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    Novo Ensino Médio e o ENEM: será que estamos preparados?

    Novo Ensino Médio e o ENEM: será que estamos preparados?
    Foto por Pixabay- ilustração
    Escrito por Da Redação
    Publicado em 26.05.2023, 10:04:02 Editado em 26.05.2023, 10:03:53
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    A Reforma do Ensino Médio – ou o NEM (Novo Ensino Médio) já foi pauta de meus textos por aqui, mas precisamos voltar a ele, nem que seja para falar mais do mesmo, antes que seja tarde. Em 2024, se nada for alterado, o ENEM seguirá algumas diretrizes do NEM, mas será mesmo que estamos preparados para isso?

    Em 2016, quando o tema veio à tona, ainda que valha ressaltar que sua elaboração/planejamento fora anterior, a toque de caixa, surgiu uma série de propostas que apresentavam aos jovens um novo mundo de possibilidades e escolhas. Um jovem no NEM, poderia escolher entre as disciplinas que mais tem interesse e se relacionariam ao seu futuro curso de graduação. A proposta apresentada em vídeo com jovens dançando e cantando, felizes e cheios de energia, não foi capaz de esconder uma outra realidade: é possível reformar sem reformar?

    Uma reforma em qualquer casa é manter uma estrutura e repaginar sua aparência, não é? De vez em quando uma parede precisa ser derrubada, mas sem esquecer as vigas de sustentação. Acontece que a “estrutura” do Ensino Médio nunca foi das melhores e uma tinta nova não será capaz de esconder a infiltração, quanto mais querer colocar pisos novos em um chão de barro. A proposta do NEM é legal, disso não podemos discutir, mas falta muita coisa para que possamos por em prática a tão sonhada autonomia estudantil, principalmente nos colégios públicos de todo o país. Com a reforma, foram inseridas disciplinas transversais, que podem abordar desde economia do lar, projeto de vida e outras temáticas indispensáveis, mas depois de comer e ter onde sentar, com o mínimo de conforto. Existem escolas sem estrutura física básica, deterioradas pelo tempo e pelo descaso. Novo Ensino Médio no prédio velho, com professores cada vez mais desmotivados, ameaças de violência, falta de merenda e material... é o mesmo que... bem, acho que nem precisa de exemplo, só não faz sentido. 

    Para as escolas públicas, a falta de estrutura não permitiu a instalação de todas as disciplinas “novas”, muitas vezes dadas por pessoas de “notório saber”, o que significa ser amigo do diretor em muitos casos. Em muitas escolas, das 5 aulas de matemática do terceiro ano do Ensino Médio, agora restam apenas 2. Nem vamos falar das disciplinas que sumiram em meio ao novo, afinal, para que sociologia se podemos empreender, pois como diz o Primo Rico: “se ganha R$1.700,00 pode investir no mínimo R$270,00 depois de pagar todas as contas”. Segundo ele, R$300,00 é mais que suficiente para fazer o mercado, se quiser se tornar milionário antes dos 30. 

    Desconheço qualquer pessoa que não queira enriquecer, ou pelo menos melhorar suas condições financeiras, mas se a solução para juntar dinheiro for passar fome, acho que a escolha é bem fácil. O desencanto político e as conjunturas econômicas nos levaram a um processo de sobrecarga dos trabalhadores, transformados em empreendedores quando abrem um CNPJ e sem direitos trabalhistas enriquecem os conglomerados sem rosto, fantasiados de oportunidades. 

    Que antes da maior ruptura de acesso às universidades acontecer, algo precisa ser mudado, é fato. Os alunos e alunas de colégios públicos de todo o país, se antes sofriam para conseguirem uma vaga nas universidades públicas do país, a competição se torna ainda mais desleal em um modelo que no papel aceita todas as ideias, mas na prática direciona mais mão-de-obra para um mercado que não quer ver pobres ocupando as salas de aula das surradas universidades públicas, que mesmo criticadas, são ainda o melhor caminho para a maioria dos que querem mudar de vida. O resto é projeto de vida. 

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    Guilherme Bomba

    Guilherme Bomba

    Guilherme Alves Bomba é doutorando em História Política pela Universidade Estadual de Maringá (UEM). Graduado em História pela Universidade Estadual de Londrina, especialista em História Social pela UEL, além de Especialista em Religiões e Religiosidades pela UEL, bem como Mestre em História Social pela UEL.

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