Romper com a cultura da indiferença é a proposta da Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla que se encerra hoje. Desde o dia 21 as Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apaes) de todo o Brasil discutiram o tema “A pessoa com deficiência quebra a cultura da indiferença. Tenha coragem de ser diferente” com alunos da própria instituição e a sociedade. A finalidade é sensibilizar e conscientizar a população sobre “as barreiras da indiferença”.
Indiferença que impede no dia a dia o desenvolvimento de milhares de pessoas como cidadãos. Desde 1966, ano de fundação da Apae de Apucarana por Palmyra Menegazzo, mãe de dois filhos com deficiência (já falecidos), a entidade promove ações que visam à melhoria da qualidade de vida dessa população. A diretora da instituição Isabel Ortega, que há 30 anos se dedica à Educação Especial, avalia que houve avanço na área. “O auge desse crescimento estamos vivendo agora com a conquista da inclusão na área da educação, saúde e no âmbito social”, acredita.
A semana reservada para discutir os problemas e desafios de milhares de portadores de necessidades especiais mudou de nome este ano. Passou de Semana Nacional do Excepcional para Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla. Apesar da repaginação da nomenclatura, velhos problemas continuam, como o preconceito, o abuso sexual e a pedofilia. Outros aparecem com as mudanças sociais, como o tráfico. Portadores de deficiência, considerados inimputáveis perante a lei, ou seja, não respondem por seus atos, viraram alvo de criminosos. Não é raro o caso de aliciamento desses indivíduos por traficantes.
De acordo com a diretora da Apae de Apucarana, Maria Isabel Ortega, em 2010, vinte e cinco estudantes da entidade foram identificados como usuários de entorpecentes. A Apae atende 360 alunos de várias faixas etárias, incluindo adultos. “Temos o Projeto Virando o Jogo que resgata o nosso jovem das drogas”, salienta. Além da dependência química, a instituição tem que lidar com o tráfico. “Os traficantes aliciam os portadores porque sabem que eles não vão ficar presos”, afirma.
Para reverter esse quadro, a instituição realiza inúmeras palestras de orientação sexual e antidrogas. “Trazemos vários profissionais da área da Saúde e conselheiros tutelares e até com a Patrulha escolar para conversar com eles”, diz.
Outro desafio enfrentado diariamente pela Apae é o preconceito. “É o nosso maior entrave. Não diria que diminuiu. O preconceito está sendo dissolvido aos poucos em função do próprio trabalho especializado e a abertura que o governo tem oferecido a essa população”, observa.
Em 2007, o Ministério da Educação apresentou uma série de propostas para a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Com isso houve mudanças e um esforço contínuo para a inclusão dos alunos com necessidades especiais em escolas comuns. Neste cenário educacional, ela observa que, atualmente, a criança com necessidades especiais tem a opção de estudar em estabelecimentos de ensino regulares desde que possa acompanhar o conteúdo aplicado. “As Apaes se diferenciam nesse contexto porque há mais de 50 anos se dedicam à atender esse público. Os portadores de deficiência necessitam de mais tempo para aprender e, ao mesmo tempo, demandam de estrutura especializada, que é o fator facilitador”, pontua.
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