O frango de corte ocupa hoje o posto, que durante muitos anos foi do café, de cultura agrícola que mais movimenta dinheiro em Apucarana. A importância da criação avícola se reflete nos números: cerca de 37% do Valor Bruto de Produção Agrícola (VBP) do município vem da criação de aves, gerando em 2014 mais de R$ 86 milhões. Vários produtores têm investido cada vez mais no setor, que encontra terreno fértil para se fortalecer ainda mais na cidade.
O produtor Everton Ciroque é um dos que largou o plantio de café, que é mais difícil, com ciclo maior e mais vulnerável ao clima, e partiu para a avicultura. “Não me arrependo nem um pouco. Comecei a produzir café em 2007. Cheguei a ter 30 mil pés plantados. Mas é muito difícil conseguir mão-de-obra hoje em dia. Nos três anos que plantei café, o lucro não chegou a um da granja”, afirma.
Atualmente ele possui três aviários, com um total de 100 mil frangos. “Os barracões ocupam pouco espaço. No restante da propriedade, plantei eucaliptos para utilizar no aquecimento dos frangos e, com isso, diminuo ainda mais os meus gastos. Os lucros ficam perto de R$ 20 mil por barracão a cada dois meses”, conta.
O ciclo do frango é bem menor do que de outras culturas, ficando entre 45 e 60 dias. Os criadores funcionam como subsidiários de grandes empresas e frigoríficos, que fornecem toda a base técnica, além de pintinhos, ração, entre outras coisas. Caminhões dessas empresas deixam os pintinhos nas propriedades, com ração suficiente para que eles cresçam, e depois de um mês e meio, retornam para levar os frangos prontos para o abate. Diversas empresas do ramo estão instaladas em Apucarana e região.
O trabalho do avicultor é realizar os investimentos necessários para a construção e manutenção do aviário, além de cuidar dos animais. “Os aviários são todos fechados, climatizados, com sistema de refrigeração e aquecimento, tudo automatizado, monitorado por computador. Apenas dois funcionários são necessários. Não dependemos das condições do tempo para trabalhar. Enfim, são diversas vantagens”, explica Fábio Christófoli, agricultor no município.
Uma das maiores granjas da região fica na propriedade em que ele é sócio. Construída há cerca de três meses, a granja abrange quase 60 mil cabeças, o dobro do tamanho mais comum nas propriedades da região. Feita em alvenaria ao invés das lonas normalmente utilizadas nas paredes, a construção foi feita custando mais de R$ 600 mil.
“Essa é uma das principais dificuldades para os produtores. O custo do investimento inicial é bem grande. Mas na cidade, há o apoio da prefeitura e do Banco do Brasil, que possui linha de crédito específica para o avicultor. Outra dificuldade é a energia elétrica. As granjas demandam muita eletricidade, que anda cara. E se a luz cair, o prejuízo pode ser grande”, afirma.
Ele possui ainda outra granja na propriedade, com capacidade para 30 mil frangos, além de área para o plantio de soja e trigo. “Utilizo os rejeitos da granja como adubo para o plantio, diminuindo os custos da lavoura”, diz.
Marinez Lopes é funcionária do aviário. “A avicultura é uma bênção para o trabalhador agrícola. É muito mais fácil do que o trabalho na lavoura. Tudo é automático e o serviço é bem menos pesado. A parte mais difícil é limpar a granja no dia anterior à chegada dos novos pintinhos. O restante do trabalho é apenas monitorar a situação deles”, conta.
Pequenas propriedades levam vantagem
Supervisora regional da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar) em Apucarana, Alessandra Trevisan ressalta que a avicultura é especialmente vantajosa em pequenas propriedades. “Espaços restritos, onde outras culturas, como a soja, não são vantajosas, tornam-se propícias para a criação de aves de corte. O alto custo de construção é o que restringe um pouco. Mas existem linhas de crédito específicas, o que ajuda o agricultor”, afirma.
Segundo ela, o setor avícola é uma boa aposta, tendo ainda muito fôlego para expandir. “Estamos em uma região propícia. Os aviários precisam, por questões sanitárias, ficarem a pelo menos três quilômetros de centros de reprodução. Em Apucarana, não temos esse problema”, ressalta.
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