Trinta e um grafiteiros, de diversos estados, se reúnem neste sábado (15) e domingo (16), das 9h às 18 horas, com o intuito de transformar o visual do Colégio Estadual Nilo Cairo de Apucarana. A iniciativa, que faz parte do Wall Of Street - Encontro Nacional de Graffiti, ganhou forma após uma conversa no início deste ano entre a professora de Artes Larissa Bovo e o grafiteiro apucaranense Márcio Zion, organizador do evento. Cada artista terá um espaço de 5 m² para expressar a sua arte. Como tela, eles terão o muro e algumas paredes internas da instituição. E, claro, o spray será o instrumento principal para dar forma, ao final, de um verdadeiro mosaico de arte contemporânea ao ar livre.
Entre os convidados de peso está o artista plástico Shock, de São Paulo, que tem trabalhos reconhecidos dentro e fora do Brasil. Acompanhando de outros profissionais, ele, que é artista plástico bacharelado e licenciado pela Faculdade Paulista de Artes e pós-graduado na Escola de Belas Artes de São Paulo, ministrou um workshop ontem à noite para alunos no colégio.
Durante o workshop, Shock explicou algumas técnicas, mas principalmente o conceito e a diferença entre grafite e pichação. “A pichação começou em São Paulo e só existe no Brasil. Não é que lá fora não tenha pichação, mas é realizada de outra forma. Antes, o piche tinha cunho mais político, em especial, na Ditadura, com frases de protesto. A ideia é transgredir, marcar um território com seu nome ou personagem”, explica.
Apesar do grafite ter surgido com o mesmo conceito, ele ressalta que tem como regra respeitar o espaço do outro. “A diferença básica entre pichação e grafite é a legalidade. As duas expressões artísticas vêm de culturas reprimidas”, afirma.
Para os estudantes, o artista quer transmitir uma mensagem bem simples: ser feliz. “Não pode desistir de ser feliz, de fazer o que gosta, de sonhar. E mais: não acredito em dom. Acredito em treino. Tecnicamente ninguém sabe nada, se aprende”, define.
Zion, por sua vez, revela que, apesar do grafite ainda ser pouco expressivo na cidade, por causa da falta de incentivo cultural, pretende desta forma aproximar os jovens com esta forma de expressão artística. “O grafite é visto como cultura periférica, e, por isso, não é encarado como arte, mas é”, defende. Além disso, ele acredita que quanto mais ações forem desenvolvidas na periferia, mais vai conseguir livrar os jovens das drogas e do crime.
A professora Larissa Bovo comenta ainda que a intenção é democratizar a arte e tornar o ambiente escolar mais receptivo. O custeio de transporte, alimentação e material para pintura foi feito através do programa Ensino Médio Inovador.
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