O advogado de Apucarana, Cirineu Dias, foi citado no depoimento de uma das supostas vítimas de extorsão do líder do movimento Frente Nacional de Lutas (FNL), José Rainha Júnior. O apucaranense teria se apresentado como interessado em comprar a propriedade, mas teria supostamente aconselhado a fazendeira a pagar o valor da extorsão antes de qualquer negociação. A informação foi divulgada pela CNN e pelo site Metrópoles.
José Rainha está preso desde o último sábado (4) por suspeita de extorquir fazendeiros no interior de São Paulo. Ele é suspeito de cobrar até R$ 2 milhões para devolver uma fazenda invadida pelo grupo de sem-terra em 2021. Além de José Rainha, também fariam parte do esquema o coordenador nacional da FNL, Luciano de Lima, e uma terceira pessoa identificada como Cláudio Ribeiro Passos, o “Cal”. Os três estão presos em São Paulo.
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A fazenda citada na denúncia pertence a Maria Nancy, de Rosana (SP). Ela disse em depoimento, segundo o inquérito obtido pelo Metrópoles, que foi procurada após a invasão pelo advogado Cirineu Dias, que manifestou interesse em comprar a propriedade.
Segundo a fazendeira, o advogado afirmou que, por causa da invasão de sua fazenda por cerca de 200 integrantes da FNL, ela “teria que pagar José Rainha.” “Ele chegou a lhe dizer que teria que ser realizado um acordo com Zé Rainha, posto que se ele fosse beneficiado de alguma forma ele tiraria os acampados da fazenda […] A proposta seria que a declarante teria que pagar a José Rainha R$ 2 milhões e mais 20 alqueires. Somente após este acerto com José Rainha a fazenda poderia ser negociada”, diz trecho do inquérito policial. A reportagem do Metrópoles traz ainda uma foto do apucaranense com José Rainha.
Nancy, ainda segundo a polícia, teria oferecido R$ 700 mil aos invasores, mas queria que os sem-terra deixassem totalmente a propriedade. No entanto, o próprio José Rainha teria afirmado, de acordo com o depoimento da vítima, que não poderia abrir mão de pelo menos 20 alqueires.
“Restou evidente que José Rainha precisava garantir ao menos uma fração da fazenda invadida, de maneira a legitimar o seu discurso frente ao movimento FNL. Por fim, afirmou que José Rainha foi expulso do MST [Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra], justamente por usar de roupagem o movimento social lícito, para encobrir suas condutas ilícitas”, diz trecho do parecer assinado pelos delegados Ramon Euclides Guarnieri Pedrão e Frederico Alves Melo publicado pelo Metrópoles.
OUTRO LADO
O TNOnline procurou na tarde desta terça-feira (7) o advogado Cirineu Dias. O apucaranense disse que vai se pronunciar oficialmente sobre o assunto somente nesta quarta-feira (8) pela manhã, em entrevista coletiva. Ele afirmou que estava em compromissos profissionais em Maringá e que não poderia falar no momento com a imprensa.
Os advogados Raul Marcelo e Rodrigo Chizolini, que representam os líderes da FNL, afirmaram em nota no último domingo (5) que Rainha e Lima são “dois trabalhadores do campo que lutam por justiça social e reforma agrária” e que “vão utilizar, dentro da lei, todos os recursos necessários” para que eles sejam soltos.
A FNL afirmou ainda que a ação da policial teve “cunho político” e foi uma “retaliação” às ocupações de nove fazendas feitas em fevereiro, em ação batizada como “Carnaval Vermelho”, o que a polícia nega. (Com informações do Metrópoles)
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