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"Foi desesperador", diz apucaranense que vive em Petrópolis

A apucaranense Jesana Gambi estava com a filha no centro da cidade quando o tempo fechou; confira o emocionante depoimento

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 18.02.2022, 13:14:49 Editado em 18.02.2022, 13:14:57
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A apucaranense Jesana Gambi, instrutora de Yoga, que por muito tempo trabalhou e promoveu ações sociais em Apucarana, atualmente vive em Petrópolis, município do Rio de Janeiro que foi atingido por uma tempestade que provocou a morte de mais de 120 pessoas, além de deixar um cenário de devastação. Ela vive o drama de perder amigos na tragédia.

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Jesana estava com a filha, no centro da cidade, fazendo exames médicos quando o tempo fechou. "Começou a escurecer o céu e os trovões e raios já indicavam chuva forte. Começou a chover forte, senti uma angústia no peito e minha intuição me puxou para ir embora, deixei o exame sem fazer e voltamos embora pra casa. Os céus desabaram às 16:00. Foi horrível. Nunca vi algo assim tão desesperador. A intensidade da chuva era avassaladora. Muitos raios por todos os lados, trovões incessantes, chuva tão intensa que não dava para ver nada à frente", detalha.

Ela e a filha conseguiram sair do centro pouco antes da enchente invadir a cidade. "Ainda estão em choque com a força da tempestade. Conseguimos sair dali por pouco. O centro estava todo congestionado, ruas lotadas, e Petrópolis é cortada por dois rios nas principais ruas. A cabeceira do rio encheu de uma vez só e veio levando tudo ao redor pela enxurrada. Árvores grandes, carros, casas, concretos das ruas. Tudo sendo arrastado pelo caminho", relembra.

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Parentes dela ficaram presos em um prédio e tiveram que passar a noite no local. Jesana ainda contou que era possível ver corpos pelas ruas. "Minhas cunhadas ficaram presas no prédio onde trabalham no centro porque a água passou do primeiro andar, não tinham como sair. Passaram a noite lá, assim como todos ali na região. O medo de desmoronamento dos prédios antigos do centro não deixava ninguém baixar a guarda. Todos ali no centro viam corpos pelas ruas levados pela força das águas, pessoas tentando desesperadamente sair dos ônibus e carros para tentar atravessar as ruas em busca de proteção , ninguém conseguia ajudar ninguém em meio a força descomunal das aguas", disse.

No dia da tempestade, 15/02, Jesana lembra que faltou luz em grande parte da cidade, que era impossível manter contato com amigos e somente no dia 16/02 ficou sabendo dos soterrados e que crianças ficaram presas em escolas. "Na mesma noite as notícias do tamanho da tragédia já eram conhecidas. O contato com amigos era impossível. Faltou luz em grande parte da cidade .Foi quando já na manhã de quarta recebemos notícias de amigos soterrados, famílias inteiras de conhecidos nossos continuam desaparecidas em meio a lama e escombros. Amigos perderam as casas , destruídas pela água e lama das encostas, e ficaram em pontos de apoio e igrejas, milhares de crianças pequenas do turno da tarde ficaram presas nas escolas com frio e já era mais de meia noite sem poder voltar pra casa porque era bem o horário de saída deles e não tinha como os pais buscarem porque as ruas estavam destruídas. Horrível. Destruição total em poucas horas", comenta.

Jesana segue ilhada em sua casa e conta que perdeu amigos, que alguns ainda não foram encontrados. "Aqui onde a gente mora é no alto mas ficamos ilhados porque as ruas que descem estão todas destruídas. Perdemos amigos e conhecidos. Alguns ainda não foram encontrados. Tragédia mesmo. Muito triste. Foram momentos pavorosos. Nunca vi algo assim .Na manhã de quarta o cenário era de guerra. Quando a água baixou, haviam corpos presos nas pontes, muros, entre carros, muita lama nas ruas que estavam intransitáveis", ressalta.

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A apucaranense destaca a ajuda humanitária que a cidade recebeu. "O que foi lindo de ver foi a ajuda humanitária já acontecendo na manhã após a tragédia. Petrópolis se mobilizou para levar cobertores, roupas e alimentos para os locais que nem de moto chegavam. Centenas de voluntários a pé carregando todo tipo de ajuda. Moradores pegaram enxadas e muitos com as mãos já escavavam em busca de parentes soterrados. Antes da ajuda oficial chegar, cidadãos comuns não dormiram, foram em massa em busca de sobreviventes. Por toda Petrópolis se vê humanidade. Emocionante ver a capacidade do ser humano de ajudar", finaliza.

Lá continua chovendo. O número de mortos em Petrópolis, na região serrana fluminense, subiu para 123, segundo dados divulgados pela Defesa Civil do Estado do Rio de Janeiro. A cidade foi fortemente atingida por um temporal na terça-feira (15) e passa pelo quarto dia de trabalhos de recuperação das áreas atingidas, que ainda sofrem com a chuva contínua no município., informou a Agência Brasil.

Pelos registros das equipes da Defesa Civil Municipal, houve registro de 553 ocorrências, entre elas 436 foram por deslizamentos, 29 por alagamentos e 88 por avaliações de riscos. Por causa do acumulado pluviométrico das últimas horas e da previsão de permanência de chuva para o município, todas as sirenes do primeiro distrito permaneceram acionadas ao longo da noite. Conforme os últimos dados, 849 pessoas estão acolhidas em 19 pontos de apoio da cidade.

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