A Polícia Federal (PF) cumpre nesta terça-feira, 23, mandados de busca e apreensão em endereços ligados a oito empresários bolsonaristas. Os alvos são:
- Afrânio Barreira Filho, do restaurante Coco Bambu;
- Ivan Wrobel, da W3 Engenharia;
- José Isaac Peres, do grupo Multiplan;
- José Koury, dono do shopping Barra World;
- Luciano Hang, da rede de lojas Havan;
- Luiz André Tissot, da Sierra Móveis;
- Marco Aurélio Raymundo, da Mormaii;
- Meyer Joseph Nigri, da Tecnisa.
A operação foi aberta por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal federal (STF). O Estadão apurou que a ordem foi expedida na última sexta-feira, 19, depois que o portal Metrópoles revelou mensagens golpistas em um grupo de WhatsApp dos empresários.
Os mandados estão sendo cumpridos em dez endereços residenciais e profissionais no Rio de Janeiro, Ceará, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e São Paulo.
A coluna do jornalista Guilherme Amado, no Metrópoles, revelou na semana passada como empresários apoiadores de longa data do presidente Jair Bolsonaro (PL) conversaram abertamente sobre um golpe de Estado caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) seja eleito.
O UOL procurou a assessoria de imprensa dos oito empresários citados e aguarda retorno. Veja as respostas já recebidas:
Luciano Hang, dono das redes Havan
O empresário Luciano Hang não aparece nas mensagens reveladas pelo site endossando um golpe de Estado, apesar de integrar o grupo.
Ao ser questionado, Luciano Hang respondeu ao UOL:
Vejo que meu nome vende jornal e gera cliques. Me envolvem em toda polêmica possível, mesmo eu não tendo nada a ver com a história. Em momento nenhum falei sobre os Poderes. Inclusive, quase nunca me manifesto nesse grupo. Sou pela democracia, liberdade, ordem e progresso.
José Koury, Barra World Shopping
À coluna de Guilherme Amado, no site Metrópoles, José Koury, dono do Barra World Shopping, disse inicialmente não apoiar um golpe de Estado, porém, reforçou que "talvez preferiria" uma ruptura democrática ao retorno do PT ao poder.
Vivemos numa democracia e posso manifestar minha opinião com toda liberdade. Não disse que defendo um golpe de Estado, e sim que talvez preferiria isso a uma volta do PT. Para mim, a volta do PT será um retrocesso enorme para a economia do país.José Koury, ao Metrópoles
Morongo, dono da marca Mormaii
Marco Aurélio Raymundo, o Morongo, dono da marca Mormaii, respondeu ao site afirmando que não vai apoiar atos "ilegítimos, ilegais ou violentos".
Sem acesso ao conteúdo ou à matéria que referes, informo que não apoiei, não apoio e não apoiarei qualquer ato ilegítimo, ilegal ou violento, e destaco que uso de figuras de linguagem que não representam a conotação sugerida.Marco Aurélio Raymundo, ao Metrópoles
Meyer Nigri, fundador da Tecnisa
Meyer Nigri, da Tecnisa, comentou que, mesmo tendo "repassado algum WhatsApp" que recebeu, "não significa que eu falei ou concorde".
Já estou deixando claro que não afirmei nada disso. Só repassei um WhatsApp que recebi.Meyer Nigri, ao Metrópoles
O empreiteiro encaminhou uma mensagem em oito de agosto com ataques ao STF (Supremo Tribunal Federal). O texto, que não foi escrito por ele, tinha a chamada de "leitura obrigatória" e iniciava a mensagem com a frase: "O STF será o responsável por uma guerra civil no Brasil".
Afrânio Barreira, do Grupo Coco Bambu
Afrânio Barreira, dono do Grupo Coco Bambu, defensor do presidente Bolsonaro publicamente, comentou a mensagem de Koury sobre preferir uma ruptura do que o retorno do PT com uma figurinha de um homem dando "joinha".
Porém, o empresário afirmou nunca ter se manifestado a favor de condutas não democráticas.
Nunca me manifestei a favor de qualquer conduta que não seja institucional e democrática. Fico surpreso com a alegação de que eu seria um apoiador de qualquer tipo de rompimento com o processo democrático, pois isso não corresponde com o meu pensamento e posicionamento.Afrânio Barreira, ao Metrópoles
José Isaac Peres, dono da administradora de shoppings Multiplan
A assessoria de imprensa do grupo Multiplan explicou que o empresário José Isaac Péres está viajando e a assessoria responderia sobre o caso.
Ele [Peres] esclarece que sempre teve compromisso com a democracia, com a liberdade e com o desenvolvimento do país. Neste momento, ele está tratando de projeto empresarial no Rio Grande do Sul, onde a estimativa é de gerar investimentos de bilhões de reais e milhares de empregos.Assessoria do grupo Multiplan, ao Metrópoles
Segundo a reportagem, o administrador de diversos shoppings no Brasil criticou as pesquisas eleitorais e as classificou como "manipuladas".
"O TSE é uma costela do Supremo, que tem 10 ministros petistas. Bolsonaro ganha nos votos, mas pode perder nas urnas. Até agora, milhões de votos anulados nas últimas eleições correm em segredo de Justiça. Não houve explicação."
Ivan Wrobel, da construtora W3
Por meio de nota, o empresário Ivan Wrobel disse que a informação de que ele defende uma ruptura institucional "trata-se de uma evidente fake news".
"Transmitir fake news a respeito de pessoas que levam uma vida correta, pagam seus impostos e contribuem com a sociedade não parece que seja um caminho que se deva perseguir", afirmou.
André Tissot, do Grupo Sierra
A comunicação do Grupo Sierra, empresa que fabrica móveis de luxo, disse que o empresário André Tissot está viajando e não poderia responder a tempo da publicação da matéria do Metrópoles.
Já os empresários Carlos Molina e Vitor Odisio não responderam ao contato da matéria do Metrópoles.
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