O anúncio de redução do preço da gasolina e do diesel feito pela Petrobras não chega ao bolso do consumidor em Apucarana. Já o preço do etanol disparou nas últimas semanas e pressiona o setor, que estima um aumento no valor da gasolina, que tem 27% de etanol em sua composição.
A reportagem visitou vários postos na terça-feira (1) e constatou que o preço médio do álcool é de R$ 2,99. A última pesquisa da Agência Nacional do Petróleo (ANP), realizada no dia 24 do mês passado, aponta como média R$ 2,75, o que representa um aumento de 9%. Em reais, uma diferença de R$ 0,24 por litro.
Segundo o gerente de uma rede de postos de combustíveis, Orestes Bobeki, de Apucarana, nas últimas semanas, o preço do etanol teve uma alta de 9,5%. “O argumento apresentado é o baixo estoque de etanol, o que afeta a gasolina, que leva em sua composição o álcool. Se aumentar mais, vai ficar inviável abastecer com etanol”, comenta.
Aliás, em Apucarana, abastecer com etanol não é um bom negócio na maioria dos postos. A conta é simples. Segundo a ANP, ao dividir o preço do litro do álcool pela da gasolina, se o resultado for maior que 0,7, é melhor abastecer com gasolina. Se pegarmos o preço médio do álcool R$ 2,99 e dividir por R$ 3,85, preço médio da gasolina na cidade, o resultado final será 0,77, o que não é vantajoso. O proprietário de outro posto de combustível Wellington Kreb, de Apucarana, observa que, num período de 20 dias, o custo etanol aumentou 19%.
“No dia 1ª de outubro, o litro do etanol custava R$ 2,22. No dia 22, do mesmo mês, passamos a pagar R$ 2,66. E não parou aí. O preço continuou aumentando”, afirma kreb. A consequência é uma só: o preço na bomba aumentou. “Não tem como segurar. Geralmente, não repassamos os aumentos picadinhos que recebemos, mas chega uma hora que a conta não fecha e temos que repassar o reajuste”, diz. Na avaliação do empresário, o preço da gasolina está no limite.
“Se o etanol continuar subindo, a gasolina vai aumentar”, diz. O argumento é justamente o percentual de etanol na gasolina. A expectativa é que o diesel tenha aumento nas próximas semanas. Em Ivaiporã, segundo Vanessa Lopes, responsável pela compra dos combustíveis de um posto junto às distribuidoras, a queda aunciada não foi repassada para os postos de combustíveis. “Na verdade, subiu um pouco. Com a alta contínua, não houve baixas nas distribuidoras”, assinala. Ainda segundo Vanessa, os donos de postos de Ivaiporã estão, inclusive, segurando os preços para não perder cliente e diminuindo a margem de lucro.
Consumidor
Por outro lado, o consumidor que tanto esperava a redução está pagando mais caro. O vendedor autônomo Tiago Bovo precisa encher o tanque toda semana para trabalhar. “Não tem outro jeito. Preciso abastecer”, afirma.
Em menos de 15 dias, ele está pagando R$ 10 a mais cada vez que enche o tanque. O também vendedor Adenilson Sartor, diante dos aumentos sucessivos dos combustíveis, resolver trocar o carro pela motoneta durante a semana. “Eu gasto R$ 30 por mês para abastecer. Antes com o carro, que uso agora só no fim de semana, gastava no final do mês R$ 800”, calcula. (Colaborou Ivan Maldonado)
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