A pecuária registrou queda de 13,4% no número de rebanhos em 2021 na comparação com o ano anterior na região. Nos 26 municípios do Vale do Ivaí mais Arapongas, a quantidade de bovinos, bubalinos, equinos, suínos, caprinos, ovinos, galináceos e codornas caiu de 21 milhões de cabeças para 18,2 milhões, segundo dados da Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada nesta quinta-feira (22). Os dados, segundo especialistas da área, são reflexo da substituição das pastagens por lavouras de soja, devido ao aumento da cotação da oleaginosa no mercado, e também pela metodologia empregada pelo IBGE.
O rebanho de galináceas, que inclui frangos de corte, galinhas, perus, entre outros, sofreu uma queda de 13,7% na região, passando de 20,1 milhões de unidades em 2020 para 17,4 milhões no ano passado. Já o rebanho de bovinos caiu de 398.136 cabeças para 358.121, uma redução de 10%. As quedas também foram registradas entre os bubalinos (-15%); equinos (-6,8%); suínos (-0,5%); caprinos (-12,4%) e codornas (-2%).
Dos 27 municípios analisados pela reportagem, 18 registraram redução nos rebanhos, enquanto nove aumentaram o número de animais (veja no gráfico abaixo). A maior queda foi verificada em Califórnia, na ordem de 71%, puxada principalmente pela redução de galináceos (frango de corte), segundo o IBGE. A maior alta ocorreu em Faxinal (81,3%), em contrapartida, pelo aumento da produção de galináceos (frango de corte).
O economista Paulo Sérgio Franzini, do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (Seab), de Apucarana, alerta para a metodologia empregada na pesquisa pelo IBGE, que leva em conta os rebanhos estáticos. “Pode acontecer de em 31 de dezembro de 2021 a produção de frango de corte de determinado município, por exemplo, já ter sido repassada para abate e, portanto, não aparecer no levantamento”, afirma.
Segundo ele, ao contrário, a Seab leva em conta o rebanho abatido no levantamento. No caso de Califórnia, por exemplo, o Valor Bruto de Produção (VBP) não mostra essa queda na produção. Em 2021, o município registrou abate de 3,4 milhões de unidades contra 3,5 milhões em 2020. “Houve uma queda, mas bem menor”, pontua.
No entanto, Franzini confirma o menor investimento em bovinos na região. “Houve uma redução nas pastagens por conta da valorização da soja. Por isso, houve uma queda importante no rebanho bovino, realmente”, assinala o economista. Segundo ele, a rentabilidade da soja fez com que muitos pecuaristas investissem na oleaginosa mirando maior margem de lucros.