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    A Importância das Universidades Para o Desenvolvimento Regional

    A Importância das Universidades Para o Desenvolvimento Regional
    Foto por Pixabay
    Escrito por Da Redação
    Publicado em 08.02.2023, 16:47:34 Editado em 08.02.2023, 16:47:32
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     A concentração da pesquisa ocorre em larga medida nos grandes centros - até pelas próprias condições estruturais - amparada pela extensa experiência e antiguidade das universidades localizadas nos grandes centros. Não é que seja ruim a concentração. Grupos do interior, porém, têm dificuldades de realizar coisas que possam mudar a realidade. Não dá para pensar que vai ser possível, com reduzidos recursos, em reduzido espaço de tempo, realizar uma descentralização do processo de pesquisa. Em alguns países desenvolvidos, para a facilitação de acessos a pesquisa se concentra em algumas regiões. É como se todas as EMBRAPAS – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - fossem para Curitiba, Londrina, Maringá ou Cascavel (PR) - o impacto regional - a euforia e a movimentação em torno da pesquisa e do aprendizado seriam frenéticas. No Japão, usou-se o sistema Tecnópolis, em torno de Tókio, onde há uma concentração em forma de corredor e esse sistema envolve recursos na gestação de laboratórios, a mesma concentração regional aconteceu em países como EUA, Alemanha e Inglaterra, com a realização de grandes projetos. Funciona satisfatoriamente, mas no mercado universitário, sem intervenção, ou regulação, a tendência é a de concentração.

    A inovação é o novo produto, ou processo no mercado, e é o mercado que chancela a inovação em suas transações. Tem-se o risco e se busca financiar a pesquisa, é assim que as empresas veem. Professores e alunos tem a oportunidade de receberem bolsas – auxilio financeiro voltado para o custeio de despesas básicas que possam surgir- assim as universidades são parceiras preferenciais e as empresas não precisam montar, uma estrutura particular de pesquisa e desenvolvimento, e as universidades apresentam suas possibilidades de expertise e contribuições. O espaço é o do Sistema Regional de Inovação, onde as empresas são polos e, as universidades, geradoras de conhecimento. É o modo linear onde a universidade cria, recria e repassa. Lembrando, entretanto, que a regulação é nacional, nem sempre se resolvem problemas próximos e, normalmente, o Sistema Nacional de Inovação (SNI) do nível federal dá a resposta.

    Nos anos 90, começa a relação Universidade–Empresas. Em 1994, o CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - cria cinco parques tecnológicos no interior: Santa Maria (RS), São Carlos (SP), Campo Grande (MS), Petrópolis (RJ) e Manaus (AM). Buscou-se promover um destravamento da atividade de interação universidade–empresas. Em 1994, criou-se, também, a associação de apoio as universidades quando a ideia de destravar, seria encontrar uma solução para professores que complementavam seus salários, prestando atendimento às empresas, independente da ligação com a universidade. Outra situação é a utilização - por parte de algumas empresas - dos laboratórios das universidades. Aos poucos, as universidades e as empresas complementando seus conhecimentos, vão promovendo pequenas mudanças, que se vão somando, na dinâmica inovativa. Isso é importante porque é a partir daí que surge a solução dos problemas fundados na técnica e seguindo padrões e paradigmas técnicos. 

    Após 2004, com a lei de inovação, que atualmente já está presente na maioria dos municípios como Apucarana/PR - semelhante à lei francesa - se dá cobertura legal às práticas inovativas e incentiva transferências de conhecimento para a interação empresa-universidades. São incentivadas transferências de tecnologia e inovação e a criação de novos negócios. No Brasil, tem-se uma estrutura universitária, orientada para a geração de pesquisa, ensino e extensão: a pesquisa é a alimentação e a exploração de novos conhecimentos, que também proporciona a geração de novos produtos e, a extensão é a atuação das universidades na orientação para a solução de problemas da comunidade. Em geral as universidades possuem professores qualificados, com expertise e experiência em suas áreas de atuação, que lhes garantem a possibilidade de prestar importantes suportes de apoio e orientação às empresas e aos diversos setores da sociedade.

    Quando a missão do professor se estende por extensas horas, a parte remunerativa ao professor, ou uma remuneração extra, pode vir por meio de uma fundação de apoio, para a criação de novos negócios. Estas são instituições intermediárias que estão no meio do caminho, fazem a tradução entre a linguagem das empresas e da academia, são híbridas nesse sentido. As universidades pequenas, médias ou grandes, quase todas, possuem essas relações. Há os núcleos que estabelecem essas relações universidades-empresas, e se planejam, negociam e geram patentes. Como exemplos, estão as incubadoras, do setor de TIC - Tecnologia de Informação e Comunicação - que atualmente, estão em torno de 387. No Brasil, fizeram-se algumas estimativas do tamanho desse setor. As empresas que saíram graduadas, para atuação no mercado - a média é de 10 a 14 empregados por empresa - cumprem importante papel que é exemplo de empreendedorismo dentro das universidades. Não é só a sala com o nome de incubadora. Ainda assim, entretanto, 20% dos destaques das entrevistas não promoveram inovações significativas e 18% inovam localmente e, de 700 delas, 20% pouco inovam. Tem-se muita produção em ilha, ainda falta integração entre empresas e universidades.

    A relação entre universidade e território pode ser entendida como a correspondência entre oferta e procura no mercado de trabalho local e o Sistema Regional de Governança. A opção de gerar cursos novos nas universidades, em geral, vem de dentro delas em cooperação com a sociedade local. Na geração de novas vagas, deve-se ouvir a sociedade e o setor produtivo, é o caso da UNESPAR – Universidade Estadual do Paraná – com a recente criação do curso de Direito. É difícil, todavia, porque estes quase sempre não possui uma prospecção de suas reais necessidades, porque a medida que os cursos passam a ser implementados, novas necessidades pedagógicas e de infraestrutura podem aparecer, pois a criação de cursos de graduação para a formação de novos agentes tem duração entre quatro e cinco anos. A universidade, por ser plural, é percebida como organização neutra. Daí o importante papel para a universidade regional que representa o projeto e não toma partido, seus interesses são plurais, e a imagem é a da neutralidade da qual se pode ter uma meta visão colaborativa para o desenvolvimento regional.

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    Paulo Cruz

    Paulo Cruz

    Paulo Cruz, doutor em Economia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, professor de Economia da Universidade Estadual do Paraná, campus de Apucarana, escreve sobre temas relacionados a área

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