Crescer é solitário, mas necessário

Da Redação ·
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Me peguei esses dias pensando em quantos amigos eu perdi ao longo do tempo, muitos eu quase não lembrava o nome, outros talvez tenha esquecido da própria existência. Não pense, caro leitor e leitora, que se trata de um ato egoísta de minha parte, mas uma evidência, pois, de toda forma, eu também fui esquecido. Esse vislumbre veio até mim ao observar minha filha mais velha, que aos oito anos, está se dando conta que nem todas as amizades vão durar para sempre.

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Ela cresceu, fisicamente mais do que os outros, mas ainda é um bebê, que não entende todas as regras de convívio social que nós adultos digerimos a duras penas. Sua imaturidade emocional – aliada ao TDAH – faz com que seja presa fácil dos que se acham super maduros, aos 9 anos de idade. E sim, ela é adiantada. Mas, de nenhuma forma estou culpando os coleguinhas, muito menos dizendo que é responsabilidade dela, é simplesmente um fato implacável ao ato de crescer. Crescer dói e é um caminho solitário. Só quando aprendemos a ser sozinhos que podemos nos juntar a outros verdadeiramente. Quisera eu que alguém tivesse me dito isso antes.

Sempre mascarei meus medos e vergonhas atrás de um personagem extremamente engraçado – ao menos tentava ser -, e essa “imagem” atraia dezenas de pessoas que se sentiam melhor ao meu lado. Sabe o que é mais difícil nisso tudo? É que cansa. Cansa tentar ser legal o tempo inteiro, cansa sorrir sem vontade, cansa tentar ser quem as pessoas esperam. Agradar nem sempre é agradável. No primeiro momento que você se dá por vencido e começa a ser você mesmo, as pessoas dizem que você mudou, que não é mais o mesmo. Na realidade, pela primeira vez que fui eu mesmo, até eu me estranhei.

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Eu sei que, dependendo da entonação que minha “voz” tenha em sua cabeça, esse texto pode parecer triste, mas não era para ser assim. Talvez você, caro leitor e leitora, esteja sentindo que esse texto foi escrito por você mesmo, pois tal situação é mais comum do que parece. Fique à vontade, o texto é todo seu, sempre foi. Mas se você acha que não faz qualquer sentido, reflita sobre as pessoas que mudaram com você ao longo de sua vida, pois nem sempre o “problema” é você, talvez fosse ela que precisava mudar.

Que bom seria que todos pudessem conhecer verdadeiramente os demais, mas a vida, normalmente, nos dá pequenos flashs de uma estrutura gigantesca que não podemos decifrar. Os amigos que ficaram – e posso contar nos dedos – são aqueles que se permitiram ser frágeis a tal ponto de se tornaram vulneráveis, apresentados erros e fraquezas. Quando se conhece as fraquezas de alguém, aprendemos a lidar com tudo o que possa ocorrer, mas normalmente somos surpreendidos pelo contrário. Os meus verdadeiros amigos vibram quando conto as minhas vitórias, que para eles não é um ato de soberba, mas de compartilhar alegria. Não existe inveja entre nós, existe apoio e comemoração, cada coisa em seu tempo. Ainda que a piada venha pronta na queda, ela vem acompanhada do ombro tão necessário.

Aos meus muitos colegas, obrigado pela audiência da minha vida, retribuindo vibrando por vocês. Aos meus amigos só posso dizer obrigado por fazer parte dela. E você caro leitor e leitora inominados, são parte integrante do que sou neste instante, pois escrevo para mim e para que você leia, logo aqui somos um, agradeço a existência. Que você tenha sorte de ter pelo menos um amigo, mas que seja você mesmo o tempo todo, pois é você que deve estar bem. Não engane e não se deixe enganar.

Do seu amigo, Professor Bomba. 

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