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Família mantém vivo legado da nadadora Dailza Damas

Atleta, que viveu em Apucarana, ganhou o mundo fazendo grandes travessias em mar aberto; veja

Da Redação

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Dailza Damos, um ícone do esporte de Apucarana
Icone Camera Foto por Reprodução
Dailza Damos, um ícone do esporte de Apucarana
Escrito por Da Redação
Publicado em 30.01.2025, 15:42:07 Editado em 31.01.2025, 13:18:52
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“A pessoa que deixa de sonhar, morre. Devemos sonhar sempre”. Esse era o slogan da nadadora de grandes travessias Dailza Damas Ribeiro, que morou em Apucarana e entrou para a história ao realizar feitos como a travessia dos 59 quilômetros do Canal da Mancha, entre a Inglaterra e a França, em 19 horas e 16 minutos no ano de 1992. Veja matéria em vídeo abaixo

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A atleta, que morreu aos 50 anos de idade em 2008, viria a repetir o feito três anos mais tarde, em 1995, com o tempo de 10 horas e 48 minutos. Ela também ficou famosa pelas travessias do estreito de Gibraltar, entre África e Europa; do lago Titicaca, na Bolívia; do canal de Catalina, na Califórnia; e uma volta em torno do arquipélago de Fernando de Noronha.

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Mais de 15 anos depois da morte da apucaranense, a família da nadadora mantém o legado de Dailza Damas vivo.

Nascida em Califórnia no dia 6 de dezembro de 1967, ela teve mais 12 irmãos. Sua mãe era lavadeira e seu pai carroceiro. Os 12 irmãos de Dailza continuam vivos. Duas irmãs moram em Apucarana, enquanto os demais vivem pelo Paraná e Brasil afora.



						
							Família mantém vivo legado da nadadora Dailza Damas
Foto por Louan Brasileiro
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O irmão Antônio Damas Ribeiro e as irmãs Floriza Damas Antônio, a Flora, Conceição Aparecida, a Pixidinha, e Catarina Ribeiro Lenartovkz conversaram com a nossa reportagem.

Segundo a família, os pais e os irmãos sempre apoiaram os feitos da nadadora. Segundo o irmão Antônio Damas, muito antes de iniciar a carreira na natação, Dailza sempre demonstrou uma personalidade forte e de alma livre.

“A Dai sempre foi muito à frente do seu tempo. Uma pessoa única, que sempre demonstrou querer ganhar o mundo”, conta. Quando ainda muito nova, a futura nadadora tinha o hábito de “espiar” a piscina do Clube 28 de Janeiro.

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“Ela subia em uma árvore e ficava lá olhando. Nossa família não tinha condições de pagar para usar a piscina, mas ela fazia questão de ficar lá observando os banhistas”, lembra a irmã Catarina. A família veio para Apucarana quando a nadadora tinha um ano de idade.

“Um dia, ela caiu da árvore e parou dentro do clube. O guarda a fez sair na hora, mas foi um momento divertido para ela”, conta.

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Na adolescência, Dailza trabalhou em uma fábrica de tecidos em Apucarana junto da irmã Floriza Damas Antônio, a Flora. Quando Dailza tinha 14 anos, a perda de uma amiga que trabalhava com elas mudaria a vida da então futura nadadora.

“Nós trabalhávamos em uma empresa que se chamava Matarazzo e uma amiga nossa, que se chamava Fátima, morreu vítima de um atropelamento. Esse fato mudou a vida dela”, conta a irmã Flora.

A família acredita que a morte da jovem Fátima foi um dos marcos que viria mudar o rumo da vida de Dailza.

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“Ela ficou muito abalada com essa perda. Não conseguia aceitar que uma amiga partisse assim, de forma prematura. Às vezes a Dailza sumia e a encontrávamos no cemitério, visitando o túmulo da Fátima”, lembra o irmão Antônio.

Alguns anos depois, aos 17 anos, ela decidiu ir para a capital Curitiba tentar a vida. E assim o fez.

“Depois de perder a amiga, ela ficou muito inquieta. Até que um dia chegou para a nossa família e disse que iria embora para Curitiba tentar a vida por lá. E ela foi, sozinha, com pouco dinheiro e muita coragem”, detalha o irmão.

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Dailza passou muitas dificuldades em Curitiba, onde teve o filho Marlo, que nasceu com problemas respiratórios. Foi por conta disso que, quando o menino tinha seis anos de idade, ela o matriculou em uma escola de natação.

Dailza decidiu começar a nadar também. E seu talento foi percebido rapidamente pelo professor.

