O caso das investigações criminais e administrativas sobre a denúncia contra um professor, acusado de assediar alunas, que se tornou público nesta segunda-feira (02), em Apucarana, vem suscitando uma série de denúncias. O assunto ganhou notoriedade nas redes sociais, com centenas de pessoas se manifestando sobre o tema. A maioria dos comentários não passa de julgamentos prévios, mas muitas manifestações reforçam ou ampliam denúncias, mostrando que a questão do assédio nas escolas precisa ser levado mais a sério na sociedade.
Vale lembrar, além do caso da denúncia divulgada nesta semana, envolvendo a comunidade escolar do Colégio Cívico-militar Padre José Canale, na região norte da cidade, o Núcleo Regional de Educação, embora tenha se negado a dar mais detalhes, admitiu nesta segunda-feira (02) à Tribuna que há uma outra sindicância em andamento, de um caso similar ao do Canale, mas em outro colégio da área do Núcleo e com outro professor denunciado.
Familiares de alunas do Colégio Padre Canale, que informaram à TNonline sobre as denúncias, confirmadas pela reportagem junto as autoridades nesta segunda-feira (02), voltaram a manter contato depois da publicação, ampliando detalhes sobre o caso.
Uma mãe de aluna informou que quando surgiu a denúncia no colégio, pais e responsáveis de alunos teriam sido convocados, quando surgiram novos relatos, inclusive de mães que teriam sido vítimas de assédio. A mulher que fez contato com a reportagem, que prefere não ser identificada, informou que já houve inclusive relatos de que o professor denunciado teria dado presentes a algumas adolescentes, bem como de alunas relatando que ele teria colocado a mão nas coxas e na cintura delas, além de outros comportamentos abusivos.
Veja um dos exemplos de comentários que ampliam as denúncias sobre os casos de assédio, nesse caso do Colégio Padre José Canale.
CASO EXPOSED COMPLETA DOIS ANOS
No momento em que o assédio ou importunação sexual ganham destaque, ressurgem histórias para confirmar que, lamentavelmente, esses casos não são os únicos. Neste mês de maio uma outra história, envolvendo denúncias de estudantes contra professor por assédio sexual, está completando dois anos, com desdobramentos judiciais nas esferas criminal e cível, em Apucarana.
Em maio de 2020, viralizou nas redes sociais a hashtag #exposed, um movimento em que mulheres expunham casos de assédios, importunações, abusos e violências.
O termo Hashtag é associado a assuntos ou discussões que se deseja indexar em redes sociais, inserindo o símbolo da cerquilha (#) antes da palavra, frase ou expressão. Quando a combinação é publicada, transforma-se em um hiperlink que leva para uma página com outras publicações relacionadas ao mesmo tema.
Na onda do movimento, surgiu a hashtag #ExposedApucarana, que viralizou nas redes sociais e grupos locais. Como as redes sociais são muito utilizadas pelos jovens, multiplicaram-se os relatos de adolescentes acusando professores de assedia-las sexualmente.
Você pode relembrar do caso nesse link, com a notícia publicada pela TNonline, na época.
Na mesma ocasião, um dos destaques, que acabou se tornando público, com veiculação na mídia local e regional, foi o de um grupo de alunas de uma escola da rede privada de Apucarana, que formalizou a denúncia de assedio e importunação sexual contra um professor, bastante conhecida na comunidade escolar e na própria cidade.
Na época o professor, que teve o nome citado nas publicações do #exposedApucarana chegou a emitir uma nota de repúdio, rechaçando as acusações.
Você pode relembrar desse caso nesse link, com a publicação da TNonline.
A advogada Stephane Recco, de Apucarana, procurada pela reportagem da Tribuna, confirmou que defende um grupo de adolescentes, no processo judicial, que está sob segredo de justiça, por envolver menores. Sem dar mais detalhes, a advogada apenas confirmou que há um processo criminal, ainda em fase de instrução e um outro processo, na instância cível, também em fase inicial.
Na época do #exposedApucarana as denúncias foram tantas nas redes sociais que até a Delegacia da Mulher foi acionada para as investigações. Na ocasião, a delegada responsável orientou as estudantes a procurarem a delegacia para formalizar as denúncias, até como forma de assegurar a devida apuração dos casos relatados.
A orientação da Delegacia da Mulher na época, e que se mantém válida, é que as mulheres procurem a Delegacia da Mulher, ou outros canais de denúncia, como o Centro de Atendimento à Mulher (CAM), ou pelos telefones 180 e 181.
O assédio sexual e a importunação sexual são crimes. O assédio sexual é definido como o ato de constranger alguém, usando de uma condição de superioridade hierárquica, com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, com pena de prisão de 1 a 2 anos. Já a importunação sexual é caracterizada como a prática, na presença de alguém e sem sua anuência, de ato libidinoso com o objetivo de se satisfazer sexualmente. A pena é de reclusão de 1 a 5 anos.
O Disque 100 é o canal de denúncia da Mulher, Família e dos Direitos Humanos. Ele é um serviço de proteção a crianças e adolescentes vítimas de violência sexual. A Central de Atendimento à Mulher em Situação de Violência, o Disque 180, também é um canal anônimo de denúncias.
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