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INSS impede intérprete de libras de atuar em perícia de pessoa surda

Advogado e intérprete denuncia que perito impediu seu trabalho e diz que órgão, de Apucarana, se negou a atender requerimento para justificar decisão

Da Redação

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Alan Fingoli Montanha, 42 anos, é pessoa surda bilateral e não pode ter o intérprete de Libras, Alexander Pagan, em sua perícia no INSS, em Apucarana
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Alan Fingoli Montanha, 42 anos, é pessoa surda bilateral e não pode ter o intérprete de Libras, Alexander Pagan, em sua perícia no INSS, em Apucarana
Escrito por Da Redação
Publicado em 29.09.2022, 16:18:12 Editado em 29.09.2022, 16:17:19
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Na semana em que se tem duas datas fundamentais para a luta pela inclusão das pessoas com deficiência – o Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência (21 de setembro) e Dia Nacional dos Surdos (26 de setembro, que também é dia Internacional da Linguagem de Sinais/Semana Internacional dos Surdos), uma pessoa surda teve seus direitos negados durante uma perícia médica na agência do INSS em Apucarana, no Norte do Paraná. O órgão não só não tem um intérprete de Libras próprio como ainda impediu que o intérprete do cidadão pudesse fazer o trabalho durante a perícia. Assista a entrevista abaixo.

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A denúncia é de Alan Fingoli Montanha, 42 anos, que é uma pessoa surda bilateral e que tem a doença de Parkinson e que há meses aguardava a oportunidade de fazer a perícia para conseguir um auxílio-doença e que sonhava em conseguir converter o processo para uma futura aposentadoria por invalidez. Aliás, ele condena o uso capacitista para essa modalidade de aposentadoria.

Alan Fingoli estava acompanhado do intérprete, Alexander Pagan, de Arapongas, na manhã desta quinta-feira (29), na Agência do INSS de Apucarana. Segundo ele, mesmo com a informação da condição de pessoa com deficiência em seu processo e com sua apresentação no órgão, conforme agendado, o INSS já desrespeitou seus direitos quando não assegurou a preferência determinada por lei às pessoas com deficiência, que têm direito ao atendimento prioritário.

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Segundo Alan, situação ainda pior foi quando chegou sua vez de ser atendido, na sala do médico perito. Ele relata que o perito do INSS impediu que o intérprete permanecesse na sala durante a perícia. “Eu insisti que era direito do Alan, mas diante de minha insistência, o médico ameaçou dizendo que se eu não saísse ele suspenderia a perícia”, relata o intérprete Pagan.

Leia mais: Idoso morre na porta do INSS enquanto aguardava perícia médica

Segundo ele, ao ser indagado, o médico perito admitiu que não sabia a língua brasileira de sinais (Libras) e teria afirmado que não precisaria disso para fazer a anamnese. “Isso é um absurdo”, diz Pagan, lembrando que anamnese consiste exatamente no histórico de todos os sintomas narrados pelo paciente sobre determinado caso clínico. “Como ele pode construir esse histórico sem se comunicar com o paciente?”, indaga.

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Pagan, que também é advogado, explica que, como o INSS não tem um intérprete, Alan tratou de arrumar um, de forma a garantir uma comunicação adequada com o médico na hora da perícia. “Mas o médico perito disse que conseguiria fazer a perícia apenas olhando os documentos”, relata.

Assim que terminou a perícia, já como advogado de Alan, Alexander informa que procurou a gerência da agência do INSS de Apucarana para denunciar a situação, quando apresentou requerimento para que o órgão formalizasse as justificativas para impedir o trabalho de intérprete. Segundo ele, tanto o médico quanto o gerente da agência fundamentaram que o perito tem liberdade para conduzir ato sem interferências externas, e que caberia ao perito a decisão sobre o paciente precisar ou não ter um acompanhante. “Outro absurdo, porque nesse caso não sou um acompanhante. Sou um intérprete”, ressalta Alexander. Para ele, há outra infração legal nesse caso. O INSS não poderia negar-se a dar a ele, advogado, um documento em que formaliza a negativa ao direito do paciente ter sido acompanhado pelo intérprete.

“O que eles fizeram vai contra a lei da acessibilidade, a lei da inclusão, vai contra os direitos assegurados na Constituição Federal. A pessoa com deficiência é duplamente penalizada, primeiro quando lhe negam o direito ao não terem um intérprete próprio e, quando ela consegue seu próprio intérprete, o órgão impede que esse intérprete faça o trabalho dele”, comenta Alexander.

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Com ajuda de Alexander Pagan como intérprete, Alan Fingoli diz que se sentiu discriminado. “Fiquei sem poder me comunicar com o médico. Fiquei perdido, sem saber o que fazer. Eu não consigo trabalhar. Fiz tudo que era possível. Juntei todos os documentos. Mas o médico não deixou que eu me comunicasse com ele”, relata. “E isso na semana de valorização da pessoa surda, num momento de luta pela valorização do intérprete. Me sinto prejudicado. É meu direito ter intérprete, eu precisava dele. Já houve atraso de meses no processo por conta da greve dos peritos do INSS. E agora isso. Eles não têm consciência, não têm nenhum respeito ao surdo e ao meu direito. E eu preciso disso”, finaliza.

Leia mais: Greve no INSS atrasa 1,7 mil perícias em Apucarana

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O intérprete e advogado Alexander Pagan informou que vai apresentar o caso à ouvidoria do próprio INSS, mas também vai registrar um boletim de ocorrência na polícia e vai estudar um processo judicial em favor de Alan Fingoli. “Foi lamentável o que ocorreu. O INSS não pode fazer isso com o Alan. E se fez com ele, deve fazer com outras pessoas com deficiência”, conjectura.

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