Para muitos, aposentadoria é sinônimo de descanso. Mas não para Milton de Oliveira Dias. Aos 66 anos, o ex-técnico em contabilidade passou no vestibular em duas universidades federais. Após não se adaptar ao curso de Licenciatura em Computação, ele resolveu iniciar o curso de Engenharia Elétrica ofertado pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), campus Apucarana (norte do Paraná).
Milton nasceu em Jandaia do Sul (cidade a . Após se formar como técnico em contabilidade, ele se mudou para Curitiba em 1973. Dois anos depois, passou em um concurso do Banco do Brasil, onde trabalhou por 20 anos. Passou por Dois Vizinhos, retornou a Jandaia do Sul e acabou se estabelecendo em Maringá.
Em 1995, deixou o banco e se tornou representante comercial de uma empresa de confecções. Mais 20 anos se passaram e, em 2015, ele se aposentou. Mas ficar parado não estava nos planos. “Eu não queria ficar como a maioria dos aposentados. Não queria ficar em casa vendo TV ou em uma praça jogando dominó. A aposentadoria é algo muito solitário e eu não queria isso para mim. Então resolvi estudar”.
O objetivo era passar em um concurso. “Tentei uns três concursos e não passei. Então, resolvi fazer o Enem e acabou dando certo. Voltei para Jandaia do Sul para cursar Licenciatura em Computação na Universidade Federal do Paraná (UFPR)”, disse. A escolha do curso se deu pela familiaridade com processamento de dados e linguagem computacional, que ele adquiriu na época do Banco do Brasil. No entanto, por ser um curso de licenciatura, ele não se adaptou.
“Fiz um semestre. Como era um curso para dar aula, acabei não gostando muito e abandonei”, explica. Ele resolveu fazer o Enem novamente e conseguiu uma vaga em Engenharia Elétrica no campus de Apucarana UTFPR.
Empolgação
Ele se mostra empolgado com o início das aulas. “É uma área que eu gosto bastante. Sei que vou ter que batalhar mais do que os mais jovens, que estão com os conteúdos mais ‘frescos’ na cabeça. Não adianta fugir da realidade: o tempo passa e a cabeça vai tendo mais dificuldade para fixar os conteúdos. Por isso, vou precisar contar com a compreensão dos professores e dos colegas”, aponta.
Casado e com dois filhos, ele não pretende se mudar para Apucarana, e planeja pegar a estrada todos os dias para frequentar as aulas, que acontecem nos períodos da tarde e da noite. Apesar da idade, ele pretende, ao final do curso, exercer a profissão. “Não faz sentido passar cinco anos estudando e não exercer. Se houver a oportunidade de trabalhar em uma empresa, acharia ótimo. Se não der, tudo bem, posso fazer pequenos projetos”.
Servir de inspiração
Ele gostaria que o seu gesto inspirasse outras pessoas como ele. “Se existe a disponibilidade e há essa estrutura de universidades disponível, por que não? Hoje é mais fácil entrar em uma universidade do que quando eu era mais jovem. Se os idosos como eu também investissem em educação, acredito que o mundo seria melhor”.
Deixe seu comentário sobre: "Aos 66 anos, aposentado inicia curso de engenharia em universidade federal"