As estatísticas econômicas são ferramentas essenciais para revelar verdades em meio a eventos frequentemente distorcidos pela narrativa de certos agentes políticos. Em muitas ocasiões, a realidade é velada sob discursos suaves que promovem uma ilusão de prosperidade e felicidade. É através das estatísticas que se pode desmascarar tais distorções e apresentar uma perspectiva mais precisa e factual.
Mesmo diante de estatísticas objetivas, ainda existem agentes políticos capazes de distorcer os resultados, continuando a pregar uma realidade inexistente. Quando índices de desenvolvimento são divulgados, indicando que o país, o estado ou o município são excelentes lugares para viver, onde as pessoas são ricas e prósperas, raramente questiona-se se a população concorda com esses resultados. Pouco se pergunta se as pessoas se consideram de boa saúde ou se declaram felizes.
Com frequência, prevalece a narrativa daqueles que têm mais voz, geralmente a elite política da região, independentemente de serem ou não parte da elite econômica. Na maior parte dos casos, a elite política tende a atender aos desejos e anseios da elite econômica. Esta observação não é uma análise de esquerda ou revolucionária; é simplesmente um reflexo do que ocorre em nosso cotidiano.
O IBGE divulgou recentemente novos dados do Sistema de Contas Regionais, que mostram a evolução do Produto Interno Bruto (PIB) dos estados. O PIB representa, de certo modo, a riqueza gerada em cada estado. Geralmente, o maior foco recai sobre os valores absolutos e nominais, pois as análises relativas e suas decomposições podem despertar curiosidade e até espanto na população.
Espera-se que o crescimento do PIB, que reflete o crescimento da economia, beneficie a todos. Com isso, os trabalhadores deveriam receber salários reais mais elevados, os empresários teriam lucros reais maiores, e o setor público poderia arrecadar mais impostos, aplicando-os eficientemente em benefício da coletividade. Em teoria, todos ganhariam. No entanto, a realidade nem sempre corresponde a essas expectativas.
No ano de 2021, o PIB cresceu em todos os estados do país. O crescimento foi em valores nominais, mas houve de fato um crescimento. As questões cruciais são: como e para quem esse crescimento ocorreu? É essencial compreender e debater esses aspectos para que o crescimento possa ser um motor do desenvolvimento. O aumento do PIB é indicado em termos monetários, mas a qualidade de vida é medida pelo acesso da população a bens e serviços. Alguns podem argumentar que mais dinheiro possibilita o acesso a mais bens e serviços, mas isso não é uma certeza. Se os preços subirem muito esse aumento de renda pode não se traduzir em um maior poder de compra.
Ao analisar o índice de volume do valor bruto da produção do Paraná, usando 2010 como referência, constata-se que o volume produzido em 2021 foi inferior ao de 2010. Houve uma recuperação em relação aos anos anteriores, que registraram uma queda substancial de volume, mas ainda assim, o volume permanece menor. Contudo, o valor monetário aumentou ano a ano. Isso representa algo positivo?
Neste mesmo período, os salários pagos aos trabalhadores (que constituem a grande maioria da população) perderam participação relativa no PIB. Em 2010, os salários representavam 31,0% do PIB estadual, e em 2021, essa porcentagem caiu para 30,5%. O que aumentou foram apenas o excedente operacional bruto e o rendimento misto. De maneira geral, isso indica um empobrecimento da população. Esta é a realidade nua e crua.