Apucarana: história que nos une, nos inspira e nos conecta ao futuro

Da Redação ·
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Outro dia, enquanto andava de carro pelas ruas de Apucarana com meus filhos, fui tomado por uma sensação de pertencimento que só quem conhece e ama essa cidade pode entender. Estamos prestes a comemorar os 81 anos de Apucarana, e isso me fez refletir sobre o quanto a história da nossa cidade é parte de quem somos. Cada rua, cada praça, cada prédio antigo conta uma história que, quando reunida, forma o coração pulsante de nossa identidade coletiva. Para mim, como historiador e como pai, isso é algo que transcende o papel: é uma paixão.

Passei mais de 15 anos da minha vida estudando a história de Apucarana. Escrevi livros, publiquei artigos acadêmicos, elaborei uma dissertação de mestrado e uma tese de doutorado que, de alguma forma, sempre voltaram os olhos para essa cidade que tanto amo. Gravei vídeos para o Museu de Apucarana, criando registros que conectam as pessoas ao passado, e também produzi os "drops" de internet, pequenos conteúdos audiovisuais que tornam a história acessível e interessante para o público em geral. Cada um desses projetos me ensinou algo valioso sobre Apucarana e sobre nós, os apucaranenses: somos resilientes, criativos e profundamente ligados às nossas raízes.

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A memória de uma cidade não se encontra apenas nos livros de história ou nos documentos antigos. Ela vive, sobretudo, nas pessoas que a constroem todos os dias e naquelas que a construíram antes de nós. Tenho um respeito imenso pelos mais velhos, que guardam em suas lembranças detalhes de uma Apucarana que muitos de nós nunca conheceremos. É nas suas histórias que encontramos a alma da cidade – a época das ruas de terra, das primeiras festas na Praça Rui Barbosa, das batalhas pelo desenvolvimento e das pequenas alegrias cotidianas que hoje podem parecer simples, mas que moldaram o espírito da nossa gente. Entrevistar pessoas que viveram essas histórias me ajudou a montar os materiais, mas sentir em cada respirada profunda o peso de um passado de lutas e muitas conquistas.

Sempre que ouço essas histórias, sinto que estou tocando algo sagrado. Um senhor que entrevistei para o Museu de Apucarana certa vez me contou como era ver a cidade crescendo a cada dia. Ele falou sobre a chegada do trem, sobre as dificuldades enfrentadas nas primeiras décadas e sobre o orgulho de ver Apucarana se transformar. Seu nome é Eloyr Milano, que já tive o prazer de escrever aqui outras vezes, de registrar para o museu e de ser chamado de Irmão. Histórias como essa nos ensinam a valorizar o que temos hoje e nos inspiram a cuidar do futuro.

O Museu de Apucarana, aliás, é uma verdadeira joia para quem quer entender essa cidade. Não é apenas um espaço físico onde objetos antigos estão guardados; é um portal para o nosso passado, um lugar onde memórias se encontram e ganham vida. Cada peça em seu acervo, cada fotografia e cada documento carrega uma narrativa que nos conecta uns aos outros. Quando gravei os vídeos para o museu, sentia a responsabilidade de fazer justiça a essas histórias, de transmitir não apenas os fatos, mas o sentimento de quem viveu cada momento. Ainda há muito o que se fazer naquele espaço, muito para se construir, mas para além disso, torná-lo um lugar receptivo e atrativo para todas as gerações.

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Mas a história de Apucarana não está apenas no museu. Ela está viva nas ruas e nos prédios que compõem o cenário da cidade. Os imóveis antigos, muitas vezes subestimados, são testemunhas silenciosas de um tempo em que Apucarana ainda estava desbravando seu futuro. Cada esquina, cada fachada desgastada pelo tempo, carrega histórias de famílias, de comércios e de acontecimentos que, juntos, formam a nossa identidade. Quando preservamos esses prédios e valorizamos os nomes das ruas que homenageiam personagens da nossa história, estamos dizendo que respeitamos o caminho que nos trouxe até aqui e que queremos que esse legado continue vivo. Infelizmente a modernização de nossa cidade carrega consigo o apagamento de seus traços juvenis, por isso é muito importante que consigamos definir o “lugar” desse passado, para que as memórias de seus muros e calçadas não morram com os mais velhos.

Como historiador, aprendi que o passado não é algo distante ou irrelevante. Ele é a base de tudo. Não podemos construir um futuro sólido sem entender de onde viemos. E isso vale não só para a cidade, mas para cada um de nós como indivíduos. Conhecer a história de Apucarana é entender nossas raízes, aprender com nossos erros e celebrar nossas conquistas. É, acima de tudo, reconhecer que somos parte de algo maior.

Quando penso na minha jornada com a história de Apucarana, vejo o quanto ela me transformou. Ser marido da Thays Diniz, que me trouxe para cá ainda na adolescência fazendo daqui o meu lar, ser pai de Anna Beatriz, João Vicente e Nina Giovanna me faz pensar constantemente sobre o que quero deixar para eles. Quero que cresçam com orgulho da cidade onde vivem, que conheçam suas ruas, que saibam que cada prédio antigo tem um significado e que entendam que Apucarana é mais do que um lugar: é uma comunidade, um lar, uma história viva.

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Estamos prestes a celebrar os 81 anos de Apucarana. Essa é uma oportunidade não apenas para comemorar, mas também para refletir sobre o que queremos para o futuro da nossa cidade. Que possamos valorizar o passado, reconhecer a importância do presente e trabalhar juntos para construir um futuro ainda mais próspero.

Apucarana me ensinou que não há história sem pessoas, e que cada um de nós tem um papel a desempenhar nesse grande mosaico. Por isso, convido você a olhar para a cidade com novos olhos: visite o museu, ouça as histórias dos mais velhos, preste atenção nas ruas e nos detalhes que muitas vezes passam despercebidos. A história está por toda parte, esperando para ser descoberta.

Que este aniversário de 81 anos seja o início de um novo capítulo para Apucarana – um capítulo onde todos nós reconhecemos a força de nossas raízes e trabalhamos juntos para fazer desta cidade um lugar ainda melhor para viver. Afinal, Apucarana não é apenas onde estamos; é parte de quem somos.