Personagem indispensável para o bom funcionamento de uma casa, o trabalhador doméstico está presente desde os primórdios da história humana. Responsáveis por limpar, lavar, passar, cozinhar, cuidar do jardim e da segurança da casa, entre outras demandas domésticas, o perfil deste profissional se transformou nos últimos anos. Apesar da extensão de alguns direitos trabalhistas para a categoria, como férias, 13º salário e benefícios previdenciários, um número cada vez maior de trabalhadores têm trocado o trabalho mensal pelo diário. Entre os atrativos estão remuneração maior e flexibilidade de horário. Reflexo disso, a empregada doméstica tradicional, que passa anos a fio trabalhando todos os dias para a mesma família, é artigo cada vez mais raro no mercado de trabalho.
A advogada Graciela Vituri, de Apucarana, por exemplo, está à procura de uma profissional desde março, mas não consegue contratar ninguém qualificado para a vaga. As principais exigências são boas referências e escolaridade básica para conseguir anotar os recados telefônicos. “Já tenho uma empregada que está comigo há 10 anos, mas ela não saber escrever. Preciso de alguém para ajudá-la nas atividades domésticas e que consiga anotar os recados”, diz.
De acordo com Graciela, as profissionais estão dando preferência para diárias, o que não seria interessante para ela no momento. “Necessito que essa pessoa que ajude constantemente a organizar a casa, que faça as compras e cuida da minha filha, de cinco anos, no final da tarde, quando volta do colégio”, relata.
“Acho que não estou exigindo demais, mas está muito difícil conseguir contratar uma boa profissional”, afirma. Além da flexibilidade do horário e da remuneração obtidas com o trabalho de diarista, a advogada acredita que muitas mulheres não querem mais a profissão por causa do preconceito e desvalorização da profissão. “Eu pago o salário da categoria, mas parece que isso não tem sido atrativo”, opina, referindo-se ao salário mínimo regional do Paraná, reajustado recentemente para R$ 811,80.
A presidente do Sindicato dos Trabalhadores Domésticos de Apucarana e Região, Odete Maria de Jesus, confirma que, nos últimos anos, houve uma migração do trabalhador doméstico. “Hoje a preferência deles é pela diária”, afirma ela. Apesar da diarista perder em termos de proteção trabalhista, uma vez que geralmente esse trabalho é sem registro em carteira, ela ganha em termos de remuneração. O valor de uma diária em Apucarana hoje varia de R$ 50 até R$ 70. Trabalhando pela remuneração mínima em 25 dias por mês, o trabalhador doméstico tem um rendimento mensal de R$ 1.250.
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