Três gerações, um mesmo ofício. A família Metta, de Apucarana, há quarenta e cinco anos se dedica ao plantio de flores. Atualmente, além dos seis filhos de seu Ildefonso, 74, e Maria Carvalho Metta, 73, os netos também começam a conhecer as técnicas de cultivo de crisântemos, tangos, gérberas, áster, rosas, entre outras espécies. Em quatro décadas de trabalho muita coisa mudou no processo produtivo, as estufas são automatizadas e as mudas são compradas, e não mais enxertadas, mas algo que não se alterou com o tempo é a dedicação e o carinho com as flores.
Juntas as propriedades família Metta produzem, somente para o Dia de Finados 200 mil vasos de crisântemos, nos outros meses do ano cada filho é responsável pela sua produção e escolhe a espécie que mais se identifica. Luís Carlos, 48, e José Ângelo, 44, por exemplo, produzem crisântemos o ano inteiro. Já Carlos Roberto, 49, aposta na produção de gérberas. Marcos Aurélio também produz crisântemo, mas de pacote, para decoração. Ildefonso Júnior, 38, produz gérbera de corte e áster. E Sérgio Henrique, 42, é o responsável por cultivar rosas, espécie que deu início ao negócio da família.
Ildefonso, que na época era mecânico, recorda que um dia precisou comprar peças para concluir o conserto de um trator. Porém, ao chegar na Massey Ferguson, em São Paulo, não conseguiu comprar a peça de imediato. Enquanto esperava, resolveu conhecer Roselândia e comprar algumas mudas de rosas, que foram plantadas na chácara do sogro. Após seis anos pesquisando qual era a melhor maneira de fazer enxerto, pulverizar e podar as rosas, ele decidiu vender a casa e comprar uma chácara no Contorno Sul de Apucarana. “Um belo dia, depois da poda, vi uma roseira florida com 75 rosas. Aquela imagem me impressionou e disse para mim mesmo: agora eu já sei plantar rosas”, recorda.
O conhecimento da profissão, segundo seu Ildefonso, que hoje tem como hobby um orquidário com mais de 1500 variedades, foi passado de forma natural aos filhos no dia a dia. “Sempre nos entendemos muito bem e estamos juntos até hoje. E com o negócio prosperando”, afirma. Seu Ildefonso começou com uma chácara de dois alqueires. Atualmente são três chácaras dedicadas exclusivamente para a produção de flores.
Na opinião de Luís Carlos, que já vendeu dois imóveis na cidade para aumentar a área da chácara, seguir os passos do pai foi uma decisão acertada. “Eu gosto muito do que faço. Sempre estou pesquisando para saber o que posso melhorar. Recentemente, comecei usar produtos homeopáticos para controlar pragas e diminui com isso 40% o uso de agrotóxicos”, diz.
O filho de Luís Carlos, Luís Guilherme, 20, também garante que nem pensa em mudar de ofício. “Tive várias oportunidades no esporte e também como modelo, mas essa vida eu não troco”, assegura.
Nova Geração
Formado em Agronegócios, Luís Guilherme Metta, 20 anos, acredita que o conhecimento acadêmico vem para somar e, futuramente, expandir ainda mais o negócio da família. “O meu avô e o meu pai já mostraram que o que fizeram dá certo, mas nós (netos) chegamos com novas ideias”, diz. Entre as ideias do caçula nos negócios está a automatização das estufas. “Era bem difícil fazer todo o trabalho manual. Por exemplo, o crisântemo é uma flor que se desenvolve mais à noite, mas como produzimos no verão também sempre tínhamos que ficar puxando a lona manualmente, o que era muito trabalhoso”, sublinha.
Outra inovação de Luís Guilherme é aproveitar a entressafra de crisântemos para cultivar tomate. “Estamos fazendo um teste em uma das estufas usadas semente para a produção de crisântemos de Finados”, revela Luís Carlos Metta, 48, pai de Luís Guilherme. O filho entende que, como o investimento foi alto para a construção da estufa, não pode ficar parada. Ao ver a disposição do filho, seu Luís Carlos esbanja orgulho. “Fico muito contente por ser uma escolha dele. Ele teve outras oportunidades, mas preferiu ficar aqui”, diz.
Família Metta representa 14% da produção de crisântemos do PR
Segundo o Departamento de Economia Rural (Deral) a família Metta responde por 14% da produção de crisântemo de todo o Estado. Além do Paraná, as flores que saem das estufas de Apucarana, no Contorno Sul e no Distrito de Pirapó, abastecem também o interior de São Paulo. Mas nem sempre os números impressionaram, quando seu Ildefonso iniciou na atividade, no início da década de 1970, a falta de informação sobre cultivo de flores na região fez com que o negócio progredisse de forma tímida. Atualmente, quando precisa inovar no negócio sempre busca informações em centros de referência, como Holambra, em São Paulo.
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