Para algumas pessoas, a morte de um animal de estimação pode ser muito difícil de superar. Ainda mais quando a relação com o bichinho é próxima ao ponto de ele ser considerado parte da família, como é o caso da advogada Juliana Ferracini, de Apucarana (PR), que perdeu suas "filhas", as cachorrinhas Duda e Maju. Elas faleceram em 2022 e 2023 respectivamente, deixando muita dor e saudade.
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“As considerava minhas filhas. As duas tinham documento de identidade e eram membros da família. Comemorávamos todos os aniversários delas com festinha familiar e amigos próximos. Elas iam às compras conosco, assistiam filmes, muitas vezes iam comigo trabalhar”, recorda Juliana, que ainda se emociona ao lembrar das companheiras.
Maju estava na família há 17 anos e Duda há 14 anos. Elas eram mãe e filha, da raça shitzu. A primeira teve um problema no coração e chegou a fazer tratamento. “Nos últimos meses de vida, quando a doença surgiu, fizemos acompanhamentos ao cardiologista a cada 3 dias. Ela ficou mal somente na última semana de vida. Faleceu no meu colo”, conta. Duda faleceu em decorrência de problemas renais, situação comum para raça na idade dela.
“Sofri com a perda delas que a dor chegava a ser física, como se meu coração estivesse rasgado. Chorei demasiadamente, vivi o luto pela perda de um familiar. Até hoje me emociono ao falar ou comentar dos falecimentos. Dói”, desabafa.
As duas cachorrinhas foram cremadas e, em homenagem a suas filhas de quatro patas, Juliana fez pingentes com as cinzas delas e joias com fotos. “Assim, mantenho sempre as boas lembranças de uma vida linda que tive a oportunidade de viver com elas”, afirma.
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“Agradeço a oportunidade de ter sentido o amor incondicional, de ter aprendido com elas a leveza da vida, a simplicidade e a valorização daquilo que realmente importa”, reitera. Com a morte de suas pets, a advogada adotou o cão Pirulito, que morava na rua, e o Paçoca adotado com a ajuda da Soprap, além do Gato Tarcísio.
Morte de pet pode ser comparada a perda de um familiar, afirmam psicólogos
Psicólogo de Apucarana, Gleydson Reis, aponta que os animais de estimação têm ganhado cada vez mais espaço nas famílias e, em muitos casos, são tratados como membros familiares. “Muitos pets fazem companhia para pessoas idosas e crianças. E a partir do momento que a gente fala sobre vínculo afetivo, com toda certeza podemos sim comparar a perda de um animal com a perda de uma pessoa da família. Só quem convive 10, 13, 15 anos com um serzinho que nos recebe em casa com amor, sem interesse, sabe o tamanho da dor da perda", afirma
Segundo o psicólogo, a dor pela perda de um animal de estimação não deve ser invalidada. “Muitas pessoas dizem que não se pode comparar um animal com um ser humano. Guardadas as proporções, cada um sabe da dor que sente e a falta que o animal ou ser humano vai fazer. Quando um animal parte, pode ser comparada sim com a dor da perda de um ente querido, pois fazem parte da vida de muitas pessoas. E não podemos invalidar o sentimento que o outro tem”, afirma
A psicóloga Patrícia Colobari, explica que cada pessoa assimila e absorve sentimentos de maneiras diferentes e que, em alguns casos, a perda de um animal de estimação pode levar a quadros depressivos. "Esse luto envolve perda, ausência, carência, tem todo um contexto. Muitas famílias tratam os animais como seus próprios filhos. São animais companheiros que estão ali para preencher uma ausência e a perda com certeza vai causar uma frustração muito grande”, afirma.
Onde os animais devem ser sepultados?
Sepultar animais em terrenos ou quintais é considerado crime ambiental. A médica veterinária de Apucarana, Raquel Scaff, comenta que antigamente, essa prática era considerada normal, entretanto, empresas ofertam serviço especialidade para dar a finalidade adequada ao corpo do bichinho. "Atualmente essa prática ainda é comum, embora não seja aconselhável. Hoje as opções são descartar no lixo hospitalar ou acionar o crematório. Mas cremar é muito oneroso, não é todo mundo que consegue fazer. O preço mínimo é R$ 400. Não são todos que tem condições financeiras de dar a destinação ideal”, comenta a veterinária.
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Na opinião da veterinária, o projeto de lei que propõe sepultar pets no mesmo jazigo de tutores resolveria o problema. “Sou a favor sim, especialmente por não ser obrigatório. Cada um continuaria tendo o direito de fazer como preferir. Cada vez mais os pets são considerados membros da família e muitas pessoas gostariam de ficar junto deles até após a morte”, opina a veterinária.
O projeto foi retirado da pauta de votação na última segunda-feira (17), após pedido de vista apresentado pelo vereador Franciley Preto Godói Poim (PSD). A votação da proposta foi suspensa por uma semana, devendo voltar à pauta na sessão ordinária do próximo dia 24.
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