Vinte pessoas de Apucarana, no norte do Paraná, moveram uma ação coletiva na Justiça após sofrerem um golpe com prejuízo de quase R$ 4 milhões. As vítimas tiveram suas criptomoedas sequestradas por uma empresa que pertence a um morador de Curitiba e tem antecedentes por fraude financeira.
De acordo com o advogado Fernando Barbosa, especialista em crimes financeiros e responsável pelo caso, trata-se de um processo lento e não há prazo para ser solucionado.“Quando estamos lidando com processo dessa magnitude pode demorar um pouco. Não tem como dar um prazo”, adianta.
Barbosa conta que as vítimas foram chamadas para investirem na empresa, atraídas pela valorização da criptomoeda Dash, cotada entre U$150 a U$180 na época dos fatos. “Ao conhecerem o negócio acreditaram que estavam investindo em uma empresa sólida, de confiança. As vítimas começaram a investir com valores pequenos e tiveram investimentos pagos”, relata.
De acordo com o advogado, após ganhar a confiança dos investidores, o dono da empresa sequestrou as moedas e lançou uma nova no lugar, chamada Mindexcoin, sem autorização. Em 15 dias, com essa troca de moeda a Mindexcoin perdeu valor de mercado e a empresa parou de fazer os pagamentos com a justificativa de que a nova moeda estava com preço muito baixo, sem procura de mercado. Contudo o dinheiro investido ficou na conta do golpista.
“O risco do negócio é inerente. A partir do momento que o réu sequestra uma moeda forte no mercado e entrega uma moeda que não tem valor nenhum, ele faz uma quebra de contrato. Isso foi feito de forma unilateral porque as vítimas não foram avisadas e tiveram prejuízo”, comenta.
A Tribuna ouviu uma das vítimas que pediu para não ter o nome divulgado. O apucaranense disse que vendeu carros, empresa e levou consigo a esperança de parentes e amigos no negócio. “Eu parei de trabalhar com a minha empresa e por um ano recebia pela valorização das criptomoedas, até que pararam de nos pagar os rendimentos e trocaram o tipo da moeda por frações que desvalorizaram a zero. Então decidi investigar”, diz. Segundo ele, o prejuízo no esquema é muito maior.
Mesmo sendo vítima de um golpe, ele afirma que o investimento nas criptomoedas não foi equivocado, o problema foi confiar em uma pessoa envolvida em fraudes financeiras. “No nosso caso, o responsável que estamos processando é de Curitiba, mas até então os operadores não eram do Brasil e agora estamos reunindo provas de que fomos vítimas de uma grande fraude por pirâmide financeira”, pontua.
O advogado do grupo de Apucarana orientou que eles não tentem fazer contato com o responsável que foi identificado. Quanto aos demais envolvidos, também podem entrar no mesmo processo que está em fase de reunião de provas.
Estelionatários migraram para internet, afirma polícia
O estelionato migrou da abordagem física para a virtual durante a pandemia da Covid-19. Embora a Polícia Civil de Apucarana não tenha estatísticas sobre golpes cibernéticos, afirma que este tipo de ação cresceu nos últimos tempos, principalmente após a grande adesão aos serviços online por parte da população durante a pandemia. Entre as modalidades mais praticadas está clonagem do WhatsApp.
“Existe um amplo número de ocorrências de crimes praticados pela internet, mas esses números não representam o quantitativo do que realmente acontece”, disse o delegado-chefe da 17ª Subdivisão Policial (SDP) Marcus Felipe da Rocha Rodrigues.
De acordo com o delegado-chefe da 17ª Subdivisão Policial (SDP) de Apucarana Marcus Felipe da Rocha Rodrigues, existe um grande número de crimes noticiados, contudo as vítimas não dão continuidade à representação na delegacia. “Um crime depende de representação, mas poucas pessoas retornam, pois têm vergonha. E também é um crime de difícil elucidação porque os criminosos deixam poucos rastros”, informa.
A principal orientação é reforçar a segurança dos equipamentos eletrônicos como celular e computador e nunca expor dados pessoais na internet. “Existe uma variedade de crimes tão grande que não temos conhecimento de tudo que acontece, por isso é importante proteger dados e desconfiar sempre”, orienta
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