O Jogo do Tigre, também conhecido como Fortune Tiger, voltou ao noticiário nacional após a Polícia Civil do Paraná prender três homens em uma operação contra um grupo criminoso suspeito de lesar vítimas através de jogos de azar. O Jogo do Tigre, no entanto, não é o único. Outros jogos do tipo estão na mira das investigações por supostamente lesar consumidores.
Não é difícil encontrar em Apucarana pessoas que já jogaram o Fortune Tiger e perderam dinheiro. No entanto, os casos não foram levados às autoridades locais. A reportagem conversou com um adepto (veja abaixo), que abandonou a prática ao perceber que estava sendo lesado. A Coordenação Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon-PR) faz um alerta para os riscos .
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O coordenador do Procon de Apucarana, José Carlos Balan, assinala que o adepto dessas modalidades não tem respaldo jurídico algum. “Não se trata de uma relação de consumo. Afinal, o consumidor não está comprando nenhum produto, tampouco contratando qualquer serviço. É um jogo de azar, ou seja, não é uma compra”, salienta.
Balan afirma ainda que o Código de Defesa do Consumidor especifica o que se trata de crime contra o consumidor e que, no caso dos jogos online, não há respaldo. “Além de não se tratar de uma compra ou contratação de serviço, quase todas as empresas que operam esses jogos são sediadas em outros países, o que torna ainda mais difícil qualquer trabalho sobre isso”, frisa.
O coordenador do Procon assinala que até hoje a instituição não registrou nenhuma reclamação sobre jogos online em Apucarana. Balan, no entanto, conta que acontecem muitos casos de alguma criança pegar o cartão da família e fazer compras de jogos.
“É bem comum que ocorram situações onde a criança faz uso indevido do cartão de crédito do pai ou da mãe. Acontecem vários casos em que a criança vai lá e cadastra o cartão e faz compras dentro do jogo. Quando os pais percebem, o gasto já foi feito”, frisa.
Casos assim acontecem corriqueiramente e a orientação do coordenador é que as pessoas tenham mais cuidado com o próprio cartão. “Não existe muito o que fazer quando isso acontece, pois se trata de um descuido que a pessoa teve e não de uma empresa ou instituição”, conta.
Balan também conta que o uso de cartão de crédito ou de débito em transações online envolvendo jogos não é recomendado. “O cartão traz uma facilidade muito grande para que a compra seja rapidamente efetivada. No entanto, temos registrado muitas reclamações de serviços em que a pessoa cadastra o cartão para pagamento de uma assinatura ou serviço e depois, quando quer cancelar, não consegue”.
Ele também explica que pelo fato de as empresas de jogos e de apostas não serem sediadas no Brasil, fica praticamente impossível que você consiga reaver o dinheiro. “É melhor não cadastrar cartão porque você nunca vai ter qualquer garantia vinda desse tipo de empresa”, salienta.
ADEPTOS DE JOGOS ONLINE
Muitos apucaranenses são adeptos aos jogos online. Um morador da cidade, que pediu para não ser identificado, é um exemplo. Apesar de não considerar um "vício", ele admite que atualmente gasta uma grande parte do seu tempo livre fazendo apostas ou jogando aleatoriamente.
“Nos meus intervalos eu sempre dou uma mexida no jogo. E quando não estou trabalhando, também dedico um pouco do tempo para cuidar da plataforma. Afinal, pra ganhar tem que jogar, né?”, conta.
O homem, que tem 31 anos, conta que atualmente joga um jogo que ele considera mais “seguro”, porém, já perdeu dinheiro acreditando em promessas de ganho elevado em outras plataformas.
“Eu gosto de jogar. O fato de poder ganhar dinheiro fazendo isso deixa tudo mais interessante. Mas o cara tem que saber onde vai investir o dinheiro dele. Atualmente, eu tenho meu saldo positivo e procuro parar quando começo a perder dinheiro”, conta.
Ele é um dos milhões de jogadores que já teve conta no Tiger Fortune ou “Jogo do Tigre”, que está na mira da Justiça por suspeita de fraude.
“O Jogo do Tigre é um cassino online. Eu achei a plataforma muito atrativa, principalmente pela promessa de ganhos que eles apresentam. Mas nesse game eu só perdi dinheiro”, lamenta o rapaz, que afirma ter gastado em torno de R$ 200 antes de abandonar a plataforma.
A exemplo de muitas outras pessoas, ele acreditou que o jogo tinha credibilidade e que a plataforma era segura por conta da divulgação. Quando percebeu que ele jamais conseguiria atingir suas metas financeiras com o jogo, decidiu procurar outra forma de se entreter.
“O problema do Jogo do Tigre é que ele te dá uma falsa ilusão, você pensa que vai acertar a boa na próxima jogada, e quando vê, o prejuízo só vai aumentando”, conta.
OPERAÇÃO
A organização criminosa suspeita de lesar os jogadores, com base no Paraná, usava uma rede de influenciadores. Eles davam dicas sobre como jogar e ostentava supostos bens adquiridos a partir do jogo.
Faziam promoções e rifas eletrônicas, queriam conquistar participantes. Segundo a polícia, ganhavam entre R$ 10 e R$ 30 por cada novo cadastrado nas plataformas. A estimativa é que o grupo tenha movimentado R$ 12 milhões em 6 meses.
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