Existe um país, bem longe do nosso, em que pessoas estão morrendo sem motivo algum. Suas vidas estão sendo jogadas fora. O pior é pensar que somos nós que estamos atacando. O motivo desta guerra é muito confuso para mim, eu não o entendo bem...
Muitos jovens, inclusive até alguns amigos meus, estão sendo intimados a se alistar. Imagina? Perder a juventude, talvez até morrer, em um país desconhecido, longe de casa, por um motivo que nem mesmo meu próprio país sabe me dizer? Para falar a verdade, estou com medo. Muito medo.
É o carteiro lá fora. Cada vez que ele vem eu fico mais preocupado. Minha Mãe está me chamando lá embaixo, disse que chegou uma carta para mim. É do exército...
Não chore, mãe, eu vou voltar... Eu prometo.
O país está em guerra. Cada vez precisa-se de mais recrutas. O Sargento Hartman treina seus comandados em níveis extremos. Do esforço físico à humilhação psicológica. Ele acredita que os fins justificam os meios e que, só desta forma, seus recrutas se tornarão fuzileiros de verdade e estarão prontos para a guerra no Vietnã.
O processo de treinamento destrói o “eu” de cada um. Seu individualismo, sua identidade, é totalmente dizimada. O indivíduo único que havia ali não existe mais. Mas o que fica? O que é construído no lugar? Uma máquina de matar.
Depois de graduado, o Soldado Joker decide se incorporar na equipe de jornalismo dos fuzileiros, para que reporte ao país, direto do Vietnã, o caminhar da guerra. Nesse processo ele percebe que milhares de jovens estão perdendo suas vidas em um confronto sem “propósito”, onde nem eles mesmos sabem o porquê de estarem lutando, o porquê de estarem morrendo.
Dirigido por Stanley Kubrick, que possui em seu currículo 2001: Uma Odisseia no Espaço, Laranja Mecânica e O Iluminado, Nascido para Matar (Full Metal Jacket) é um drama de guerra americano, lançado em 1987, baseado no romance The Short Timers, de Gustav Hasford.
Recebeu uma indicação ao Oscar, por Melhor Roteiro Adaptado. O elenco do filme conta com Matthew Modine, como Soldado Joker, Adam Baldwin, como Animal, Arliss Howard, como Soldado/Sargento Cowboy, Vicent D’Onofrio, como Leonard “Gomer Pyle” Lawrence e R. Lee Ermey, como Sargento Hartman.
O filme nos fala dos bastidores da guerra e dos efeitos psicológicos que ela traz em todo que estão envolvidos. A individualidade dos soldados é destruída para que no lugar uma máquina de matar seja erguida – tema aliás muito frequente nos filmes de Kubrick, a transformação do homem em máquina, a perda de sua humanidade.
Nascido para Matar nos leva para o batalhão, para o campo de guerra e para a vida de cada um dos que estão sofrendo em batalha, tanto americanos quanto vietnamitas, e todas as consequências de uma guerra.
Com um roteiro muito bem adaptado, ótima trilha sonora, boas atuações, fotografia impecável, produção incrível e tantos outros aspectos - já esperados em um trabalho de Kubrick – Nascido para Matar é filme de guerra como poucos, um clássico e obrigatório para todos os amantes do cinema.
Esqueça quem você é. Até o seu nome será esquecido. Tudo para que você não tenha nem passado e faça parte da corporação. Quase como se tivesse, realmente, nascido para matar.