O dia 20 de novembro marca o Dia Nacional de Zumbi da Consciência Negra no Brasil. A data foi oficialmente formalizada em 2023 e foi escolhida, entre outras razões, por ter sido no dia 20 de novembro de 1695 a data da morte de Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares.
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Em torno de 25% da população de Apucarana se autodeclara como negra. Os dados que embasam esse número são do Censo de 2010. De acordo com o presidente em exercício do Movimento Apucaranense da Consciência Negra (Macone), Paulo Pesce, a falta de dados atualizados demonstra o quanto, apesar de tantos avanços, ainda é um grande desafio ter acesso a informações e dados precisos sobre a população negra e, consequentemente, à criação de políticas públicas.
“Ainda estamos aguardando os dados do último censo, mas em 2010 tínhamos uma população em Apucarana que se autodeclarava negra em torno de 25%. Apesar de ser expressivo, acreditamos que o número de negros no município seja ainda maior”, frisa.
Pesce também explica que hoje em dia as pessoas têm mais entendimento sobre o assunto e que muitas pessoas que não se declaravam negras hoje se autodeclaram como negros.
“Existem mais de 155 variações de cores catalogadas que configuram a cor das pessoas negras. A pessoa precisa se autodeclarar negra, pois o Estado não pode determinar essa questão do indivíduo. Apenas o cidadão ou cidadã pode determinar oficialmente a cor da sua pele”, salienta.
PARIDADE
Os desafios, no entanto, vão muito além da imprecisão e falta de atualização dos números.
“Eu tenho uma estimativa aqui em Apucarana, que é o reflexo de todo o Brasil, onde podemos constatar que as pessoas negras chegam a ganhar metade do salário das pessoas brancas para desempenhar exatamente a mesma função em determinados empregos no mercado de trabalho”, ressalta Pesce.
O panorama pode ser ainda pior quando se trata da mulher negra. O duplo preconceito, de gênero e de raça, sofrido pela mulher negra, é visto nas pequenas e nas grandes atitudes.
“A mulher negra sofre ainda mais, pois antes de chegarmos à cor da pele, nossa sociedade patriarcal também coloca a mulher numa posição inferior. Pois é a mulher quem acaba fazendo jornada dupla, trabalhando dentro e fora de casa. Fora as questões preconceituosas e sexistas envolvendo seu corpo e seus traços físicos”, lamenta.
POLÍTICAS PÚBLICAS
O presidente do Macone também afirma que nos últimos anos houve um certo retrocesso no âmbito das políticas públicas voltadas para o combate ao racismo.
“Tivemos um atraso no último quadriênio com relação às políticas governamentais, bem como a falta de dados precisos, sobretudo quanto à violência, pois os negros continuam sendo a maioria das pessoas que perdem a vida em situações de violência em geral”, destaca.
Contudo, o Estado do Paraná é um dos únicos estados do Brasil, sendo o único do Sul, que trata do racismo em seu primeiro escalão, através da Secretaria da Mulher, Igualdade Racial e Pessoa Idosa.
O Governo do Estado lançou uma campanha publicitária para conscientizar as pessoas de forma elucidativa, prática e objetiva, promovendo uma sensibilização pública para que reconheçam e denuciem atos racistas. Com o mote “Paraná Unido contra o Racismo”, os materiais produzidos em parceria entre a Secretaria da Mulher, Igualdade Racial e Pessoa Idosa (Semipi) e a Secretaria de Estado da Comunicação reforçam a importância de as pessoas denunciarem sempre que sofrerem ou presenciarem qualquer ato racista.
As peças da campanha mostram o que racismo é crime, com pena de prisão, de acordo com a legislação brasileira. A veiculação será por meio de banners, cartazes, materiais para redes sociais e um filme.
PALESTRA
A Autarquia Municipal de Educação de Apucarana (AME) realiza uma palestra de formação continuada aos professores e servidores da Educação no Cine Teatro Fênix, às 19h desta segunda-feira (20), com a professora da Universidade Estadual de Londrina, Dra. Adevanir Aparecida Pinheiro, que é uma das maiores referências na região acerca do tema.
Por Louan Brasileiro
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