Os índios que estão acampados em Apucarana desde o mês de junho foram intimados pelo município e Conselho Tutelar a evitar a mendicância de crianças na cidade.
A comunidade pretende, no entanto, voltar para sua aldeia. O grupo maior de caingangues, de 38 famílias e cerca de 100 membros entre eles dezenas de crianças, está acampado no terreno ao lado do Parque Japira, onde deveria estar construída uma hospedaria para eles, a Casa de Passagem.
Mas os caingangues não ficam somente na área e saem para vender seu artesanato ou somente pedir esmolas aos apucaranenses e, na maior parte das vezes, as crianças são colocadas para pedir dinheiro. Esta situação provoca reclamações diárias ao Conselho Tutelar. Diante disso, o órgão decidiu tomar providências legais.
Segundo o Conselho Tutelar, apesar das comunidades indígenas estarem protegidas por leis federais, a situação de risco enfrentada pelas crianças abre espaço para atuação do órgão.
Além de membros do Conselho Tutelar, a Secretaria de Meio Ambiente, e o Centro de Referência em Assistência Social (CRAS) da região do Jardim América conversaram com os índios e houve entendimento.
“Ainda falamos a eles que se permanecerem na cidade as crianças vão ter que ir para a escola e não podem pedir esmolas”, relata a conselheira tutelar Naiara de Oliveira.
A legislação permite que uma criança indígena possa ser entregue para a responsabilidade de qualquer familiar. “Já encaminhamos uma criança para o acampamento, esta não voltou para a rua. Dá impressão que os índios revezam as crianças que vão pedir dinheiro”, presume.
Diante das obrigações legais apontadas pelos representantes do município, os índios decidiram voltar para a reserva.
“O líder nos confirmou que devem voltar nos dias 8 e 13. Mas pediram ajuda com transporte porque passam dificuldades financeiras”, relata a conselheira.
O município se dispôs a ajudar cedendo ônibus e caminhões para levar os acampamentos e os próprios índios para a aldeia Água Branca, na região de Tamarana.
“Nós vamos levá-los, conforme o acordado para ajudar”, disse Paulo Pedroso Mandágua de Almeida, da secretaria de Relacionamentos para Comunidade.
Os índios, entretanto, devem retornar para Apucarana no final do ano para comercializar o artesanato.
“Voltamos agora para fazer o plantio de alguns alimentos de consumo familiar. Geralmente no período frio, quando não conseguimos trabalhar na roça, saímos com as mulheres para vender seu artesanato”, explicou o líder indígena, Jeremias Caingangue Campolim, 43.
Já sobre a educação das crianças, Campolim confirma que elas estão fora da escola. “Nossa comunidade é nova, não tem escola. Só no ano que vem a prefeitura de Tamarana vai por uma linha de ônibus para buscá-los na reserva”, conta ele.
Foto: N.D. TNONLINE
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