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Programa garante inclusão de alunos surdos em Apucarana

“Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil”. Esse foi o tema da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), aplicada do último domingo a 6,7 milhões de participantes, que tiveram a oportunidade de pensar e escrever sobre a inclusão da

Da Redação

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Professora Silvia Colombo, Giovana Oliveira de Lima e Vinícius do Rego ensaiam com os alunos canções para a Cantata de Natal (Delair Garcia)
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Professora Silvia Colombo, Giovana Oliveira de Lima e Vinícius do Rego ensaiam com os alunos canções para a Cantata de Natal (Delair Garcia)
Escrito por Da Redação
Publicado em 09.11.2017, 13:52:00 Editado em 09.11.2017, 14:01:00
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“Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil”. Esse foi o tema da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), aplicada do último domingo a 6,7 milhões de participantes, que tiveram a oportunidade de pensar e escrever sobre a inclusão da pessoa surda na sala de aula. Em Apucarana, a rede municipal de educação vem se preparando para atender esse público diferenciado. Dez alunos diagnosticados com algum nível de surdez recebem atendimento especializado e têm em sala de aula um intérprete em Libras, a Língua Brasileira de Sinais. 

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Duas vezes por semana, os alunos com deficiência auditiva participam de atividades exclusivas na Sala de Recurso Multifuncional Surdez, que funciona na Escola Municipal João Antônio Braga Côrtes. Além de dar apoio aos alunos surdos, há três anos o Centro de Apoio Multidisciplinar Escolar (CAME) resolveu ampliar o ensino da língua de sinais.

Além da Sala de Recurso, que estimula o desenvolvimento dos alunos e do intérprete em sala de aula, a coordenadora o Came, professora Léia Sofia Soares dos Santos explica que professores de Libras e intérpretes passaram também a ensinar a língua de sinais aos demais alunos da sala e também aos estudantes de outras séries de forma que possam se comunicar com os demais colegas.

“É uma maneira de estimular o diálogo entre as crianças e, ao mesmo tempo, de fazer acontecer a inclusão social. Na rede municipal, os alunos têm a oportunidade de ter contato com uma professora surda e também um estagiário surdo”, diz, observando que essa presença veio para enriquecer o aprendizado e também o respeito com as pessoas surdas.

Para a professora Giovana Oliveira de Lima, 21 anos, estar em sala de aula é uma experiência extremamente positiva, após ter que vencer inúmeras barreiras na própria formação. Ela, que sempre teve intérprete desde a infância, diz que muitas vezes teve sua capacidade intelectual colocada em dúvida. Mesmo assim fez magistério e está concluindo o curso superior em Letras/Libras.

Para Giovana, que foi diagnosticada com surdez na infância, a redação do Enem é um alerta para a sociedade começar a “enxergar” a comunidade surda. “Eu não esperava que a redação tivesse esse tema, mas fiquei muito feliz, porque a sociedade está começando a nos ver como cidadãos. Simboliza também uma conquista para a comunidade surda”, diz a professora, que, além de se comunicar em Libras, fala pausadamente e em tom baixo.

Sobre fazer parte da formação de novos educandos, a professora acredita que está construindo no dia a dia um futuro mais inclusivo. “É um projeto muito interessante, porque vai tornar o futuro mais acessível e também vai permitir ampliar a quantidade de ouvintes capazes de conversar com pessoas surdas de forma mais natural”, espera.

Porém, Giovana sonha além. “Quero ver a Libras como parte do currículo escolar, para que a inserção aconteça de forma mais intensa”, diz. O futuro colega de profissão, o estagiário Vinícius Vicentini do Rego, 21, também acredita num futuro sem tantas diferenças. “Quero ensinar as crianças ouvintes a dialogarem com as surdas, para que haja mais comunicação”, sonha.

Cantata de Natal em Libras
Os alunos que fazem parte do projeto já aprenderam que Libras não é mímica. “Eu gostei de aprender Libras. Agora, eu consigo conversar com outros alunos surdos na hora do intervalo”, revela a estudante do 5º ano da Escola João Antônio Braga Côrtes, Giovana Rafaela Alves.

A colega de sala Karla Mariana de Medeiros, que tem uma irmã de 26 anos deficiente auditiva, comenta que com as aulas de libras a comunicação melhorou. “Eu já conversava com ela, mas agora eu entendo melhor”, garante.E não são só os professores que ensinam Libras.

Os próprios alunos surdos ou com alguma deficiência auditiva também fazem questão de ensinar os colegas. Um exemplo é Rylari Lohayne Fortunato, 8 anos, que tem dificuldade para ouvir. “Direto eu ensino novas palavras aos meus colegas. É comum eles perguntarem como é alguma coisa em Libras”, diz.

A professora de Libras e intérprete Silvia Colombo observa que um exemplo da inclusão vai ocorrer no final do ano, quando alunos surdos e ouvintes vão interpretar duas canções natalinas em Libras durante a Cantata de Natal. 

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