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Ex-ferroviários de Apucarana relembram período de ouro da 'mãe' rede ferroviária

Quem é a mãe de uma cidade? Por mais que pulse, cresça, se desenvolva e pareça, em muitos aspectos, um organismo vivo, é estranho fazer uma definição como essa. No entanto, a história de Apucarana mostra que a cidade possui essa peculiaridade. Ela pode se

Da Redação

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Ex-ferroviários de Apucarana relembram período de ouro da rede ferroviária - Foto - S
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Ex-ferroviários de Apucarana relembram período de ouro da rede ferroviária - Foto - S
Escrito por Da Redação
Publicado em 28.01.2017, 10:30:00 Editado em 28.01.2017, 14:40:03
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Quem é a mãe de uma cidade? Por mais que pulse, cresça, se desenvolva e pareça, em muitos aspectos, um organismo vivo, é estranho fazer uma definição como essa. No entanto, a história de Apucarana mostra que a cidade possui essa peculiaridade. Ela pode ser considerada uma das filhas da chamada ‘mãe-rede’, apelido que expõe o carinho compartilhado pelos antigos empregados da Rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima (RFFSA). Por causa dela, o município se tornou um dos mais importantes entroncamentos ferroviários do estado, trazendo progresso e ajudando a desenvolver a ‘Cidade Alta’.

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A chegada da rede ferroviária à cidade, conectando o norte do Paraná a São Paulo, aconteceu em 1943. Essa chegada já evocou a relação materna entre a ferrovia e o município, pois nove meses depois nascia oficialmente Apucarana, emancipada em fevereiro de 1944. 

O segundo ramal ferroviário, indo em direção a Ponta Grossa, foi iniciado cinco anos depois. A Ferrovia Central do Paraná, que une Norte e Sul, demorou 15 anos para ser finalizada e deu nome, em Apucarana, a uma das mais extensas avenidas da cidade iniciada a partir da já demolida Estação ferroviária do Jardim América. A alcunha de ‘mãe-rede’ dada à empresa pelos funcionários se dá pelo suporte que eles recebiam, como moradia. 

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Em Apucarana, dezenas de casas foram disponibilizadas à beira da ferrovia para os funcionários. Hoje, elas ainda estão lá, mas poucas continuam ocupadas por antigos ferroviários. Entre os que continuam no local está o ex-mecânico de composições, Sílvio Jordão da Silva, que mora em um dos imóveis da antiga rede na beira da Central do Paraná. “Era uma época muito boa. Havia uma ‘aura’ no trabalho, um certo status para quem trabalhava na ferrovia. 

Era motivo de orgulho dizer que trabalhava na rede ferroviária. Isso mudou muito. Hoje não existe mais isso”, lembra ele, que trabalhou durante 22 anos na empresa e se aposentou em 1998, ano da privatização da companhia. Alguns detalhes, que estão presentes até hoje e que poucos notam, mostram essa importância que a ferrovia recebia em outras épocas. Em uma época de estradas precárias, a estação ferroviária era a principal ‘porta de entrada’ da cidade.

Não à toa, a Catedral Nossa Senhora de Lourdes foi construída com a frente voltada para a estação. A ferrovia era o caminho por onde pessoas chegavam e produtos saiam e entravam. Era a via de gente importante e também de riqueza.  “A privatização do serviço impactou muito nisso tudo. Antes, havia um sentimento forte dos funcionários com a rede. A maioria trabalhava com amor, com vontade de fazer o melhor serviço possível. Depois da privatização, o foco se voltou para o lucro. A qualidade do serviço parece que ficou em segundo plano”, diz Sílvio. 

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Privatização
A RFFSA foi privatizada no governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), em 1998. O objetivo maior de passá-la para o setor privado foi o de acabar com gargalos na infraestrutura do setor ferroviário no país, devido à falta de capacidade de investimento do Governo na época. 

Orgulho é a palavra que Aparecido Maurício Rocha usa para definir o seu antigo trabalho na rede ferroviária, onde ficou por 14 anos. “Havia um sentimento de que nós ajudávamos o país a crescer. Éramos brasileiros trabalhando em uma empresa brasileira que transportava as riquezas do nosso país”, destaca. 

Com o tempo, Apucarana cresceu, o trabalho perdeu o status que tinha e as rodovias acabaram ocupando o lugar que antigamente era das ferrovias. “Hoje se fala muito na retirada dos trilhos, não é? Isso é muito doído para o ferroviário.

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Aquela importância que nos davam não existe mais. Trouxemos progresso para a cidade durante décadas e agora nos fazem parecer intrusos”, afirma Rocha, que começou como maquinista e se aposentou como técnico em segurança da RFFSA. Ainda hoje, Apucarana é cortada por quase 20 km de trilhos na área urbana e tenta, desde 2008, emplacar um projeto para implantação de um contorno e retirada dos trilhos. Ele lamenta a situação. 

“A cidade foi chegando aos trilhos, não o contrário. A rede está onde sempre esteve. Faltou planejamento das administrações públicas do passado em ver que talvez não fosse uma boa ideia avançar a cidade para o lado dos trilhos”.

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