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“O professor começou a incentivá-la a nadar, percebeu que ela tinha muita resistência, foi aí que ela descobriu o nado a longa distância e começou sua jornada pelo mundo”, conta Damas.

Para bancar os primeiros desafios, a família se unia para levantar a verba, através de rifas e promoções, além de buscar apoio no comércio e empresas locais.

Ela começou atravessando a Baía de Guaratuba, depois contornou toda a extensão da Ilha do Mel. Após isso, foram inúmeras travessias memoráveis, incluindo o contorno do arquipélago de Fernando de Noronha.

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“Um momento importante foi quando ela atravessou o Lago Titicaca, na Bolívia. O lago mais alto do mundo, onde também é muito frio. Ela foi lá e deu conta”, lembra a irmã.

No currículo de Dailza Damas ainda tem as travessias do Canal da Mancha, que liga a Inglaterra à França, o Estreito de Gibraltar, que liga os continentes europeu e africano, a Travessia das Cataratas, a travessia do Canal de Catalina, na Califórnia, e mais de 30 grandes travessias registradas e documentadas.

“Ela tinha um fascínio muito grande pelo mundo e pelo infinito. E conseguiu realizar o sonho de ir além de onde a linha do trem pode levar”, lembra o irmão.

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Dailza morreu aos 50 anos de idade, em Bombinhas (SC), no dia 6 de novembro de 2008, após sofrer uma parada cardíaca. Ela havia retirado um tumor no cérebro e a família conta que uma falha no procedimento cirúrgico pode ter causado a morte dela.

“Um mês antes de morrer, a Dailza passou por uma cirurgia que acabou deixando sequelas, vindo a falecer após passar mal em casa e não resistir”, conta Catarina.

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Ela foi velada na Câmara Municipal de Apucarana, onde um grande público compareceu para se despedir da cidadã ilustre. Dailza foi cremada em Curitiba.

O legado de Dailza permanece na memória do esporte nacional. Na internet, são diversos artigos, depoimentos e imagens que lembram da nadadora.

A família possui um vasto acervo com fotografias, jornais e revistas que relatam toda a trajetória de Dailza Damas. Eles também têm um acervo de camisetas da atleta.

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“Ela vendia essas camisetas cada vez que passava por um desafio. Era uma forma de conseguir recursos e renda, além dos patrocínios que chegou a receber desde empresas locais, como a Caramuru Alimentos, até grandes como o Boticário”, detalha Flora.

A piscina olímpica instalada no Complexo Esportivo Lagoão leva o nome da nadadora, eternizando seu nome no esporte local.

Em Bombinhas, no litoral de Santa Catarina, uma prova de natação leva o nome da apucaranense. O Revezamento de Natação Dailza Damas acontece anualmente no segundo semestre e conta com a participação de mais de 200 atletas que nadam no mar e mobilizam um grande público. A prova já teve seis edições e já foi anunciada a sétima para 2025.

Dailza Damas foi uma mulher que inspirou e ainda inspira as pessoas através das gerações. Seu filho Marlo mora em Curitiba. Já o legado da nadadora segue vivo por todo o planeta.

Principais travessias de Dailza Damas

  • Canal da Mancha (1992) – travessia de 59 km, em 19h16, entre Inglaterra e França
  • Estreito de Gibraltar (1995) - travessia de 25 km, em 7h e 35, entre Espanha e Marrocos
  • Canal da Catalina (1993) travessia da ilha da Catalina de 37 km, em 14h, na Califórnia, nos Estados Unidos
  • Contorno da Ilha de Manhattan (1995) 48 km, em 8h30, em Nova York (EUA)
  • Canal da Mancha (1995) 2ª travessia de 42 km, em 10h48, entre Inglaterra e França
  • Mar da Galiléia (1996) travessia de 25 km, em 8h24, em Israel.Tornou-se primeira pessoa a cumprir a prova
  • Rio Iguaçu (1998) nadou 38 km (10 dos quais acima das cataratas), em 7h30
  • Lago de Titicaca (2001) travessia de 25 km, em 8h36, na Bolívia.Primeira pessoa a concluir a prova no lago gelado
  • Mar Báltico (2002) travessia de 25 km, em 7h15, entre a Dinamarca e Suécia. Foi a primeira mulher a concluir a prova
  • No Brasil contornou as ilhas de Fernando de Noronha (Pernambuco), do Mel (Paraná), Atol das Rocas (Pernambuco), de Abrolhios (Bahia), Trindade (Pernambuco), e Florianópolis (Santa Catarina)

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