O Sindicato das Indústrias do Vestuário de Apucarana e Vale do Ivaí (Sivale) lança no próximo sábado (4) um documentário sobre os 50 anos do início da fabricação de bonés em Apucarana. O material, que também marcará os 35 anos do Sivale, será apresentado durante jantar comemorativo no Clube de Campo Água Azul.
Com entrevistas de pioneiros do setor e imagens antigas, o documentário resgata a história de como a cidade se tornou a Capital do Boné. Devem participar do evento empresários do setor, bem como autoridades municipais e estaduais. O presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Carlos Valter Martins Pedro, é esperado.
“Pela primeira vez, foi reunido em um só lugar os pioneiros do setor para um bate-papo, onde eles contam onde começou a primeira fábrica de boné, como foi produzida a primeira peça, como surgiu a Capital do Boné e tantas outras curiosidades. É um material rico, que ficará para as futuras gerações”, ressalta a presidente do Sivale, Elizabete Ardigo.
Ela também destaca a trajetória do Sivale na consolidação do setor de confecções em Apucarana. “O sindicato passou por muitas lutas. Porém, conseguimos representar a vontade dos empresários frente as adversidades. Antes, tínhamos uma atuação voltada a convenção coletiva, mas hoje oferecemos serviços e benefícios aos nossos associados”, frisa Bete, como é mais conhecida.
As entrevistas do documentário foram gravadas em dezembro. Neste ano começou a busca por imagens antigas que pudessem ilustrar um pouco da história. “Percebemos que existe um acervo limitado. Tínhamos um museu, que acabou se perdendo. Contamos agora com acervos particulares de fotos e imagens de vídeo da época. Por isso, este documentário é tão importante”, reforça Bete.
O empresário Antônio Carlos Macarrão Machado, que atua no setor de bonés desde 1987, é um dos guardiões da memória do boné na cidade. Ele mantém um acervo particular com reportagens de jornais, fotos e filmagens antigas, além de itens de colecionador, como um boné do Banco Nacional utilizado pelo piloto de Fórmula 1 Ayrton Senna, morto em 1994, que foi fabricado em Apucarana.
Macarrão, que incorporou o apelido ao nome, cedeu parte de seu acervo para o documentário. Ele foi diretor de marketing e comércio exterior da Cotton’s, uma das empresas pioneiras do boné em Apucarana, e acompanhou de perto a evolução da produção no município. “A trajetória do boné em Apucarana se confunde com a própria história de Apucarana. É uma verdadeira saga iniciada pelos primeiros empresários. Dos períodos econômicos de Apucarana ao longo da sua formação, do café, dos cereais ao couro, o boné tem uma das trajetórias mais longevas”, diz.
O setor de confecções, que começou com o boné há 50 anos, reúne atualmente 2,2 mil empresas que geram cerca de 10 mil empregos diretos e outros 10 mil indiretos. Mensalmente, segundo dados do Sivale, são confeccionados cerca de 4 milhões de bonés na cidade, metade da produção nacional. Hoje, o segmento reúne uma gama de empresas que vão além do produto final, com aviamentos, tecidos e serviços, sem contar as facções que atuam na informalidade.
Em 2006, Apucarana instituiu que 31 de janeiro seria o Dia Municipal do Boné. É a data de registro da Faroli, primeira fábrica de bonés de Apucarana criada formalmente em 1974, embora a Flamarana e a Cotton’s tenham iniciado suas atividades anteriormente.
Em 2010, Apucarana conquistou o título de Capital Nacional do Boné, a partir da publicação da Lei Federal nº 2.793/08.
Os bonés fazem parte da cultura de Apucarana. Quem chega à cidade pela BR-369, vindo de Arapongas e Londrina, é recepcionado pela escultura de um boné gigante. Por muitos anos, todos os pontos de ônibus também eram do formato do acessório.
Por Fernando Klein
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