Embora o Japão tenha enviado seus primeiros imigrantes ao Brasil em 1908, os primeiros japoneses pisaram em 1936 em áreas de terra que futuramente iriam tornar-se Apucarana. De início, apenas dez famílias, cerca de 80 pessoas, enfrentaram o desafio de derrubar matas, construir suas casas e iniciar a produção de café. Oitenta anos depois dessa primeira leva de pioneiros, estima-se que Apucarana tenha hoje mais de 5 mil moradores descendentes de japoneses.
No mesmo ano, em 1936, iniciou o projeto Cidade Yamato, que previa a entrada de 100 famílias de imigrantes japoneses. Apesar do número de pessoas não ter sido atingido, o projeto Yamato se propagou, formando cinco seções espalhadas por Apucarana. Entre os pioneiros que cresceram junto com a história da colônia, estão a agricultora Massako Kayukawa Suzuki, de 82 anos, e o irmão, o ex-vereador Satio Kayukawa, 72 anos. “Nossa família e as outras vieram por conta das consequências da 1ª Guerra Mundial, resultando na falta de alimento e excesso populacional”, conta Satio. Massako explica que o pai chegou em abril de 1936 e acredita que a família tenha sido primeira a chegar em Apucarana. A primeira casa da família, construída no sítio onde hoje fica o Asilo São Vicente de Paulo, tinha paredes feitas de palmito, material abundante na época e de fácil manuseio que, com o tempo foi substituído pela madeira de lei e peroba.
Sem comércio na cidade, o pai de Satio e Massako ia a pé até Rolândia fazer compras para casa. “Ele ia em um dia e voltava no outro. Depois ele comprou uma carroça, mas mesmo assim tudo era mais difícil naquele tempo”, acrescenta. Massako é casada com o pioneiro Massamitsu Suzuki, 80 anos, e ainda participa das aulas de dança Bon Odori. “Eu lecionava as aulas de Bon Odori, mas com o passar dos anos voltei a ser aluna”, relembra a pioneira. Quem também conta um pouco da história da imigração japonesa na cidade é o dentista apucaranense Paulo Yoshii, 73 anos, também de família pioneira.
Ele é neto de Sojiro Yoshii e filho de Haruo Yoshii. “Morávamos a 2 km da cidade, era tudo mato até a Vila Regina. Quando andávamos pela cidade era comum cruzar com animais selvagens, como onça, jaguatirica, veados”, recorda. Para Yoshii, a maior dificuldade em manter a cultura japonesa é pelas facilidades que o mundo oferece hoje. “Os japoneses são respeitados pela disciplina, seriedade, mas demos mais mordomias para os nossos filhos e eles podem acabar perdendo o foco da tradição japonesa. É por isso, que temos a Acea, para resgatar as tradições da cultura”, reforça.
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