O falecimento do Papa Francisco, na última segunda-feira (21), repercutiu e comoveu todo o mundo. No caso do apucaranense Giordano Bruno Barbosa, 36 anos, a rotina no trabalho também foi impactada. Isso porque ele é funcionário do Vaticano, em Roma, onde atua como tradutor e webmanager (gerenciador de sites e redes sociais).
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Giordano faz parte da equipe de comunicação do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral há cerca de dois anos. Ele conta que nesse período de “sede vacante” – momento em que a cátedra de Papa está vaga – os serviços começam a aumentar e ficam mais desafiadores, ainda mais se tratando de um Ano Jubilar.
Nesse período, portanto, os cardeais responsáveis pelos dicastérios - diferentes agências que compõem a Cúria Romana – perdem o poder das decisões. “É um jeito diferente de trabalhar nesses dias. Não podemos, por exemplo, publicar documentos do Vaticano porque não tem Papa, então muito do nosso trabalho fica retido. Isso exige criatividade, paciência, e a hierarquia muda um pouco”, explica Giordano.
Vivendo na Europa há 12 anos, o apucaranense deixou o Brasil para uma missão como cristão ao se tornar um leigo consagrado. Durante dois anos que morou na França, fez mestrado na área de línguas (francês e português). Antes, ainda em solo brasileiro, se formou em psicologia na Universidade Estadual de Maringá (UEM).

Roma em luto
O apucaranense relata que a capital italiana foi bastante impactada com a morte do pontífice. Essa semana, inclusive, seria aproveitada por muitos italianos por conta dos feriados de domingo e segunda-feira, de Páscoa, e da Festa della Liberazione, que celebra nesta sexta-feira (25) os fins da Segunda Guerra Mundial, ocupação nazista e ditadura fascista.
“Roma era para estar ‘vazia’ dos italianos, mas muita gente voltou ou deixou de viajar por causa da morte do Papa. Foi um baita baque, a notícia quebrou o feriado. Para os italianos é um fenômeno de sociedade, eles têm um carinho muito grande com o Papa”, comenta Giordano.
Há um medo entre os italianos de o sucessor que assumir o posto de pontífice ser de outro aspecto ideológico, ou seja, pensar de uma forma diferente do argentino. Contudo, segundo Giordano, é improvável isso acontecer diante dos 110 cardeais, entre os 135 aptos a votar, estarem no conclave justamente por decisão de Francisco.
“Mas o foco nesse momento é na oração pelo Papa Francisco e pelas suas intenções, já que há cerimônias e celebrações solenes durante nove dias. É emocionante ver a fé e o carinho dos fiéis que vêm do mundo todo. O conclave vem mais pra frente, devendo começar lá pro dia 5 de maio”, acrescenta Giordano.
Conversa com o argentino
O apucaranense também conta que guarda consigo o momento especial de ter conversado pessoalmente com o Papa Francisco em maio do ano passado. O encontro aconteceu na casa do pontífice quando era realizado um jantar.
“Já encontrei ele em reuniões e eventos que participei várias vezes. Mas, de conversar pessoalmente, tive uma oportunidade. Fiquei para um evento e estava hospedado na casa do Papa, na Santa Marta. Ele estava de cadeiras de rodas e, após a refeição. nos encontramos no corredor. Me apresentei, falei um pouco do trabalho que exerço na Cúria, ele ouvia com uma atenção profunda, e me senti muito amado. Fez umas piadas por eu ser brasileiro, como: ‘Você acha que cachaça é água”. Ele é muito acessível e humano. O bom humor do Papa sempre foi muito presente. Era alguém sério, mas não era uma pessoa sisuda”, conta.
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