Apesar dos desafios, as mulheres avançam cada vez mais no mercado de trabalho e conquistam espaço em diferentes segmentos. Embora com qualificação de sobra, as profissionais precisam enfrentar adversidades para ocupar empregos tipicamente ocupados por homens. No entanto, a ala feminina tira de letra e se destaca em suas áreas de trabalho.
Um exemplo é a Guarda Civil Municipal (GCM), Kelly Cristina Andreata, 37, que está há 14 anos na corporação de Apucarana e ministra palestras sobre violência doméstica. Além disso, ela leva informações sobre o Botão do Pânico para profissionais de postos de saúde da cidade. “Sempre gostei da área de segurança pública. É um desafio diário, mas não vejo diferença entre o homem e a mulher nesta profissão, já que os crimes não têm sexo, nem idade, e a ajuda também não. Nosso serviço é um desafio diário”, explica.
Apesar de ser uma profissão com mais homens trabalhando, Kelly diz que não sofre preconceito, principalmente quando as pessoas são os colegas de trabalho e profissão. “Graças a Deus aqui na nossa GCM os homens são super profissionais e nos olham de igual para igual”, acrescenta.
Também na área de segurança está a soldado Gabriella Picanço Xavier, 25, que trabalha há 6 anos na Polícia Militar (PM). “Passei neste concurso quando tinha 16 anos e assumi o cargo aos 19. Escolhi ser policial militar por ser uma profissão muito honrada e digna e, apesar de todos os percalços enfrentados no dia a dia, trabalhamos com muito amor, dando o nosso toque feminino que é necessário em qualquer área”, comenta.
Com relação a sofrer preconceito por ser uma mulher atuando em uma profissão tipicamente masculina, Gabriella acredita que antigamente as mulheres enfrentaram mais dificuldades. “Não tínhamos mulheres trabalhando na PM. Quando as primeiras policiais ingressaram, enfrentaram maiores dificuldades. Porém, graças à luta delas pela nossa igualdade, ao longo dos anos fomos ganhando espaço e hoje temos uma representatividade maior, conquistando o respeito e o reconhecimento que merecemos”, relata.
Dentro da corporação, Gabriella conta que dentro da corporação o relacionamento é bastante profissional. “Somos respeitadas por nossos pares. No atendimento à população, em geral, somos tratadas com igualdade e, em alguns casos, ainda percebemos admiração e surpresa por parte de pessoas que encaram como uma profissão desafiadora e perigosa para as mulheres”, explica.
Já no âmbito doméstico e familiar, conforme a soldado, é preciso conciliar a profissão com os afazeres de casa, estudos e relacionamento. “Não é o meu caso, mas muitas policiais possuem filhos, o que torna o desafio ainda maior”, reforça.
Preconceito
A frentista Vanessa Silvério Vieira, 40, que trabalha há 17 anos em um posto de combustíveis de Apucarana, relata que já sofreu bastante preconceito. “No começo, principalmente, os homens mais velhos não aceitavam ver uma mulher cuidando de seus carros. Acho que era aquela questão de que mulher tem que cuidar de casa. Porém, com o tempo, isso foi mudando”, ressalta.
Vanessa acredita que com o avanço da tecnologia e com a colaboração da internet, a discriminação com relação às mulheres ocuparem empregos masculinos diminuiu. “Hoje tem mais mulheres trabalhando em postos e outros diversos segmentos. Além disso, a ala feminina se encaixa em qualquer profissão, somos muito fortes e determinadas. Hoje está mais fácil atuar em áreas tipicamente masculinas”, comenta.
A mecânica Suzana Rodrigues Lima, 34, começou a trabalhar na área em uma fábrica de ônibus em Cascavel, em 2010 e atualmente atua com mecânica automotiva em Cambira. Apesar de quase 12 anos de estrada na profissão, algumas pessoas ainda ficam surpresas ao verem uma mulher trabalhando com mecânica.
“Tem gente que olha meio desconfiado. Sempre aparece alguém falando: nossa, mulher mecânica. Que legal. Nunca tinha visto. No entanto, no geral, a aceitação é boa”, conta.
Sobre a escolha da profissão, Suzana conta que sempre gostou e teve curiosidade. Ela fez alguns cursos, chegou a morar e trabalhar em Apucarana, mas agora vive em Cambira e trabalha em uma oficina de carros.
Conquista
Em 2019, pela primeira vez em 45 anos de transporte público em Apucarana, uma mulher assumiu um volante de um ônibus da Viação Apucarana Ltda (VAL), empresa responsável pelo serviço no município desde 1974.
Gisele Cristina Serafim da Silva, de 37 anos, é a única mulher entre 90 motoristas. “Fico muito feliz e espero incentivar outras mulheres a conquistar seu espaço na profissão que elas sonham. Não tem motivo para preconceito. Somos todos capazes de alcançar nossos objetivos e sonhos”, conclui.
Matéria escrita por Fernanda Neme.
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