“É uma delícia a salada. Também gosto de comer frutas na escola”, diz a aluna do 3ª ano da rede municipal de ensino de Apucarana, Ana Clara Pinheiro de Oliveira, de 9 anos. A declaração da estudante da Escola Municipal João Antônio Braga Côrtes não é uma raridade e revela uma pequena parte do projeto “Amigos da Alimentação – de mãos dadas com a saúde”, que tem por finalidade ensinar desde as primeiras séries do ensino fundamental a importância de um cardápio variado e saudável. O projeto já foi reconhecido recentemente pelo segundo ano consecutivo pelo Prêmio Sesi ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável).
Ontem, na hora do lanche da tarde, que tinha no cardápio bolo de fubá e vitamina de abacate, a reportagem esteve na escola e acompanhou os estudantes, que revelaram também as preferências do cardápio. “Eu gosto do frango assado em pedaços”, complementou Ana Clara.
Já a coleguinha de Ana Clara, Júlia Sales Franco, de 10 anos, além de salada e de frutas, garante que passou a gostar de peixe. “Antes, eu não comia. Agora, eu gosto e peço também aos meus pais”, diz. Já o estudante Vitor Pierry de Oliveira, de 8 anos, revela que também gosta de frutas, em especial de melancia e de salada. “Também gosto bastante da farofa”, comenta o estudante.
As nutricionistas Jaqueline de Oliveira, diretora geral do setor de Merenda Escola, da Autarquia Municipal de Educação (AME), e Larissa Kapasi, coordenadora do setor de Logística da AME, observam que a variedade faz parte de um cardápio saudável. Por semana, cada criança recebe, em média, 850 gramas entre frutas, legumes e verduras, quantidade superior a recomendada pelo Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), de 200 gramas.
“O cardápio é elaborado de acordo com os hábitos alimentares locais, priorizando os alimentos produzidos pela Agricultura Familiar, por serem frescos, além de seguir as orientações do PNAE e o próprio conhecimento referente à nutrição saudável”, acrescenta Jaqueline.
Além disso, as profissionais observam que sempre estão atentas à harmonização e também à quantidade, para conseguirem atender todos os macros e micronutrientes necessários aos alunos. “Isso é importante para que os alunos tenham crescimento adequado e também aprendizagem, no que tange à alimentação. Para isso, o cardápio também é pensado de acordo com a faixa etária das crianças, privilegiando todos os grupos alimentares”, observa Larissa.
RESTRIÇÃO - Além da faixa etária, as nutricionistas ressaltam que as crianças com restrições alimentares têm o cardápio adaptado, como aquelas com intolerância ao glúten, lactose ou diabetes, por exemplo. Ao todo, na rede municipal, cerca de 200 crianças têm alguma restrição e recebem atendimento especializado. Para isso, os pais precisam levar um laudo comprovando o diagnóstico do filho.
Neste ano, o projeto foi um pouco mais além e, com intuito de combater a obesidade infantil, realizou a pesagem de todas as crianças. “Aquelas que estão com sobrepeso, entramos em contato com os pais e fazemos orientações à parte, para evitar problemas de saúde no futuro, sublinha Jaqueline. No próximo ano, haverá uma nova pesagem para fazer o comparativo.
Educação nutricional
As crianças não só veem os alimentos prontos, elas também aprendem em sala de aula a importância de cada grupo alimentar. “Em sala de aula é trabalhada também a educação nutricional. Tem atividades de degustação e outras mais pedagógicas”, diz a nutricionista Jaqueline de Oliveira, diretora geral do setor de merenda escola.
A diretora Edna Mansano observa que o assunto é tratado diariamente com as crianças, começando com a apresentação do cardápio do dia. Além disso, elas também aprendem sobre a importância de evitar o desperdício.
O projeto, desenvolvido há cinco anos na rede municipal, já tem apresentado mudanças significativas nos hábitos alimentares das crianças. “Hoje em dia, elas não reclamam na hora de comer a salada ou fruta. Também passam a comer todos os tipos de carnes, porque estão acostumados e sabem da importância dos alimentos”, avalia a diretora.
“Também percebemos que diminuíram os casos de crianças com dor de cabeça e com diarreia, porque elas estão se alimentando melhor e, caso tem alguma restrição, é respeitada”, afirma.
As nutricionistas comentam ainda que toda a equipe, que prepara os alimentos passam pro capacitação regularmente.
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