O número de moradores da região que se autodeclaram pretos e pardos cresceu 24% nos últimos 12 anos. Dados do Censo 2022 divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre a população residente, por cor ou raça, mostram que 160,9 mil pessoas se consideram pretas e pardas nos 26 municípios do Vale do Ivaí mais Arapongas. No levantamento de 2010, o número chegava a 129,8 mil habitantes. Pelos números atualizados, esse grupo representa 35% do total da população regional.
-LEIA MAIS: Expectativa de vida ao nascer no Brasil fica em 75,5 anos
Bom Sucesso é o município da região onde a quantidade de pessoas pretas e pardas corresponde a 52,57% dos moradores. São 2.961 pessoas que se autodeclaram pardas e 499 pretas, enquanto as brancas correspondem a 47,23%, amarelas 0,12% e indígenas 0,08%. Nos últimos 12 anos, o número de pretos e pardos cresceu 4,3%.
Em números absolutos, Apucarana é o município com maior quantidade de pessoas que se consideram pretas e pardas: 49,1 mil. São 42.402 (32,5%) pessoas pardas e 6.712 pretas (5,16%). O IBGE, entretanto, aponta que a branca é a cor ou raça predominante no município com 79.366 (60,99%) declarações.
Município vizinho, Arapongas, tem 38.041 moradores que se autodeclaram pretos e pardos. São 33.304 (27,9%) pardos e 4.737 (3,98%) pretos. A maior parte, 79.415 (66,6%) se considera branca, enquanto 1.613 (1,35%) se considera amarela e 66 (0,06%) indígena.
O presidente do Movimento Apucaranense da Consciência Negra (Macone), Carlos Alberto Figueiredo, considera o aumento de pessoas que se autodeclaram pretas ou pardas muito significativo e importante para o trabalho do movimento, pois representa uma maior conscientização racial na região. Figueiredo espera que o Censo 2002 sirva para empoderar a população negra na luta contra o preconceito e a discriminação racial e que a consciência racial traga um sentimento de pertencimento e valorização cultural.
“Isso é importante para a negritude em geral, pois mostra que existe realmente uma valorização da nossa cultura, um legado do nosso povo preto no país, em especial no nosso Paraná. Sabemos que no Sul o povo negro sofre muito preconceito. E essa pesquisa do IBGE vai despertando nas pessoas o interesse de fazer parte de uma cultura e dá um sentimento de pertencimento. Espero que com essa pesquisa diminua essa mancha do racismo que, infelizmente, acontece em muitos estados com nosso povo negro, povos indígenas, ciganos, entre outros”, ressalta.
REGIÕES
Os pardos são a maioria da população do Nordeste (59,6%), do Norte (67,2%) e do Centro-Oeste (52,4%). Já os brancos são a maioria na região Sul (72,6%), e quase a metade da população do Sudeste (49,9%). As regiões com maiores concentrações de população preta são o Nordeste com 13% e o Sudeste, com 10,6%.
Já os amarelos têm maior concentração no Sudeste (0,7%) e Sul e Centro-Oeste, com 0,4%, mesmo peso relativo nacional. Em relação aos municípios os pardos são o maior grupo em mais da metade das cidades do país – 3.248 das 5.570 cidades. Os brancos, em 2.284.
Em apenas 33 cidades brasileiras os indígenas são a cor ou raça predominante e a preta, em 9. Os amarelos não são maioria em nenhuma cidade brasileira.