Dados do portal da Transparência do Registro Civil mostram que em maio deste ano foram 302 mortes contra 277 nascimentos, nos dois maiores municípios da região. O número de óbitos ultrapassou o de nascimentos pela primeira vez na história recente de Apucarana e Arapongas.
Arapongas registrou 148 óbitos e 133 nascimentos pelo segundo mês consecutivo, já que em abril o município teve 145 e 131 respectivamente.
Em Apucarana foram 154 de óbitos e 144 nascimentos no mês passado, quando o município registrou recorde de vítimas de coronavírus. Em abril o município registrou mais nascimentos (144), porém teve uma pequena diferença em comparação com as mortes (132). Em maio,
Professor de geografia Reginaldo Cavalcante Agostini, de Apucarana, afirma que a pandemia interferiu nos dados, mais especificamente na redução no número de nascimentos, porque muitas mulheres optaram por não engravidar no período. “A pandemia começou em março do ano passado e já temos o resultado das mulheres que adiaram os planos ou acabaram engravidando no fim do ano passado”, observa.
Na opinião de Agostini, o número de mortes registrado nos dois municípios não influenciou tanto no resultado, porque segundo ele, percentualmente a taxa não é tão relevante no contexto geral da população. “De certa forma, houve uma substituição dos tipos de morte durante a pandemia. Muitas pessoas que passaram a trabalhar em casa, deixaram de dirigir com mais frequência, então ocorreram menos acidentes no trânsito e menos exposição a determinados tipos de serviço”, analisa.
O especialista também destaca que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) já previa o cruzamento dessas duas linhas - mortes e nascimentos - daqui a duas décadas, entre 2040 e 2050. Mas a pandemia de Covid-19 poderá adiantar esse fenômeno. “Cada ano que passa vai diminuir um pouco o crescimento populacional até zerar”, comenta.
De acordo com o professor Reginaldo Agostini, a região tem uma taxa de natalidade menor do que a média brasileira, por influência de fatores como número de mulheres no mercado de trabalho e também pelo custo elevado para criar filhos. Por estes e outros fatores, a tendência é que no futuro a taxa de mortalidade seja maior que a de natalidade.
“Nossa região tem essa característica e essa tendência com certeza vai continuar. Em 1960 a quantidade de filhos por mulher era de 6,3. No Censo de 2010, caiu para 1,9. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra Domiciliar a taxa de fecundidade é 1,7 filhos por mulher. As próximas gerações farão essa taxa cair para 1,5 porque muitas mulheres estão optando por não ter filhos e como a qualidade de vida está melhor, temos um grande número de idosos. Então a tendência é que no futuro a taxa de mortalidade seja maior que a de natalidade. É um padrão para o futuro, mas não tão breve”, explica.