A promotora Fernanda Lacerda Trevisan Silverio informou que nesta semana acontece a instrução do processo que envolve a 'falsa enfermeira' de Apucarana. Nesta quinta-feira (14), foram ouvidas Silvânia Regina Ribeiro Del Conte, que desviou doses de vacina contra a Covid-19, além de duas testemunhas de defesa dela.
Já na sexta-feira (15), serão 12 interrogatórios de pessoas que supostamente foram beneficiadas com aplicação de vacinas pela falsa enfermeira.
De acordo com a promotora, o processo do servidor afastado, Luciano Pereira, foi desmembrado do caso. "Na quarta ouvimos testemunhas de acusação, porém, algumas não compareceram e eu insisti na inquirição delas, então o Dr. Oswaldo Soares Neto desmembrou o processo em relação ao servidor público, o processo dele vai correr separado, e acredito em relação a falsa enfermeira e os demais a instrução deve ser concluída na sexta feira , depois vamos preparar as alegações finais e vem a sentença. É um processo muito extenso, tem muitas informações, análise de conversar, vou precisar confrontar todas essas informações. A expectativa é que na sexta seja concluída a instrução em relação da falsa enfermeira e as pessoas beneficiadas com aplicação de vacina por ela, em relação ao servidor o processo ainda vai seguir porque precisamos ouvir outras testemunhas, explica.
A 'falsa enfermeira' foi presa no dia 15/05 deste ano. O servidor foi afastado das funções no mesmo dia.
O CASO:
A Polícia Civil de Apucarana apreendeu na tarde do dia (15) ampolas de vacinas contra covid-19 na casa de uma falsa enfermeira suspeita de ter desviado o material de rede pública de saúde para vender as doses a pessoas que não fazem parte do público alvo da campanha. Na casa da mulher, que se apresenta como técnica em enfermagem, foram apreendidos também carteirinhas de vacinação, celulares e seringas.
A mulher foi presa e encaminhada a 17 Subdivisão Policial de Apucarana. O mandado de busca e apreensão na casa da detida atende a pedido do Ministério Público do Paraná, por meio da 2ª Promotoria de Justiça, que abriu investigação após receber denúncia do vereador Lucas Leugi. A mulher trabalhou como voluntária na campanha de vacinação contra covid-19 até ser afastada após ser alvo das denúncias. O vereador apresentou indícios que apontam que a falsa enfermeira teria atuado como voluntária para desviar vacinas contra a Covid-19 para revendê-las. Há informações, ainda não confirmadas pela Polícia Civil, de áudios e troca de mensagens em aplicativos onde a detida oferecia a vacina.
Durante o cumprimento da determinação judicial, as doses de vacina foram apreendidas (um frasco da Astrazeneca, com cinco doses; um de CoronaVac com um número ainda não determinado de doses e um vazio) e a falsa enfermeira foi presa em flagrante pelo crime de peculato, podendo responder também pelos crimes de falsidade ideológica e infração de medida sanitária.
Segundo o delegado Marcus Felipe da Rocha Rodrigues, a falsa enfermeira atuou como voluntária na campanha de vacinação desde 16 abril lotada na parte interna do Ginásio de Esportes Lagoão. Em depoimento, ela admitiu o desvio das vacinas, mas negou ter vendido o imunizante que teriam sido desviados para imunizar uma família próxima a detida. "Ela também afirmou, e isso é importante salientar para população até porque tem ocorrido diversos boatos a respeito, que jamais aplicou soro nas pessoas que estavam sendo vacinadas. Ela frisa isso em depoimento e não há elemento nenhum que sugira que essa prática ocorreu", afirma o delegado.
O delegado destaca também que a detida admitiu que não tem capacitação profissional e detalhou as datas que as vacinas foram subtraídas. Um dos frascos teria sido desviado no dia 8 de maio e outro no dia 11 do mesmo mês. O Ministério Público dará continuidade às investigações com intuito de esclarecer, entre outras coisas, o possível envolvimento de servidores públicos na subtração das doses. Será apurada também a eventual responsabilização de pessoas que possam ter sido beneficiadas com a aplicação da vacina.
17 pessoas foram denunciadas por furar-fila em Apucarana
O Ministério Público do Paraná denunciou, no dia 1º de junho, 17 pessoas investigadas por possível envolvimento em casos de “fura-fila” da vacinação contra a Covid-19 em Apucarana. De acordo com a denúncia, oferecida pela 2ª Promotoria de Justiça da Comarca, a falsa enfermeira, admitida para trabalhar como voluntária pelo coordenador da Vigilância Epidemiológica do município, exerceu ilegalmente a profissão de técnica de enfermagem e teria aplicado a vacina, entre 16 de abril e 11 de maio, em pelo menos 12 pessoas que não preenchiam os requisitos dos grupos prioritários.
Além disso, investigações apontaram que o coordenador responsável por sua admissão, o servidor Luciano Pereira, também teria aplicado a vacina, no início deste ano, no filho – não integrante de nenhum grupo prioritário – de outro servidor, por ocasião da imunização em uma casa de repouso de idosos do município. Todos os envolvidos (três deles, servidores públicos) foram denunciados, inclusive a proprietária da casa de repouso onde ocorreu a vacinação indevida, uma vez que ela teria conhecimento da conduta ilícita.
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