Depois da carne, gasolina, energia elétrica e do gás de cozinha, são os preços das hortaliças que pesam no bolso do consumidor. Em apenas um mês, a maior parte dos produtos ficou mais caro, principalmente a batata, pepino, pimentão, tomate, abobrinha e o chuchu. Economistas e comerciantes afirmam que a alta é reflexo dos prejuízos causados pelas geadas e pela seca nas lavouras.
Levantamento dos preços médios mensais de varejo da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Seab), aponta que o custo da batata variou de R$ 1,98 para R$ 3,41 o quilo, um aumento de 72% entre julho e agosto. Já o pepino, que custava R$ 4,75 é vendido por R$ 7,30, em média, alta de 53,6% e o pimentão saiu de R$ 7,11 para R$ 10,66, aumento de 50%.
Economista do Departamento de Economia Rural (Deral), Paulo Franzini, aponta uma combinação de fatores externos que ocasionaram estes aumentos. Segundo ele, a falta de chuvas e as geadas são os principais culpados.
“A maioria dos produtos tiveram elevação de preço a partir das geadas, que foram bem expressivas, e da longa estiagem”, comenta.
Além dos problemas climáticos que afetaram seriamente o rendimento da produção agrícola, alguns produtos têm oferta reduzida por conta da entressafra. Para atender a demanda, os centros de abastecimento passaram a comprar hortaliças produzidas em outros estados, o que também ajudou a encarecer ainda mais os custos.
“O tomate, por exemplo, está na entressafra. Os agricultores estão plantando e é um período que depende de produtos de fora, o que eleva os preços, devido a menor oferta”, esclarece. Pouca chuva
As chuvas registradas anteontem e na semana passada foram volumosas, mas ainda insuficientes diante do déficit hídrico, calculado em torno de 80 milímetros de água.
“Tem chovido de maneira muito irregular, em média 40 milímetros. Não são chuvas abrangentes, mas já trazem certo alívio, dando condições para os produtores continuarem o plantio da safra de verão, do cultivo de milho e feijão, por exemplo. E a partir de outubro, a soja”, destaca.
Para driblar a seca e garantir melhores resultados, maior parte dos produtores investem em sistemas de irrigação. Mas com a seca castigando o solo há tanto tempo, até os reservatórios naturais ficaram comprometidos, afirma o economista.
Chuchu, pepino, abobrinha e tomate são os vilões da inflação
Nos sacolões de Apucarana consultados pela Tribuna, os vilões da inflação são o chuchu, o pepino a abobrinha e o tomate. Em um dos estabelecimentos o preço do chuchu saiu dos R$2,99 e para R$ 11,90, um aumento de 297,9%. O pepino passou de R$ 3,99 para R$ 12,99, (225%). A abobrinha era R$ 4,69 e chegou a R$ 13,99 (198%). O tomate que chegou a custar R$ 2,99 em julho está saindo por R$ 6,99 (133,7%).
Em outra quitanda, o tomate aumentou 100%, o pepino japonês 55,9% e a a abobrinha (170%). A funcionária deste estabelecimento Cláudia Souza explica que alguns produtos estão em falta na região devido aos problemas climáticos, o que faz os comerciantes das centrais de abastecimento comprarem hortaliças de produtores de outros Estados como São Paulo, por exemplo. “Os clientes reclamam, dizendo que dá para comprar carne em vez de tomate. Mas a carne também está cara, não tem para onde fugir”, comenta.
Produtos caros assustam consumidores
A alta nos preços assustou os consumidores que frequentam a feira do produtor de Apucarana. “Estou precisando escolher o que levar para casa, subiu muito o preço. Na feirinha ainda está mais em conta, mas nos mercados está pela hora da morte. A gente tem que substituir mesmo, porque não tem condições. Tem que plantar em casa para economizar”, reclama a consumidora Dirlei Aparecida Viana, 56 anos.
O feirante Lúcio Gereluz, 71 anos, percebeu que o movimento caiu após o reajuste dos preços.“Conforme a gente compra temos que repassar, se paga um preço mais alto temos que repassar para o freguês. Isso diminui a quantidade de gente na feira”, comenta.Feirante há 40 anos, Gereluz entende bem dos produtos que vende e explica que o preço das hortaliças depende da sazonalidade da safra, ou seja, produtos da época tendem a ser mais baratos do que os que estão fora. Isso explica porque o pepino e a abobrinha estão mais caros. “São duas culturas do inverno, então diminui a produção nesta época e por isso aumenta o preço”, explica.
Carlos Terada, 51 anos, feirante há 13 anos, lembra que as fortes geadas e a seca castigaram as plantações. “Muitos produtores estão quase sem água para irrigação, são esses fatores que ocasionaram a alta. Com isso não conseguimos manter os mesmos preços”, comenta
Por Cindy Santos - Jornalista do Grupo Tribuna do Norte
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