Ao menos dez situações envolvendo violência física e ameaça entre alunos foram registradas neste ano em escolas estaduais da região. Os dados repassados pela Patrulha Escolar de Apucarana evidenciam um problema que sempre existiu, mas que pode ter se agravado com a pandemia da Covid-19.
Situação mais recente foi registrada na semana passada em frente ao Colégio Barbosa Ferraz, em Ivaiporã, e envolveu duas alunas que se agrediram fisicamente. Há duas semanas, cinco alunos do Colégio Cívico-Militar Marquês de Caravelas, em Arapongas, se envolveram em uma briga dentro da sala de aula. Um deles estava armado com uma faca e ameaçou os demais. O jovem alegou que era alvo de bulliyng dos outros alunos.
O episódio de maior repercussão ocorreu mês passado no Colégio Estadual Polivalente, em Apucarana, com a briga entre alunas filmada pelos próprios colegas e disseminada pelas nas redes sociais. Outro conflito gravado e amplamente compartilhado na internet ocorreu no Colégio Estadual Padre Ângelo Casagrande, Marilândia do Sul há quase dois meses.
Diretores das duas ultimas instituições de ensino citadas acima adotaram procedimentos diante dos casos de violência que, na opinião deles, piorou neste ano. Helio Edmur da Silva, diretor do Colégio Estadual Polivalente de Apucarana, afirma que os estudantes retornaram às aulas presenciais mais intolerantes e agressivos. Na opinião do educador, os alunos se acostumaram com a liberdade que tinham durante as aulas remotas, no período de isolamento social imposto durante o período mais crítico da pandemia, e esse comportamento de descomprometimento continuou mesmo com o retorno das aulas presenciais.
“Acredito que os alunos tiveram muita liberdade com as aulas online. Tinha aluno que fingia que estava assistindo as aulas e fazia outra coisa. Com a volta às salas de aula percebemos alunos que voltaram diferentes, intolerantes e agressivos, com falta de concentração e falta de respeito”, afirma.
Silva observa que grande parte dos casos de violência registrados na instituição começa com agressões no campo virtual. Nas redes sociais os adolescentes iniciam discussões por motivos banais com xingamentos e até ameaças que resultam em agressões físicas.
No Colégio Estadual Padre Ângelo Casagrande, em Marilândia do Sul, a direção também percebeu uma mudança no comportamento dos alunos neste ano. A instituição também foi palco de um episódio lamentável de violência física protagonizado por duas alunas há aproximadamente dois meses. O diretor da escola Ivonei Gomes não arrisca explicar o que deixou os estudantes mais agressivos, contudo, afirma que a instituição não é conivente com esse tipo de comportamento e que tem investido em projetos de integração e de conscientização desses alunos.
“Iniciamos um projeto de monitoria. O aluno vem em contraturno ajudar a escola, auxiliar professores e toda a equipe pedagógica. É um trabalho voluntário com a anuência dos pais e que vem surtindo resultados positivos”, assinala.
Maior parte dos conflitos começa nas redes sociais
Há 15 anos na Patrulha Escolar de Apucarana, o sargento Ademir Matichen afirma que conflitos entre estudantes sempre existiram. Contudo, existe uma ferramenta que sempre está envolvida e, de certa forma, tem potencializado essas desavenças: a internet. De acordo com Matichen, a maior parte das brigas entre estudantes começam nas redes sociais ou em grupos de WhatsApp e variam por motivos banais e até situações envolvendo bullying.
“Tem casos em que os alunos brigaram porque um encarou o outro. Também há casos de estudantes que foram ofendidos nas redes sociais. Nós orientamos esses alunos a tirarem prints dessas ofensas praticadas nas redes e registrarem boletim de ocorrência”, comenta.
O trabalho preventivo, para evitar que o conflito aconteça, envolve palestras interativas com respeito e empatia, abordando temas como bullying, segurança dos alunos e uso correto das redes sociais.
“O objetivo da patrulha é evitar que o conflito aconteça, evitar agressão física e verbal”, salienta. ASSISTA:
Por, Cindy Santos
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