A macroeconomia gira em torno dos processos de ajustes por ciclos, esses ciclos tendem a ser equilibrados, ou carecem de ações para o seu equilíbrio. O novo arcabouço fiscal busca promover ajuste em relação a este equilíbrio, do ponto de vista que traz novamente o Estado para reativar investimentos públicos, que estavam deprimidos nos momentos de crise e de baixo crescimento. O Estado se reflete como o grande pai de todos, e de todos os setores, isso é fortemente recorrente quando se analisam as crises econômicas. Países que conseguem encontrar caminhos para ativar parcerias entre o público e o privado, sem que cada um perca a sua identidade, conseguem em nível macroeconômico construir um alto potencial de crescimento e desenvolvimento, o caso chinês está aí como um grande exemplo.
A China reflete o maior exemplo de parcerias multilaterais. Essa é uma possibilidade que abre portas para o crescimento e o desenvolvimento regional. Outras políticas fiscais e monetárias também podem ser amplamente utilizadas, é o caso nos Estados Unidos em que se utilizam amplamente dos incentivos fiscais, como uma forma de retomar a sua expressão industrial perdida para a China que atualmente ocupa cerca de 34% do mercado industrial mundial. Ocorrem de tal forma que o crescimento e o desenvolvimento macro e micro regional precisam encontrar novas formas de inter-relacionarem-se e de explorar novos potenciais de parcerias. Atualmente, para os níveis macroeconômico e microrregional, intermunicipal e municipal, o grande segredo do processo de crescimento e desenvolvimento regional passa pela arte de unir e trabalhar os atores, cada um em suas respectivas dimensões e esferas. Quando esse entendimento é alcançado, grande parte das barreiras cai por terra e novas ações de implementação são desenhadas, articuladas e postas em práticas com potenciais resultados aflorados.
Os recursos existentes são como uma riqueza em potencial que está sempre olhando para frente, num claro entendimento de que o que gera renda é o gasto, não é porque se tem renda que se gasta, mas é o gasto direcionado para novos investimentos que vão gerar novas receitas fiscais. Essas receitas, em todas as esferas, vão promover o crescimento da renda. Vão permitir que novos aportes de distribuição possam ser desenhados e, para isso, é preciso que os atores estejam inter-relacionados, como numa grande cadeia, seguindo o exemplo de uma grande rede de empresas dentro das quais, as regras de sua cultura empresarial, promovem ciclo a ciclo novos estágios de crescimento, sempre alinhando e melhorando a relação com suas parcerias internas e externas.
Este é o modelo gerador que ativa novos circuitos de renda, seja nas famílias, seja nas empresas. É o fluxo do gasto que impulsiona novas ações de parcerias; que vem após um ciclo e outro; que estimula as empresas, as regiões macroeconômicas, microeconômicas, do município e de diversos municípios vizinhos parceiros que vivem e convivem um ao lado do outro. É sempre um gasto novo que gera novas rendas. Do ponto de vista macroeconômico não é preciso ter renda para gastar, mas é preciso gastar para obter novas rendas e fazer o sistema como um todo, a cada ciclo, ampliar seu volume de gastos e gerar novas rendas. Este é um processo que anda para a frente, com alinhamento perfeito entre os atores seja em que esfera for.
Depois do realinhamento de todos os atores e planejadores que buscam objetivos que se combinam, passam pelo foco da implementação e da intensificação do desenvolvimento da ciência e tecnologia em cada uma das esferas. Para isso é preciso olhar a educação com muito carinho, porque é ela quem vai oferecer o arcabouço e a sustentação para que os aportes tecnológicos utilizados e desenvolvidos possam prosperar e passar por novas fases e etapas de aperfeiçoamento e de geração de novos focos tecnológicos. Sem a valorização da educação e de um olhar de longo prazo, pode-se condenar uma região macro, micro, ou meso econômica - como um país, um estado - à sua estagnação no crescimento e no desenvolvimento, produzindo gerações de caboclos sem a necessária expertise, incapazes de produzir crescimento e desenvolvimento econômico. O outro lado é selecionar setores quanto às possibilidades de expansão, que vão dar vazão lá na frente ao processo de expansão tecnológica - como é o caso do setor energético - à exploração de novas matrizes energéticas em alinhamento com a busca da sustentabilidade e da valorização do meio ambiente.
Para dar vazão a um novo processo de crescimento e desenvolvimento, é preciso destravar o crédito, pois ele aqui aparece como questão crucial, ao mesmo tempo que isso exige a redução da taxa de juros, exigindo, também, o olhar para a redução do processo de rentismo. Mesmo a empresa privatizada, ela se encaixa no processo de rentismo, porque se pega um ativo que já existe e se passa a extrair valor a partir dele, seja para empresas adquiridas, seja para projetos que já estão em andamento. Nesse caso é preciso novos ajustes, encaminhando os recursos e os gastos disponíveis, para novos aportes produtivos em setores, principalmente os selecionados, como os de resposta mais rápida para o processo de crescimento e desenvolvimento econômico, até que todo esse arcabouço possa se espalhar para todos os setores econômicos, reduzindo o nanismo da economia e sua mesmice, recolocando-a numa trajetória de processo de crescimento sustentável, como é o caso das duas maiores economias do mundo. Por um longo período de tempo, busca-se trilhar por esses caminhos que as levaram ao sucesso.
A alta da taxa de juros também pode levar a desvalorização de ativos. Neste caso a política fiscal e monetária passa a ser direcionada com controle de crédito, para que não haja bolhas ao longo do processo. Em última instância, é preciso trabalhar na construção de alinhamento dos atores, verificando-se que estes entendam o crescimento e o desenvolvimento econômico como um processo, semelhante à constituição, maturação e expansão das empresas, para que aqueles que possuem papéis importantes ao longo de determinada corrente, que em cadeia envolvem elos de decisões de determinada rede, possam assumir esse papel ativando a coordenação de toda a sua inter-relação, buscando dar respostas aos objetivos propostos para o crescimento e o desenvolvimento regional, com ganhos para todos os lados e para todos os atores envolvidos.
Texto por Paulo Cruz Correia
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