Em pouco mais de dois anos, acidentes de trânsito vitimaram 227 moradores da região. Os dados são do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), e se referem aos municípios de residência das vítimas e não aos locais onde os acidentes aconteceram, e foram tabulados pela 16ª Regional de Saúde de Apucarana. Entre 2021 e 2022, o número de mortes aumentou quase 30%. Foram 110 óbitos no ano passado nos 17 municípios da área de abrangência do órgão, enquanto em 2021 ocorreram 85.
Neste ano, 32 moradores da região morreram em decorrência de acidentes registrados no primeiro quadrimestre. Do total 19 óbitos foram em via pública, 11 em hospitais e os demais em outros locais não especificados. Apucarana, sede da regional, e Arapongas são os municípios com maior número de vítimas.
“Municípios maiores têm números índices maiores de óbito tendo em vista a população e a frota de veículos no trânsito que cresce a cada ano”, analisa o chefe da 16ª RS, Marcos Costa.
Costa aposta na utilização desses dados para criar estratégias de segurança e medidas de preventivas que podem resultar em ações promovidas na campanha Maio Amarelo, deflagrada em nível estadual no início do mês. “Temos que trabalhar com esses dados para ter noção estratégica e desenvolver medidas de prevenção, identificar onde ocorrem os acidentes e quais são os motivos. Não é só questão de saúde, também envolve educação social”, destaca.
Além afetar a vida de muitas pessoas, o acidente de trânsito gera custos ao sistema de saúde. Costa cita consequências como ocupação de leitos hospitalares, atendimento médico, realização de cirurgias, utilização de leitos de UTI, atendimentos ambulatoriais de feridos, além de afetar a saúde mental dos próprios pacientes e familiares que podem necessitar de auxílio psicológico.
“É preciso que os motoristas tenham mais precaução no trânsito. Temos um grande número de veículos que fazem parte do dia a dia, até mesmo os pedestres devem respeitar a sinalização para evitar atropelamentos”, alerta.
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Ações de conscientização em Apucarana
O número de mortes de apucaranenses no trânsito teve aumento de 6%. Foram 35 óbitos registrados em 2022 contra 33 do ano anterior. Neste ano o município já soma 10 mortes. O secretário de Trânsito, Transporte e Inovação de Apucarana, Carlos Mendes, ressalta que o levantamento da regional traz óbitos de moradores que sofreram acidentes em outras localidades. “Muitas pessoas viajam e se envolvem em acidentes em outras cidades, ou até em outros estados. Mas além da imprudência, isso também é fruto da falta de manutenção nas rodovias”, observa.
Mesmo que nem todos os acidentes tenham ocorrido em Apucarana, Mendes considera um índice alarmante que reforça ainda mais a importância e a necessidade das ações de conscientização desenvolvidas durante a campanha Maio Amarelo.
Em Apucarana, segundo Mendes, as ações começam a partir da próxima semana com entrega de panfletos, colocação de banners na área central e divulgação de orientações de trânsito nas redes sociais.
“Temos que salvar vidas no trânsito. Sempre fazer direção defensiva, ter empatia, atenção e respeitar a sinalização. Acho que após a pandemia as pessoas ficaram fora do centro, estão descontroladas, dirigindo mais rápido. É preciso ter consciência de que existe uma pessoa no outro carro, um pai de família, um filho. Não é porque o outro cometeu uma infração que você vai tentar corrigir. Tem que ter calma tranquilidade e paz no coração no trânsito”, orienta.
Paraná registrou 2,5 mil mortes no trânsito ano passado
A Secretaria estadual da Saude (Sesa), por meio do seu Programa Vida no Trânsito (PVT), é parceira e apoia o movimento internacional Maio Amarelo, que visa reduzir o número de acidentes e óbitos e conscientizar a população sobre a prevenção e cuidados no trânsito. No Brasil, a iniciativa é realizada em campanha nacional há dez anos e nesta edição tem como tema central “No trânsito, escolha a vida”.
No Paraná, o custo total apenas das internações hospitalares por lesões decorrentes de acidentes de trânsito foi de aproximadamente R$ 16 milhões em 2019. Já em 2022 passou para cerca de R$ 18 milhões. Os dados preliminares são do Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS).
No Paraná, de acordo com o Sistema de Informações de Mortalidade (SIM/Datasus/MS), em 2022 foram registradas 2.508 mortes em decorrência de acidentes de trânsito. Destes, 33,5% eram ocupantes de automóvel; 28,63%, motociclistas; 17,26%, ciclistas; e 5,38% pedestres. A maioria das vítimas era homem (82%) e tinha entre 20 e 59 anos (71,6%).
Por Cindy Santos