastos comemorou nesta quinta-feira (16), a autorização concedida à uma farmácia de Apucarana de importar e/ou adquirir cannabis sativa (CBD), chamada de ‘maconha medicinal’. O produto transformou a vida da filha Aurora, de apenas 3 anos, que tem paralisia cerebral e Síndrome de West, um tipo de epilepsia que deixa o corpo rígido durante as crises.
"Estou muito feliz com a notícia. Essa autorização irá facilitar o acesso a esse medicamento que mudou a vida da minha filha. Ela chegou a ter 12 horas de crises seguidas quando tinha alguns meses de vida. Por isso, eu e Lara, mãe da Aurora, decidimos por conta própria, utilizar a CBD. Ela chegava pelos Correios em minha casa. Importávamos de uma empresa que tem sede no Uruguai. Após o uso contínuo do medicamento, as crises sumiram", relata Ricardo, responsável pelo comercial de uma agência de publicidade.
O apucaranense ainda conta que a melhora no quadro da filha foi quase instantânea após o uso do medicamento. "Essa conquista é um grande passo não só para a cura da Aurora, mas como de muitas famílias. Você ver seu filho em uma crise epiléptica e não poder fazer nada para amenizar é terrível e dá uma sensação de impotência. Graças à planta a cura veio e hoje, apesar das limitações, a Aurora é forte e saudável", explica.
"Cura em Flor"
Quem também comemora a autorização é a enfermeira Jackeline Aristides, de Apucarana, que é presidente da associação "Cura em Flor - Apoio de Apoio à Cannabis Medicinal", que ajuda cerca de 15 pacientes de Apucarana, Londrina e região. O grupo foi criado há cerca de dois anos e vem ganhando espaço, principalmente em Londrina, local onde vive a maioria dos participantes e onde está localizada a sede cartorial.
"É uma grande conquista facilitar o acesso a esse medicamento que vem ajudando tantas pessoas. É mais uma forma legal e segura de adquirir a cannabis, já que a Anvisa é extremamente criteriosa. Conheço pessoas que têm Alzheimer, autismo, fibromialgia, entre outros problemas, que tiveram a vida modificada por conta da substancia", explica a enfermeira especializada em saúde mental.
De acordo com a enfermeira, a maconha pode ser utilizada de diversas formas. "A cannabis pode ser usada via oral, como óleo, cosméticos, via retal. A maneira que será usada depende das necessidades e condições de cada pessoa. É preciso entender que a maconha é um medicamento valioso e precisa ser desmitificado", acrescenta.
Conforme Jackeline, a associação foi criada devido à necessidade de seus pacientes em ter acesso ao produto. "Muita gente vinha me perguntar sobre a cannabis e como sei dos benefícios, resolvemos abraçar a causa e apoiar essas pessoas. São cerca de 15 pacientes e mais de 100 pessoas encaminhadas para o tratamento em toda região", reforça.
Farmácia de Apucarana
Nesta quinta-feira (16), através de informações da Justiça Federal, uma farmácia de Apucarana, uma das primeiras empresas do Brasil, recebeu a autorização de importar os insumos nas formas de derivado vegetal, a granel, ou produto industrializado, por exemplo, bem como confeccionar, fabricar, manipular, comercializar e dispensar medicamentos para humanos à base de cannabis.
O advogado Vitor Adriano Correa, que representa a farmácia de manipulação de Apucarana, explica que o local ainda não tem autorização de venda e ainda há processos a serem finalizados. "O processo durou cerca de 6 a 7 meses. Por ter estudos positivos e negativos, o processo se torna mais demorado", ressalta.
O advogado ainda diz que a autorização não é definitiva. "Por hora não. É um trâmite processual e o processo ainda não foi finalizado. Como envolve uma droga ilícita, por segurança ainda não podemos divulgar o nome da farmácia", acrescenta. Vitor diz que pessoas com autismo e depressão, por exemplo, podem comprar o medicamento apenas com prescrição médica.
Além da farmácia de manipulação, uma outra rede de farmácia de Apucarana vende cannabis medicinal na forma injetável há mais de dois anos apenas. Para comprar, o cliente precisa de receita médica.
Texto, Fernanda Neme.
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