A cena vem se repetindo nas últimas madrugadas em Apucarana, tirando o sono de comerciantes. Um homem surge nos vídeos dos circuitos internos de vigilância e atira pedras ou tijolos contra os vidros das fachadas das lojas. Na sequência, a gravação mostra o ladrão fugindo com produtos retirados das vitrines. Nem sempre, no entanto, esses crimes são de baixo potencial. Em alguns casos, os ladrões deixam grandes prejuízos financeiros para os lojistas, que estão cobrando uma reação das autoridades para reforçar a segurança e conter a criminalidade.
Nos últimos três meses, pelo menos 80 furtos foram registrados em estabelecimentos comerciais de Apucarana: 19 em julho, 36 em agosto e 25 nas duas primeiras semanas de setembro. Desse total, 62,5% ocorreram em lojas do centro. Além do entorno da Praça Rui Barbosa, os crimes vêm ocorrendo com mais frequência nas ruas Ponta Grossa, Oswaldo Cruz e Avenida Curitiba. Os dados foram obtidos pela Tribuna a partir da análise dos Boletins de Ocorrência (BO’s) divulgados diariamente pela Polícia Militar (PM).
No entanto, os dados oficiais da corporação não levam em conta as inúmeras tentativas de invasões de lojas, quando a PM sequer é chamada. Há diversos relatos feitos por lojistas à reportagem sobre flagrantes gravados nos circuitos internos mostrando criminosos forçando vitrines sem sucesso. A situação gera uma preocupação permanente do setor.
Na semana passada, a insegurança no comércio foi, inclusive, tema de uma reunião na Prefeitura. O encontro foi convocado pelo prefeito Junior da Femac (PSD) e reuniu a presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Apucarana (Sivana), Aída Assunção e o comandante do 10º Batalhão de Polícia Militar (BPM), tenente-coronel Marcos José Facio, além de integrantes da Guarda Civil Municipal (CGM) e da Polícia Civil.
Aida Assunção afirma que os comerciantes cobram providências.
“O problema ocorre em praticamente todo o centro e preocupa com a chegada do final do ano, quando muitos lojistas ampliam seus estoques”
- Aida Assunção, presidente Sivana
Ela assinala que a maioria dos furtos é de produtos na vitrine. Para chegar até essas mercadorias, no entanto, é preciso quebrar os vidros de blindex. “Houve um caso recente que o ladrão estourou a vitrine para levar um tênis de R$ 300. O prejuízo é grande para fazer o reparo”, afirma Aída.
Ela afirma que os comerciantes querem maior policiamento nas madrugadas e também após o fechamento das lojas. “Nem sempre os crimes são de madrugada. Há casos de furtos às 8 horas da noite”, pontua.
Após prejuízo de R$ 55 mil, empresária instala grades e mais câmeras
Nem sempre o prejuízo é de apenas um ou dois produtos furtados mais o reparo da vitrine. Dona de uma loja de cosméticos no centro, Maria Cristina dos Reis Pereira afirma que o furto registrado em julho no estabelecimento provocou um “rombo” de R$ 55 mil. “Segundo nos informou a Polícia Civil, esse crime foi praticado por uma quadrilha especializada. Eles levaram apenas itens mais caros do setor de perfumaria”, afirma.
Maria revela que a loja, que é franqueada de uma grande rede do segmento, precisou investir na instalação de grades e de mais câmeras. “A rede não tem essas grades no seu projeto arquitetônico, mas liberou a instalação em Apucarana por conta do furto”, diz. A comerciante assinala que depois do crime houve mais três tentativas de arrombamento da loja. “A gente quer mais segurança, porque a preocupação é grande”, afirma.
Uma outra lojista do centro ouvida pela reportagem afirma que ainda nem consertou o estrago na vitrine do último furto. “As câmeras de segurança têm registrado frequentemente a tentativa de furtos por esse buraco. São ladrões tentando “pescar” itens da loja. É preciso ampliar o patrulhamento no centro”, diz.
Em resposta aos questionamentos da Tribuna, o 10º Batalhão de Polícia Militar respondeu que a corporação está “reforçando o policiamento” na área central. A medida já havia sido anunciada na reunião com o prefeito na semana passada, quando foi decidido que a GCM também iria colaborar no patrulhamento.
Por, Fernando Klein
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