A modelista Bruna de Cássia Santos, 27 anos, desembolsou R$ 1,7 mil no primeiro semestre para fazer a primeira habilitação, categoria B, que é a permissão para dirigir somente carro. A apucaranense avalia que o preço, mesmo com desconto de 10%, está caro.
“Quando as minhas irmãs fizeram autoescola há cerca de 5 anos, elas pagaram bem menos, em média, R$ 1,2 mil”, calcula. Bruna pagou 41% a mais que as irmãs. “Consegui o desconto, porque entrei na última turma antes da obrigatoriedade do simulador”, diz. Em cinco anos, o aumento do custo para obter a CNH chega a 96%, passou de R$1.250 para R$2.450, nos dias atuais - na categorias A/B, uma das mais procuradas porque inclui moto.
O presidente da Associação das Autoescolas de Apucarana, Rildo Galeriani, argumenta que o processo de formação de condutores, nos últimos anos, passou por readequações, o que impactou drasticamente no preço.
“Novos exames foram inseridos, novas tecnologias, como o simulador, o número de aulas práticas e teóricas obrigatórias também aumentou, além do reajuste de taxas do Detran em 2012%, quando algumas subiram mais de 300%”, argumenta.
Na avaliação de Galeriani, o processo também ficou mais complexo. “Há 20 anos, não precisava fazer autoescola, era só ir no Detran e fazer o teste no próprio carro. Hoje em dia, a missão das autoescolas é formar condutores. Tanto é que o exame psicológico foi desmembrado em entrevista e teste de raciocínio lógico”, pontua.
Além dos reajustes das taxas do Detran e das novas exigências, como carga/horária, o proprietário de uma autoescola, Giovani Vitalino, de Apucarana, observa que o preço da gasolina e manutenção da frota também pesa no orçamento das autoescolas. “A cada três dias temos que encher o tanque do carro e preço da gasolina não diminui, mesmo com os anúncios de reajustes”, observa. O Detran também exige que os carros das auto-escolas tenham no máximo cinco anos de uso. O aumento dos preços tem impacto direto na emissão de CNHs.
De acordo com dados do Detran, de janeiro a outubro deste ano, houve uma queda de 17% na emissão da primeira habilitação. Em Apucarana, a queda foi de 23%, Arapongas 28%, e Ivaiporã 17%. O único município que registrou alta foi Jandaia do Sul, que passou de 606 para 746. Por outro lado, no anuário estatístico do Detran, de 2010 a 2014 (última data disponível), os municípios registraram um aumento expressivo na procura pela primeira habilitação. Em Apucarana, por exemplo, em 2010, 1.753 pessoas obtiveram a carteira de habilitação, em 2014, foram 2.330, um aumento de 32%. Cenário bem diferente de agora, segundo Galeriani.
“Atualmente, com a crise, as pessoas só dão entrada para tirar a carteira de motorista se realmente precisam do documento”, garante. Este é o caso dos alunos Lucas Gabriel Marques, 19 anos, e Lucca Clemente, 18 anos, ambos de Apucarana. Os dois pretendem, assim que terminarem o processo, usar o veículo para ir trabalhar e para estudar. “Pretendo comprar um carro para usar no trabalho e na faculdade”, planeja Marques, que faz Ciências Contábeis. E como bom contador economizou para fazer a carteira à vista e garantir um desconto de 20%. O colega Clemente também pagou à vista a autoescola e também garantiu desconto.
“Para mim, a habilitação é importante porque vou conseguir chegar mais cedo em casa da faculdade”, planeja. Ele faz Agronomia em Londrina. Crise faz auto-escolas congelarem preços Apesar do preço quase duplicar em cinco anos, de 2015 para 2016, as autoescolas de Apucarana praticamente congelaram os preços. No ano passado, para tirar a carteira na categoria B, de carro, custava R$ 1,9 mil. Atualmente, o preço continua o mesmo. O valor para fazer habilitação nas categorias A/B (carro e moto) também não sofreu alterações.
Em 2015 era de R$ 2,4 mil, mesmo valor aplicado nas autoescolas neste ano. Para garantir um número maior de alunos antes da exigência do simulador, entre maio e junho, as autoescolas fizeram promoção. O processo saiu por cerca de R$ 1,7 mil. “Incorporamos o preço do simulador de direção, para continuar vendendo. Estamos trabalhando no limite”, afirma o Giovani Vitalino, proprietário de uma autoescola em Apucarana. E na maioria das autoescolas, o preço é parcelado em até 10 vezes.
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